Quem não tem ou pelo menos já teve um aparelho de TV? Patenteado por um russo em 1923, essa máquina intrigante só passou a ter um canal brasileiro em 1950, fundado pelo jornalista Assis Chateaubriand, a TV Tupi.
Mas muito diferentemente da época do Chateaubriand, em que uma televisão custava lá pelos sete mil dólares e quase ninguém podia comprar, hoje em dia ela está presente em 97,2% das residências do país (dados de 2013).
E com exceção daqueles que resgatam e utilizam objetos vintage por gosto, viabilidade ecológica ou necessidade econômica, em geral, com a evolução da tecnologia, a baixa nos preços e o advento da obsolescência programada, o que acaba acontecendo é que o pessoal resolve trocar a TV quebrada ou antiga por versões mais modernas.
Mas com tanta gente comprando cada vez mais TVs novas, o que acontece? Hum... Acho que você pensou certo: o aumento de descartes, que proporciona aumento do lixo eletrônico no meio ambiente. Em 2005, o Brasil já ocupava a primeira posição de país gerador de lixo eletrônico da América Latina, produzindo 97 mil toneladas ao ano! E o pior é que as previsões são de crescimento! É triste, mas precisamos nos informar para reduzir os danos causados pelo descarte.
ocê sabe do que são feitas, como descartar e como reciclar uma televisão? Não? Então aqui vai:
O lixo eletrônico, incluindo a televisão, é composto por mais de mil tipos de substâncias, mas existem algumas distinções entre os televisores mais atuais e os de tubo - que são significativas no que diz respeito aos impactos ambientais que podem causar e às suas formas de reciclagem.
TV de tubo
No caso da TV de tubo - ou televisores de CRT (Cathode Ray Tube, que em português significa Tubo de Raios Catódicos) -, presente em 61,6% dos lares da população brasileira em 2013, os componentes tóxicos de um CRT são variados e causam inúmeros danos ao ambiente e aos seres humanos, mas o problema maior é o chumbo que, por aparelho, pode conter de um a quatro quilos. O chumbo, se descartado de forma incorreta e contaminar o lençol freático e o solo, pode causar danos em todos seres que o acumularem em seu organismo. Em concentrações elevadas no corpo humano por meio do consumo de alimentos e água contaminados, pode causar a curto prazo perturbações gastrointestinais, danos hepáticos e renais, hipertensão e alguns efeitos neurológicos. E, em longo prazo, pode causar anemia, tremores e paralisia, déficit de atenção e má formação do feto.
TV de LCD
As TVs mais atuais como a de tela de LCD (Liquid Crystal Display, que traduzido literalmente é “Tela de Cristal Líquido”) possuem arsênio no vidro da tela e mercúrio em suas lâmpadas fluorescentes, que servem para iluminar a tela. O mercúrio, que em minúscula quantidade já foi usado para tratar machucados (depois foi proibido), em maiores quantidades presentes na água destinada ao consumo humano, por exemplo, pode deteriorar o sistema nervoso, causar perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência. O arsênio, em contato com a pele, vias respiratórias e digestivas em quantidades significativas, pode causar intoxicação crônica levando à lesões dérmicas, como hiper e hipopigmentação, neuropatia periférica, câncer de pele, bexiga e pulmão, rins e doença vascular periférica.
TV de plasma
As TVs de plasma possuem estrutura semelhante à dos monitores LCD. Elas são basicamente duas placas de vidro e eletrodos, que são compostas por microtubos fluorescentes que geram a imagem a partir de uma camada de fósforo, utilizando o princípio de funcionamento das lâmpadas fluorescentes. E como se sabe, o fósforo é um nutriente essencial para todos seres, entretanto, em alta concentração no solo pode escorrer para os sistemas aquíferos e causar eutrofização, desequilibrando-os ecologicamente.
Monitor de LED
Em contrapartida, as telas de tecnologia LED (Light Emitting Diode, ou melhor dizendo, Diodo Emissor de Luz), apesar de possuírem metais pesados em sua composição geral, são feitas de lâmpadas LED completamente recicláveis. Seus monitores são compostos por vidro e alumínio, que diferentemente do arsênio e mercúrio presentes no vidro e nas lâmpadas da tela de LCD, são mais viáveis ambientalmente. Outra característica que torna os monitores de LED mais viáveis ecologicamente é o fato de serem energeticamente mais eficientes.
Além do chumbo, do arsênio, do mercúrio e do fósforo, dentre tantas substâncias presentes nas TVs, podemos destacar o cádmio e o bário, que também estão presentes nas TVs comuns. Se descartados de forma incorreta no ambiente e acumulados no organismos através da ingestão de alimentos e água contaminados, esses elementos podem causar danos graves à saúde dos animais e humana. O cádmio pode causar câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose. E o bário pode causar inflamação severa gastrointestinal, paralisia do músculo respiratório, arritmia cardíaca, parestesias, hipocalemia profunda, fraqueza generalizada, diarréia, vômitos, entre outras doenças.
Reciclagem
No processo de reciclagem ideal de qualquer tipo de TV é preciso muita cautela, pois em contato direto com os metais pesados, principalmente, a saúde dos trabalhadores de cooperativas de reciclagem também fica em risco.
Após a coleta do material, o equipamento passa por uma triagem que definirá se o aparelho está em condições de uso, e caso esteja funcionando, será levado para projetos de reutilização.
No caso do descarte de TVs de tubo, se não forem encaminhadas para a reutilização e sim para a reciclagem, será feita a descontaminação minuciosa do CRT para poder ser reaproveitado em outros produtos, o que torna o processo caro.
As partes do gabinete e peças internas serão separadas e acondicionadas em recipientes específicos. Para separar o painel, um fio será aquecido eletricamente em volta da junta que une o painel e o funil. Entretanto, o processo é demorado e podem ocorrer imperfeições.
O funil de vidro contendo chumbo pode ir para a fundição de chumbo, que irá utilizar um processo térmico para recuperar o metal.
Já em relação aos televisores atuais, a maioria dos trabalhos de pesquisa está focada na recuperação dos metais presentes nas placas de circuito impresso (PCI), que possuem em sua composição materiais de valor como ouro, prata, platina, sílica, níquel, estanho, platina, entre outros, que futuramente podem vir a fazer falta caso não sejam reutilizados, inclusive na área da saúde, como é o caso da platina. E num processo ideal parecido com o das TVs de tubo, após a triagem e encaminhamento ou separação de suas partes, o que acaba acontecendo é a reciclagem das PCIs, das partes de alumínio e de vidro.
Mas para a reciclagem de TVs acontecer, antes de tudo elas precisam ser descartadas corretamente. E como podemos fazer isso?
Como descartar
Se não for possível vender ou doar para pessoas próximas caso a TV ainda esteja funcionando, uma das alternativas é contatar o fabricante do aparelho, já que a legislação brasileira (Art.33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos) obriga a empresa fabricante a estruturar e implementar sistemas de logística reversa. Mas lembre-se: a pessoa responsável pelo descarte correto é você. E se mesmo assim não for possível contatar o fabricante ou caso ele ainda não esteja em acordo com a lei, é possível consultar quais são os Postos de Reciclagem mais próximos à sua residência a partir do mecanismo de busca da eCycle, e contribuir para um mundo menos poluído!
Fonte: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/67-dia-a-dia/5430-reciclagem-de-tv-descarte-correto-tubo-plasma-lcd-led.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário