Por Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP
Estudo de capa da revista Science da primeira semana de dezembro apresenta um modelo matemático sobre a distribuição espacial das raízes e a densidade radicular de uma planta. Com base na teoria dos jogos, o modelo prevê que, na presença de competidores, as plantas evitam entrar em disputa e produzem raízes para assegurar água e nutrientes próximos ao caule, evitando buscar recursos perto de suas vizinhas.
Além de avançar no entendimento teórico sobre a interação das plantas no subsolo, muito mais difícil de ser observada, o trabalho tem aplicações importantes no manejo agrícola e no entendimento das mudanças climáticas. “Ao entender a lógica de espalhamento das raízes e da massa radicular, é possível no futuro oferecer novas regras para a produção agrícola que levem em conta não só a disputa das plantas na superfície, mas também a competição por recursos no subsolo” diz Ricardo Martínez-García, professor no Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR) e um dos autores do estudo.
“Dessa forma, se por um lado é interessante que o manejo considere a necessidade de espaçamento entre as plantas para que suas raízes não entrem em competição, é importante haver um distanciamento mínimo entre elas para que se otimize seu crescimento sem a necessidade de grandes extensões de terra. Do caule para cima, elas podem parecer distantes, mas por baixo do solo há um emaranhado de raízes que podem estar muito próximas e em disputa por nutrientes”, completa.
A pesquisa desenvolvida em colaboração com pesquisadores da Universidade de Princeton (EUA), do Instituto de Ciências Agrárias de Madri (Espanha) e da Universidade Rei Juan Carlos (Espanha) é apoiada pela FAPESP por meio de uma bolsa jovem pesquisador.
O maior entendimento sobre o desenvolvimento das raízes pode servir ainda como uma importante ferramenta para modelos climáticos globais. “As plantas capturam dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e armazenam em raízes. É o chamado sequestro de carbono. Portanto, ampliar o conhecimento sobre a distribuição espacial das raízes no subsolo e sobre sua massa é importante também para estipular a quantidade de CO2 – um dos gases do efeito estufa – que as plantas conseguem absorver da atmosfera”, diz Martínez-García à Agência FAPESP.
Fonte: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/estudo-interacao-das-plantas-subsolo/
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