Imagem de Marcin Jozwiak no Unsplash
As tecnologias de captura e armazenamento de carbono têm sido muito discutidas nos últimos tempos, sendo vistas como uma das possíveis soluções para reduzir os impactos das mudanças climáticas. No entanto, mesmo desenvolvidas com o intuito de preservar a vida humana no planeta, essas tecnologias nem sempre estão livres de problemas ambientais.
O que é hidrogênio?
O hidrogênio é o elemento químico de menor massa atômica (1 u) e menor número atômico (Z=1) entre todos os elementos conhecidos até hoje. Apesar de estar posicionado no primeiro período da família IA (metais alcalinos) da Tabela Periódica, o hidrogênio não apresenta características físicas e químicas semelhantes aos elementos dessa família e, por isso, não faz parte dela. De modo geral, o hidrogênio é o elemento mais abundante de todo o universo e o quarto elemento mais abundante no planeta Terra.
O hidrogênio apresenta características únicas, ou seja, ele não se assemelha a nenhum outro elemento químico conhecido pelo ser humano. Comumente, o hidrogênio participa da composição de diversos tipos de substâncias orgânicas e inorgânicas, como o metano e a água. Quando não faz parte de substâncias químicas, ele é encontrado exclusivamente na forma gasosa, cuja fórmula é H2.
No seu estado natural e sob condições normais, o hidrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido. É uma molécula com grande capacidade de armazenar energia e por esse motivo sua utilização como fonte renovável de energia elétrica e térmica vem sendo amplamente pesquisada.
Produção do hidrogênio azul
O hidrogênio azul é produzido a partir da queima de gás natural ou de carvão mineral a altas temperaturas. Nesse processo, o carbono emitido é captado e armazenado. Pesquisadores alertam que para obtê-lo, é necessário capturar e armazenar carbono, motivo pelo qual a estratégia “só funciona à medida que for possível armazenar dióxido de carbono indefinidamente sem que haja vazamentos na atmosfera”.
A produção de hidrogênio azul também envolve a liberação não intencional de metano, um potente gás do efeito estufa, e consome uma grande quantidade de energia.
Captura e armazenamento de carbono
O CCS, do inglês Carbon Capture and Storage, surgiu como uma ferramenta capaz de amenizar os impactos das emissões de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera provenientes de combustíveis fósseis e indústrias.
Em 2005, alguns cientistas e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontaram essa tecnologia como um mecanismo de mitigação não único, mas imprescindível. Contudo, para outros pesquisadores e ativistas do clima, ela surgiu apenas para reforçar o uso de combustíveis fósseis nos meios de produção das indústrias tradicionais.
Isso porque, até o efetivo desenvolvimento e disseminação dessa ferramenta, muito combustível fóssil ainda será queimado. Isso faz com que cientistas duvidem da validade dessa solução, uma vez que a própria existência do CCS pode reforçar um aumento no uso desses combustíveis.
Além disso, os investimentos necessários são elevados. Para conter o aquecimento global na meta de 1,5 °Celsius, seriam necessários mais de cem projetos de CCS, a fim de eliminar 270 milhões de toneladas de poluição de dióxido de carbono por ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Desvantagens do hidrogênio azul
Um estudo publicado na Energy Science & Engineering concluiu que a produção de hidrogênio azul produz 20% mais gases do efeito estufa do que a queima de carvão mineral — comumente considerado o combustível fóssil mais poluente — e 60% mais poluentes atmosféricos do que a queima de diesel, outro combustível fóssil.
O dióxido de carbono é um subproduto da produção de hidrogênio azul. Embora o plano seja capturar e armazenar o gás, permanece a dúvida sobre o que fazer com esse armazenamento no futuro. Além disso, existe uma preocupação com a viabilidade a longo prazo de mantê-lo no subsolo. Dessa maneira, os cientistas climáticos Robert Howarth e Mark Jacobson apontam que o processo de armazenamento de carbono não é tão “limpo” quanto se pensava anteriormente.
Ainda de acordo com os especialistas, a parte mais prejudicial da cadeia de produção do hidrogênio azul é o vazamento de metano, cujo poder para intensificar o aquecimento global e, consequentemente, as mudanças climáticas é 86 vezes superior ao do dióxido de carbono. “Nossa análise assume que o dióxido de carbono pode ser armazenado indefinidamente, uma visão otimista e não comprovada. Mesmo que isso seja verdade, o uso do hidrogênio azul parece difícil de justificar em relação ao clima”.
Nos cenários propostos por Howarth e Jacobson, o uso do hidrogênio azul emite menos dióxido de carbono do que o carvão e o diesel. Mas mesmo com um mínimo de vazamentos e com um máximo de captura e armazenamento de carbono, a utilização de hidrogênio azul emitiria mais metano que todas as outras fontes — e o resultado final seria o pior de todos para a crise climática.
Fonte: https://www.ecycle.com.br/hidrogenio-azul/
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