quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Hidrogênio azul é um combustível limpo? Entenda

 










Imagem de Marcin Jozwiak no Unsplash

As tecnologias de captura e armazenamento de carbono têm sido muito discutidas nos últimos tempos, sendo vistas como uma das possíveis soluções para reduzir os impactos das mudanças climáticas. No entanto, mesmo desenvolvidas com o intuito de preservar a vida humana no planeta, essas tecnologias nem sempre estão livres de problemas ambientais.

O que é hidrogênio?

hidrogênio é o elemento químico de menor massa atômica (1 u) e menor número atômico (Z=1) entre todos os elementos conhecidos até hoje. Apesar de estar posicionado no primeiro período da família IA (metais alcalinos) da Tabela Periódica, o hidrogênio não apresenta características físicas e químicas semelhantes aos elementos dessa família e, por isso, não faz parte dela. De modo geral, o hidrogênio é o elemento mais abundante de todo o universo e o quarto elemento mais abundante no planeta Terra.

O hidrogênio apresenta características únicas, ou seja, ele não se assemelha a nenhum outro elemento químico conhecido pelo ser humano. Comumente, o hidrogênio participa da composição de diversos tipos de substâncias orgânicas e inorgânicas, como o metano e a água. Quando não faz parte de substâncias químicas, ele é encontrado exclusivamente na forma gasosa, cuja fórmula é H2.

No seu estado natural e sob condições normais, o hidrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido. É uma molécula com grande capacidade de armazenar energia e por esse motivo sua utilização como fonte renovável de energia elétrica e térmica vem sendo amplamente pesquisada.

Produção do hidrogênio azul

O hidrogênio azul é produzido a partir da queima de gás natural ou de carvão mineral a altas temperaturas. Nesse processo, o carbono emitido é captado e armazenado. Pesquisadores alertam que para obtê-lo, é necessário capturar e armazenar carbono, motivo pelo qual a estratégia “só funciona à medida que for possível armazenar dióxido de carbono indefinidamente sem que haja vazamentos na atmosfera”.

A produção de hidrogênio azul também envolve a liberação não intencional de metano, um potente gás do efeito estufa, e consome uma grande quantidade de energia

Captura e armazenamento de carbono

CCS, do inglês Carbon Capture and Storage, surgiu como uma ferramenta capaz de amenizar os impactos das emissões de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera provenientes de combustíveis fósseis e indústrias.

Em 2005, alguns cientistas e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontaram essa tecnologia como um mecanismo de mitigação não único, mas imprescindível. Contudo, para outros pesquisadores e ativistas do clima, ela surgiu apenas para reforçar o uso de combustíveis fósseis nos meios de produção das indústrias tradicionais.

Isso porque, até o efetivo desenvolvimento e disseminação dessa ferramenta, muito combustível fóssil ainda será queimado. Isso faz com que cientistas duvidem da validade dessa solução, uma vez que a própria existência do CCS pode reforçar um aumento no uso desses combustíveis.

Além disso, os investimentos necessários são elevados. Para conter o aquecimento global na meta de 1,5 °Celsius, seriam necessários mais de cem projetos de CCS, a fim de eliminar 270 milhões de toneladas de poluição de dióxido de carbono por ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Desvantagens do hidrogênio azul

Hidrogênio azul
Imagem de akitada31 no Pixabay

Um estudo publicado na Energy Science & Engineering concluiu que a produção de hidrogênio azul produz 20% mais gases do efeito estufa do que a queima de carvão mineral — comumente considerado o combustível fóssil mais poluente — e 60% mais poluentes atmosféricos do que a queima de diesel, outro combustível fóssil. 

O dióxido de carbono é um subproduto da produção de hidrogênio azul. Embora o plano seja capturar e armazenar o gás, permanece a dúvida sobre o que fazer com esse armazenamento no futuro. Além disso, existe uma preocupação com a viabilidade a longo prazo de mantê-lo no subsolo. Dessa maneira, os cientistas climáticos Robert Howarth e Mark Jacobson apontam que o processo de armazenamento de carbono não é tão “limpo” quanto se pensava anteriormente. 

Ainda de acordo com os especialistas, a parte mais prejudicial da cadeia de produção do hidrogênio azul é o vazamento de metano, cujo poder para intensificar o aquecimento global e, consequentemente, as mudanças climáticas é 86 vezes superior ao do dióxido de carbono. “Nossa análise assume que o dióxido de carbono pode ser armazenado indefinidamente, uma visão otimista e não comprovada. Mesmo que isso seja verdade, o uso do hidrogênio azul parece difícil de justificar em relação ao clima”.

Nos cenários propostos por Howarth e Jacobson, o uso do hidrogênio azul emite menos dióxido de carbono do que o carvão e o diesel. Mas mesmo com um mínimo de vazamentos e com um máximo de captura e armazenamento de carbono, a utilização de hidrogênio azul emitiria mais metano que todas as outras fontes —  e o resultado final seria o pior de todos para a crise climática. 

Fonte: https://www.ecycle.com.br/hidrogenio-azul/

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