A imagem do torcedor japonês catando resíduos na Arena Pernambuco, no dia 15 passado, fez sucesso nas redes sociais e serve de alerta para os brasileiros
A imagem de um torcedor japonês coletando resíduos na Arena Pernambuco, em Recife, após a partida da Copa do Mundo Japão X Costa do Marfim, correu o mundo nas redes sociais e fez muito sucesso. A iniciativa serve de alerta a nós, brasileiros, sobre a nossa relação com os resíduos que produzimos.
Estimativa inédita e exclusiva da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), é de que o Brasil irá gerar um volume adicional de cerca de 15 mil toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) durante a Copa do Mundo de Futebol, incluindo o total gerado com o turismo, nos estádios e nas Fan Fests que acontecem nas cidades-sede do torneio. As cidades em que haverá maior geração de lixo são: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza.
“A realização da Copa do Mundo tradicionalmente aumenta a geração de resíduos nas cidades que sediam o evento, mas o impacto decorrente desse aumento depende das medidas adotadas para lidar com esse volume adicional. No caso do Brasil, percebemos que muitas cidades não dimensionaram e tampouco se prepararam para o impacto da Copa sobre a geração adicional de lixo, o que pode se tornar um transtorno para o evento e, principalmente, para a imagem das cidades”, comenta Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Abrelpe.
A geração e coleta de lixo, seus desafios, oportunidades, possíveis soluções e tecnologias empregadas, estarão em destaque neste ano no Brasil por conta do Congresso Mundial de Resíduos Sólidos ISWA 2014 – e o Fórum Global de Resíduos da IPLA/ONU , que serão realizados em São Paulo, entre os dias 08 e 11 de setembro.
São os principais eventos do mundo nesse setor, realizados no Brasil pela primeira vez. No Congresso serão apresentados dados e estimativas inéditas acerca da geração de resíduos em megaeventos, bem como os sistemas e ações de sucesso para uma destinação e tratamento adequado a tais resíduos.
Abrelpe
Criada em 1976, a Abrelpe é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Sua atuação está pautada dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável e seu objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil.
Comprometida com o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos, desenvolve parcerias com poder público, iniciativa privada e instituições acadêmicas e, por meio de campanhas, eventos e premiações, busca conscientizar a sociedade para a correta gestão dos resíduos.
No contexto internacional, é a representante no Brasil na International Solid Waste Association (ISWA) e sede da Secretaria Regional para a América do Sul da Parceria Internacional para Desenvolvimento dos Serviços de Gestão de Resíduos Junto a Autoridades Locais (Ipla), um programa reconhecido e mantido pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional (UNCRD).
Catadores
Seis cidades-sede foram contempladas com R$ 2,3 milhões do Ministério do Meio Ambiente (MMA), permitindo a atuação de 710 catadores em Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal e São Paulo.
Esses recursos foram usados de acordo com o plano definido para cada cidade, incluindo capacitações, gastos com remuneração, aquisição de uniformes e equipamentos de proteção, alimentação e transporte dos catadores, logística para transporte do material coletado e divulgação das ações de coleta seletiva solidária. Os catadores estão realizando a coleta seletiva no entorno das arenas onde os jogos estão sendo disputados, nas festividades locais, incluindo as festas oficiais para as torcidas, chamadas de Fifa Fan Fest.
“Esse projeto tem contribuído para estimular a população que ali se encontra a pensar na correta forma de descarte dos seus resíduos; para dar visibilidade nacional e internacional ao trabalho desenvolvido pelos catadores de materiais recicláveis; e para fazer refletir sobre questões ambientais e de sustentabilidade e, ainda, demonstrar o modelo de gestão de resíduos por meio da coleta seletiva com a participação dos catadores de materiais recicláveis”, explica o gerente de projeto do Ministério do Meio Ambiente, Eduardo Rocha.
Destinação adequada
As cooperativas de catadores estão ampliando a renda com a venda do material reciclável coletado nas áreas da Copa, que são reaproveitados. Essa iniciativa também gera economia de recursos naturais, redução do envio de materiais para o aterramento e consequente redução na contaminação do solo e da água, além da inclusão social da categoria de catadores de material reciclável.
Em Fortaleza, já foram recolhidos, desde a abertura da Copa (12) até terça-feira (17), 1,1 tonelada de resíduos ao redor da Arena Castelão. Já os resíduos coletados das Fan Fests chegaram a 4,7 toneladas, no mesmo período.
O MMA está realizando visitas técnicas às cidades que receberam os recursos. São Paulo, Natal e Belo Horizonte já foram vistoriadas. A analista ambiental do MMA, Mariana Alvarenga, acompanhou a ação dos catadores em São Paulo, na abertura da Copa.
“Os catadores estão tendo visibilidade e chamando atenção para o tema dos resíduos sólidos”, destaca. No dia seguinte ao jogo, a analista conheceu o trabalho da cooperativa que já havia separado e pesado todo material recolhido. As cidades de Fortaleza, Manaus e Curitiba serão visitadas até a semana que vem.
Cada cidade elaborou seu projeto de acordo com as suas necessidades, seguindo as diretrizes do MMA. No início do ano, o MMA promoveu o seminário Plano de Limpeza e Coleta das Cidades-Sede da Copa 2014, com a finalidade de compartilhar experiências de coleta seletiva em grandes eventos entre os municípios e esclarecer aspectos do projeto de inclusão do catador na Copa do Mundo Fifa 2014.
Essa iniciativa é um dos temas prioritários definidos no âmbito da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CTMAS), instalada em maio de 2010, com representantes do governo federal, dos Estados e dos municípios e coordenada pelos Ministérios do Meio Ambiente e do Esporte.
FONTE: http://blogs.diariodonordeste.com.br/gestaoambiental/residuos-solidos/copa-do-mundo-ira-gerar-cerca-de-15-mil-toneladas-a-mais-de-lixo/
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