O avanço em direção ao cumprimento do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 e suas 20 metas, definidas sob a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), não está sendo rápido o suficiente, é o que aponta uma série de documentos divulgados após reuniões técnicas realizadas no final de junho.
O secretario executivo da CDB, o brasileiro Bráulio Dias, enfatizou que “há um consenso claro sobre a necessidade de redobrar nossos esforços para o alcance das metas”.
Após dias de deliberações sobre questões científicas que informarão os futuros esforços nacionais para o cumprimento das chamadas Metas de Aichi, representantes do governos signatários definiram uma série de recomendações que serão debatidas durante a 12° CDB, que será realizada em outubro na cidade de Pyeongchang, na Coreia do Sul.
As recomendações do 18° encontro do Órgão Subsidiário para Aconselhamento Científico, Técnico, e Tecnológico (SBSTTA – 18), realizado na última semana de junho em Montreal, no Canadá, devem fazer parte das decisões do que está sendo chamado de “Roteiro de Pyeongchang para a implementação aprimorada do plano estratégico para a biodiversidade 2011-2020 e o alcance das Metas de Aichi”.
Um dos encaminhamentos do encontro do SBSTTA – 18 foi a redação de uma minuta sobre a quarta edição do Panorama Global para a Biodiversidade (GBO-4, em inglês), que será lançado na 12° CDB e traçará uma avaliação sobre o estado da implementação do seu plano estratégico.
De acordo com os documentos do SBSTTA – 18, o GBO-4 conclui que a maioria das Metas de Aichi ainda são alcançáveis, apesar de desafiadoras. Chegar lá exigirá ações inovadoras e corajosas em muitas áreas.
Um quadro sumarizando os avanços constatados em todas as 20 Metas de Aichi mostra que a maioria delas está classificada como “Avançando em direção à meta, mas em uma taxa insuficiente”.
Por exemplo, entre as ações que menos avançaram está a Meta 12, referente à prevenção da extinção de espécies ameaçadas. O GBO-4 conclui que são previstas mais extinções, especialmente para anfíbios e peixes, e que não há sinal de redução dos riscos para vários grupos de espécies.
A avaliação da Meta n° 11, relativa à criação de áreas protegidas, mostra que, nos ecossistemas terrestres, os avanços tem sido bons, e a meta de cobertura de 17% da superfície mundial deve ser cumprida. Já o número de áreas marinhas protegidas está subindo, mas não ao ritmo necessário para chegar a 10% em 2020.
“As histórias bem sucedidas demonstram que ações efetivas não vêm de soluções 'milagrosas', mas de lidar simultaneamente com as múltiplas causas da perda da biodiversidade através do monitoramento e análise de dados, mudança de incentivos econômicos, pressão sobre os mercados, aplicação de regras, envolvimento de indígenas, comunidades locais e stakeholders e enfoque na conservação de espécies e ecossistemas ameaçados – entre outros”, nota o GBO-4.
Assim, os esforços e recursos que apoiam as ações para o cumprimento do plano estratégico podem e devem ser fortalecidos por conexões críticas entre a biodiversidade e o desenvolvimento humano, enfatiza a publicação.
Outras recomendações:
O encontro do SBSTTA – 18 também preparou um relatório contendo avaliações científicas e técnicas de informações que descrevem áreas marinhas significantes ecológica e biologicamente.
Os governos identificaram ações prioritárias para lidar com as pressões sobre recifes de coral, como a poluição, a sobrepesca e o desenvolvimento costeiro, visando melhorar a resiliência e reduzir as vulnerabilidades dos recifes à acidificação dos oceanos e aos impactos das mudanças climáticas – contribuindo para a Meta n° 10 de Aichi.
Além disso, diretrizes foram definidas sobre medidas para lidar com riscos associados à introdução de espécies exóticas usadas como bichos de estimação, em aquários e terrários, ou como isca ou alimento vivo, o que foi identificado como uma forma considerável para a disseminação de espécies invasoras.
Outros assuntos também geraram recomendações, como os incentivos prejudiciais à biodiversidade; biologia, saúde e biodiversidade sintéticas; restauração ecossistêmica e mudanças climáticas.
Fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=719
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