Mapa das zonas vulneráveis à desertificação segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Desertificação é o fenômeno que corresponde à transformação de uma área num deserto. Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a desertificação é "a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas". Considera as áreas suscetíveis aquelas com índice de aridez entre 0,05 e 0,65. A ONU adotou o dia 17 de Junho como o Dia Mundial de Combate à Desertificação.
O processo de desertificação
O termo desertificação tem sido utilizado para a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas causada pela atividade humana. Devido às condições ambientais, as atividades econômicas desenvolvidas em uma região podem ultrapassar a capacidade de suporte e de sustentabilidade. O processo é pouco perceptível a curto prazo pelas populações locais. Há também erosão genética da fauna e flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas.
O que acontece é um processo em que o solo de determinados lugares começa a ficar cada vez mais estéril. Isso quer dizer que a terra perde seus nutrientes e a capacidade de fazer nascer qualquer tipo de vegetação, seja florestas naturais ou plantações feitas pelo ser humano.
Sem vegetação, as chuvas vão rareando, o solo vai ficando árido e sem vida, e a sobrevivência fica muito difícil. Os moradores, agricultores e pecuaristas geralmente abandonam essas terras e vão procurar outro lugar para viver.
No caso de desertos arenosos, origina-se a partir do empobrecimento do solo e consequente morte da vegetação, sendo substituída por terreno arenoso. No caso dos desertos polares, a causa evidente é a temperatura extremamente baixa daquelas regiões.
Nas regiões semiáridas e semiúmidas secas, a ação humana intensifica os processos de desertificação. As atividades agropecuárias insustentáveis são responsáveis pelos principais processos: a salinização de solos por irrigação, o sobrepastoreio e o esgotamento do solo pela utilização intensiva e insustentável dos recursos hídricos por procedimentos intensivos e não adaptados às condições ambientais, além do manejo inadequado na agropecuária.
O crescimento demográfico e a consequente demanda por energia e recursos naturais também exerce pressão pela utilização intensiva do solo e dos recursos hídricos.
As consequências deste processo geram grandes problemas sociais, econômicos e culturais. Em primeiro lugar, reduz a oferta de alimentos. Além disto, há o custo de recuperação da área ambiental degradada. Do ponto de vista ambiental, a perda de espécies nativas vegetal e animal é uma consequência funesta. Isso se caracteriza pelo próprio nome segundo o entendimento da Organização das Nações Unidas, uma vez que o clima se transforma em deserto, somente algumas espécies conseguem se adaptar, como as Cobras e Ratos. Onde temos noites invernais de baixa temperatura e dias de verão rigorosos de mais de 40 graus centígrados, ou seja, no deserto não existe a chamada meia estação. O outono e a primavera. Note-se, atualmente o tempo de primavera e outono está diminuindo e o tempo de verão e inverno está aumentando no mundo inteiro, segundo estatísticas nas obras de renomados especialistas em climatologia.
Finalmente, os problemas sociais: a migração das populações para os centros urbanos, gerando a pobreza, o desemprego e a violência. Isto estabelece um desequilíbrio entre as diversas regiões mundiais, uma vez que as áreas suscetíveis à desertificação encontram-se em regiões pobres onde existe a ignorância com relação ao uso do solo e também onde já há uma desigualdade social na educação ambiental a ser vencida.
Desertificação no mundo
O risco de desertificação atinge 40% da superfície terrestre, considerando regiões urbanas e rurais nesse processo, segundo os climatologistas, envolvendo uma população de 2,6 bilhões de pessoas pelo menos, tendendo ao crescimento. Na África, estima-se que sejam 200 milhões de pessoas atingidas pelo processo somente na região subsaariana. A degradação nos vários países subsaarianos varia de 20% a 50% do território.
Na Ásia e na América Latina, são mais de 357 milhões de hectares afetados. A cada ano, perde-se 2,7 bilhões de toneladas de solo.
As adaptações a estas mudanças provocam mais pressões sobre o uso do solo, aumentando sua degradação pelo manejo inadequado.
Em agosto de 2010, a ONU está lançando a Década da ONU sobre Desertos e de Combate à Desertificação, a fim de fortalecer o combate ao processo e conscientizar sobre a questão.
Desertificação no Brasil
No Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação são as regiões de clima semiárido ou subúmido seco, encontrados no Nordeste brasileiro e norte de Minas Gerais. Situam-se nesta região suscetível 1201 municípios, numa área de 1.130.790,53 km², 710.437,30 km² (62,8 %) de clima semiárido e 420.258,80 km² (37,2 %) de clima subúmidos secos.
As queimadas são um sério agravante desse processo. Frequentemente utilizadas nessas regiões para "limpeza" do solo, as queimadas destroem a microfauna do solo, micro-organismos que interagem e participam de diversos ciclos inorgânicos, como o ciclo do nitrogênio. A destruição desses micro-organismos prejudica a fertilidade do solo e diminúi a quantidade de nutrientes disponíveis. As consequências das queimadas permanecem por diversos anos.
São quatro os núcleos de desertificação intensa, que abrangem uma área de 18.743,5 km²: Gilbués/PI, Irauçuba/CE, Seridó/RN e Cabrobó/PE. O semiárido brasileiro também apresenta em 10% de sua área processos graves de desertificação.
Para combater estes efeitos foi criado o Programa de Ação Nacional de combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), sob coordenação da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente. O programa envolve poderes públicos e a sociedade civil para definir diretrizes e ações para combater e prevenir a desertificação no país.
Em julho de 2008 foi criada a Comissão Nacional de Combate à Desertificação, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, com a função de estabelecer estratégias de combate à desertificação e mitigar os efeitos da seca, bem como implementar os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, promulgada pelo Decreto nº 2.741, de 20 de agosto de 1998. A Comissão é de caráter interministerial e conta com membros do Ministério da Integração Nacional, do Ministério do Planejamento, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Educação e Ministério das Cidades.
Em todo o Brasil, a área suscetível à desertificação abrange 16 % do território nacional e incorpora 11 estados – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. A região também concentra 85% da pobreza do país.
Desertificação em Portugal
Desertificação em Portugal
Portugal é um dos países europeus com maior risco de desertificação. Esse risco é praticamente nulo nas regiões acima do rio Tejo, mas abaixo do mesmo esse risco torna-se evidente. As províncias do Alentejo e Algarve sofrem uma grande pressão hidrográfica devido à falta de pluviosidade, prática agrícola excessiva (Alentejo), e demasiadas infraestruturas turísticas (Algarve).
Na província alentejana, para combater a falta de pluviosidade, foi construída a barragem do Alqueva (não foi a única razão para a sua construção), de modo a criar o maior lago artificial da Europa. Esse lago permitiu a irrigação dos campos agrícolas envolventes, sem a necessidade de utilizar fontes de água primitivas, esperando-se assim reduzir a susceptibilidade dos solos nesta região.
Já no Algarve, devido aos campos de golfe e outras infraestruturas turísticas como as piscinas, o governo português implementou algumas políticas de modo a restringir o uso de água para estas atividades.
Fonte:http://www.rebob.org.br/#!Desertificação/c18s8/ied90ign42
Fonte:http://www.rebob.org.br/#!Desertificação/c18s8/ied90ign42
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