Foi uma grande vitória para as organizações ambientalistas americanas. No último dia 28/12, o presidente Barack Obama assinou decreto que proíbe a utilização de micropartículas de plásticos em produtos cosméticos, como cremes e sabonetes esfoliantes, pastas de dente e esmaltes.
Os minúsculos pedaços de plástico, esferas menores do que a ponta de um alfinete, praticamente invisíveis a olho nu, se tornaram um imenso problema ambiental. Adicionadas a cosméticos, as partículas são feitas principalmente de polietileno (PE), mas também de polipropileno (PP), polietileno tereftalato (PET), polimetilmetacrilato (PMMA) e nylon.
Não biodegradáveis, elas passam pelo ralo e vão parar direto no sistema de esgoto. Como estações de esgoto não conseguem filtrar estas microesferas poluentes, o plástico acaba tendo como destino final o mar, aumentando ainda mais as imensas ilhas de lixo que se acumulam nos oceanos do planeta (leia mais sobre o assunto neste outro post)
Todo este lixo é ingerido por peixes, aves e tartarugas marinhas, indo parar no estômago e intestino destes animais – muitas vezes, provocando a morte dos mesmos (cientistas estimam que até 2050, 99% das aves marinhas terão plástico no estômago). Para os ambientalistas, os seres humanos também podem ser afetados. Como estamos no topo da cadeia alimentar, é provável que nós estejamos absorvendo microesferas a partir dos alimentos que comemos.
A campanha internacional “Beat the Micro Bead” (“Acabe com as microesferas”, em tradução livre) tem a adesão de quase 80 organizações governamentais de 35 países. Nos Estados Unidos, a lei entrará em vigor gradativamente. A partir de julho de 2017, as empresas serão proibidas de fabricar produtos com as micropartículas de plástico e em 2018 a venda deste tipo de cosmético será ilegal.
Menor que a cabeça de um alfinete, a microesfera de plástico vai direto do ralo para as águas dos oceanos
Só naquele país, um estudo realizado pela Wildlife Conservation Society revelou que 19 milhões de toneladas de micropartículas plásticas eram despejadas nos rios de Nova York.
Algumas marcas multinacionais já se comprometeram a não usar mais a microesfera de plástico. Uma delas foi a Unilever, em dezembro de 2012, que prometeu que todos seus produtos ao redor do mundo seriam livres de plásticos até 2015. Segundo o site da “Beat the Micro Bead”, “a Associação Holandesa de Cosméticos (Dutch Cosmetics Association) informou ao governo holandês que a Beiersdorf, a Colgate-Palmolive e a L’Oréal estavam parando de usar microesferas de plástico”.
Nesta página você encontra uma lista com os nomes dos produtos vendidos nos Estados Unidos que até julho de 2015 ainda continham micropartículas de plástico.
Empresas brasileiras e micropartículas de plástico
Várias fabricantes nacionais de cosméticos já se posicionaram sobre o problema no Brasil. Em 2014, a Natura afirmou que substituiria as miniesferas plásticas de seus produtos por ingredientes naturais, como partículas de arroz e bambu até 2016.
Há dois anos, pressionado por uma petição da organização Avaaz, o Grupo Boticário anunciou que já estava realizando pesquisas para parar de usar polietileno em seus produtos.
No ano passado, a modelo brasileira Gisele Bündchen, nomeada Embaixadora do Meio Ambiente pelo Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente, veio a público se desculpar por ter feito no passado um anúncio da pasta de dente Oral-B, que continha microesferas plásticas. De acordo com sua assessoria de imprensa, ela não tinha conhecimento do impacto ambiental das micropartículas sobre os oceanos.
Agora só falta o Brasil seguir o exemplo dos Estados Unidos e aprovar a mesma lei por aqui. Vamos pressionar?
Foto: domínio público/pixabay (abertura) e MPCA Photos/creative commons/flickr (microesferas de plástico)
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