quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Populações de animais foram reduzidas à metade nos últimos 40 anos, alerta WWF

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magem: Reprodução/Planeta Vivo 2014/WWF

Relatório Planeta Vivo 2014, divulgado na terça-feira, 30 de setembro, pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mostra que as populações de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes foram reduzidas à metade, em média, nos últimos 40 anos. O estudo avaliou mais de 10 mil populações de mais de 3 mil dessas classes entre 1970 e 2010.
“Esses animais mostram a saúde do ecossistema do planeta”, explica o superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Jean-François Timmers. Esta é a décima edição do material que é divulgado a cada dois anos pela WWF e mostra as mudanças na biodiversidade, nos ecossistemas e na demanda por recursos naturais.

Em todo o mundo, as espécies terrestres diminuíram 39%, e a principal causa é a perda de habitat desses animais em decorrência de atividades como agricultura e caça, por exemplo. Já as espécies de água doce tiveram queda de 76% e as marinhas, 39%. De acordo com o estudo, a maior queda registrada foi na América Latina: 83%. Jean explica que em algumas regiões do mundo, como a África, a questão da caça é preocupante, mas na América Latina a diminuição dos animais tem outras causas como o desmatamento, a destruição de ecossistemas aquático e a pesca no litoral.
O documento mostra que a demanda global é maior que a capacidade de reposição do planeta. Atualmente, seria necessária uma Terra e meia para atender as necessidades atuais.
Outro dado importante relatado pela WWF é a chamada Pegada Ecológica, que mede a demanda da humanidade por recursos naturais. “É um índice que vai agregando o consumo de carbono, de água e de algumas commodities [produtos básicos com cotação internacional]. É uma estimativa comparativa, mas ele [índice] é relacionado ao consumo de bens naturais e emissão de carbono”, explica Timmers.
Uma Terra e meia
O documento mostra que a demanda global é maior que a capacidade de reposição do planeta. Atualmente, seria necessária uma Terra e meia para atender as necessidades atuais. “Estamos gastando 50% a mais do que a natureza é capaz de repor por ano, e a tendência é crescer, porque a classe média, principalmente na Ásia, vai crescer muito, e as demandas vão aumentando”.
Mas apesar dos índices, a WWF destaca que existem ações para reverter a perda de biodiversidade. “Existem pacotes de medidas para agricultura de baixo carbono, uma série de alternativas tecnológicas para geração de energia limpa. Existe uma série de potenciais”.
Com relação à América Latina, Jean-François lembra ainda que as recentes catástrofes ambientais e crises como a de água, na região da Cantareira, em São Paulo, por exemplo, ajudam a chamar a atenção para o tema ambiental. “Existe um nível de consciência crescente na região como um todo, dos governantes em geral, das autoridades acadêmicas e da população com relação a questões ambientais. Isso faz com que a agenda ambiental se torne uma agenda importante”, acrescenta.
Nova metodologia
Os números globais, e principalmente os da América Latina, segundo Jean, "são um alerta". Agora, a WWF fará análise mais específica dos dados da região. “Vamos desagregar esses índices para saber a que se deve, de forma precisa, esse aumento crescente da degradação ambiental na América Latina e provocar discussões de nível nacional e regional”, explica.
Essa edição trouxe uma nova metodologia. O superintendente da WWF explica que o peso de alguns grupos de animais, como peixes e anfíbios, aumentou para mostrar a importância dos ecossistemas marinhos e de água doce. “Isso é um dado interessante. Isso estava sendo subavaliado nas medições anteriores”.
O Relatório Planeta Vivo 2014 faz uso do banco de dados da Sociedade Zoológica de Londres, uma fundação científica sem fins lucrativos, que tem projetos de conservação em mais de 50 países. Os dados relacionados ao índice de Pegada Ecológica são da Global Footprint Network, uma organização internacional que trabalha com o debate dos limites ecológicos e é parceira da WWF.
(Por Michèlle Canes, da Agência Brasil)

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