O valor dos benefícios à nossa saúde e economia fornecidos pelos ecossistemas caiu entre US$ 4,3 trilhões e US$ 20 trilhões ao ano entre 1997 e 2011, devido principalmente, à perda de áreas úmidas, de recifes de coral e de florestas tropicais, aponta um novo estudo elaborado por um grupo internacional de pesquisadores. O total real em termos financeiros do que foi perdido depende do valor que é atribuído aos serviços ecossistêmicos (SEs).
Publicado no periódico Global Environmental Change, o estudo concluiu que o valor total dos SEs em 2011 era de US$ 124,8 trilhões ao ano, sendo que até 1997, o total era bem superior, chegando a US$ 145 trilhões ao ano. Para efeito de comparação, os pesquisadores argumentam que o produto interno bruto (PIB) global era de apenas US$ 75,2 trilhões em 2011. Ou seja, estamos perdendo SEs em uma velocidade maior do que o PIB anual de muitos países.
Segundo o conceito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), SEs são contribuições diretas ou indiretas dos ecossistemas para o bem-estar humano.
“A natureza não é apenas um lugar bonito. É uma parte enorme e importante da economia real que contribui para o bem-estar humano”, ressalta Robert Constanza, principal autor do estudo, professor da Escola Crawford de Políticas Públicas da Universidade Nacional da Austrália (ANU).
A publicação afirma ser a primeira em que se coloca um valor econômico sobre a perda dos SEs globais, enfatizando a necessidade de os legisladores olharem mais de perto as mudanças ambientais.
Avaliando especificamente dez biomas e comparando com dados coletados há 15 anos, os pesquisadores constataram que, globalmente, as florestas tropicais perderam 642 milhões de hectares entre 1997 e 2011, enquanto os desertos cresceram em 234 milhões de hectares.
Os recifes de coral gradualmente têm dado espaço às gramas marinhas e algas, com a sua área total diminuindo em 34 milhões de hectares. As áreas úmidas também estão retraindo, tendo perdido 14 milhões de hectares para dar lugar a fazendas, cidades e outros usos.
Os pesquisadores defendem que a elaboração de estimativas em unidades monetárias é útil para mostrar a magnitude relativa dos SEs e que a valoração não deve ser confundida com a tão criticada ‘commodificação’ ou ‘privatização’ da natureza.
“Muitos SEs são mais bem classificados como bens públicos ou como um ‘pool’ de recursos comuns, portanto, os mercados convencionais geralmente não são a melhor estrutura institucional para gerenciá-los. Entretanto, esses serviços devem ser (e estão sendo) valorados, já que precisamos de instituições novas, comuns, para considerar melhor esses valores”, concluem os autores.
O relatório foi escrito por cientistas e economistas da ANU e das Universidades de Wageningen (Holanda), Denver (Estados Unidos), Sul-australiana, Pittsburgh (Estados Unidos) e East Anglia (Reino Unido
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