quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Emissões globais de carbono aumentaram 49% desde 1990

Levantamento indica que as emissões mundiais chegaram a 10 bilhões de toneladas de carbono em 2010, elevando a concentração de CO2 na atmosfera para 389,6 partes por milhão e ameaçando a meta de limitar o aquecimento a 2ºC

Durante os anos de 2008 e 2009 as emissões mundiais de gases do efeito estufa pareciam ter sido finalmente controladas, registrando inclusive leve queda. Porém, muitos desconfiavam que era apenas uma aparente redução, sendo mais resultado da recessão econômica global do que das políticas climáticas.
O artigo "Crescimento rápido de emissões de CO2 após da crise financeira global de 2008-2009" (‘Rapid growth in CO2 emissions after the 2008-2009 global financial crisis’), publicado pelo Global Carbon Project na mais recente edição da Nature Climate Change, mostra como os desconfiados tinham razão.
“A pior crise em décadas foi apenas um ‘soluço’ em termos das emissões: uma queda temporária nos países mais ricos, mas que pouco afetou as emissões das nações emergentes. Os números que apresentamos devem ser considerados um alerta para os governos reunidos na Conferência do Clima em Durban (COP17)”, declarou Corinne Le Quéré, coautora do artigo e diretora do Centro Tyndall para Pesquisa em Mudança Climática.
Segundo o documento, o total das emissões globais atingiu pela primeira vez na história a marca das 10 bilhões de toneladas, registrando um aumento de 49% com relação aos níveis de 1990.
“As emissões globais de CO2 estão em linha com as projeções mais altas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) desde 2002. Essas projeções apontam para aquecimento global muito acima dos 2ºC até 2100,” disse Corinne.
As emissões subiram 5,9% em 2010 com relação ao ano anterior, elevando a média de crescimento anual na última década para 3,1%, mais do que o triplo da média registrada nos anos 1990.
Para chegar a esses números, a análise levou em conta as emissões da queima de combustíveis fósseis assim como da produção de cimento, desmatamento e uso da terra.
“Muitos viram a crise financeira como uma chance de levar a economia global para um caminho de baixo carbono, porém os números de 2010 sugerem que essa oportunidade foi perdida”, afirmou Glen Peters, coautor e membro do Centro Internacional de Pesquisas Climáticas e Ambientais da Noruega.
O artigo destaca ainda que apesar da maioria das nações industrializadas serem ainda capazes de cumprir suas metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto, isto não significaria uma redução real nas emissões, já que as emissões terão apenas sido deslocadas para outros países por causa do comércio internacional.
Fator Homem
Em outro estudo, publicado na Nature Geoscience, pesquisadores afirmam ter conseguido separar os diferentes fatores que resultam nas mudanças climáticas e acreditam que 74% das transformações no clima são consequência da ação direta da humanidade.
Para chegar a essa conclusão, Reto Knutti e Markus Huber, cientistas climáticos do Instituto Federal de Tecnologia da Suiça analisaram a entrada e saída de calor da Terra através de modelagens computadorizadas.
Depois de rodarem o modelo milhares de vezes, alterando diversos parâmetros como a radiação solar, calor absorvido pelos oceanos e redução da cobertura de neve no planeta, os pesquisadores responsabilizaram as emissões de gases do efeito estufa por um aquecimento de 0,5ºC desde 1950.
Já o aumento da radiação solar, uma hipótese que muitos céticos apontam para justificar o aquecimento global, seria responsável por acrescentar apenas 0,07ºC na temperatura média global.
Assim, somando os 0,5ºC dos gases do efeito estufa com os 0,07ºC da radiação, os pesquisadores suíços acreditam ter atingido uma marca próxima aos 0,55ºC de aquecimento nos últimos 60 anos confirmado pela ONU e por diversas entidades científicas.

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