quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Como jogar fora… remédio vencido


(Foto: Tom Varco)
Todo mundo tem (ou já teve) remédio vencido em casa. Ele geralmente fica em caixinhas no fundo do armário – e só notamos sua existência na hora de fazer aquela faxina no guarda-roupa. Mas e aí, o que fazer com os medicamentos vencidos? Já me fiz esta pergunta mais de uma vez. Alguns colegas também já tiveram a mesma dúvida. Decidimos então esclarecer a questão coletiva em mais uma edição do “Como jogar fora…”, uma série informativa que, toda segunda-feira, traz ao Blog do Planeta explicações sobre o descarte de diferentes materiais. Desta vez, perguntamos à indústria farmacêutica.
Há dois locais adequados para jogar remédio vendido, segundo Jair Calixto, gerente de boas práticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). O primeiro é o vaso sanitário. Neste caso, o ideal é triturar o remédio antes de despejá-lo na privada. O segundo é o lixo comum mesmo. Basta jogar os comprimidos como eles saem da embalagem.
Mas o procedimento é seguro? Quando jogado no vaso, o remédio libera suas propriedades químicas na água. Isso não contamina a rede de esgoto? Estamos bebendo água infestada de hormônios de pílulas anticoncepcionais ou de substâncias usadas em medicamentos controlados com tarja preta? E no solo dos aterros sanitários, qual o impacto desses produtos? Eles chegam até o lençol freático? “O volume descartado pelo consumidor é muito pequeno. O impacto não é significativo”, diz Calixto. “Além disso, o efeito farmacológico dura até a data de validade. Se o produto vai para o esgoto ou para a terra, irá se degradar”.
Quem define onde jogar medicamentos vencidos não é o Sindusfarma. A responsável pela norma que trata do descarte dos remédios é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É ela quem diz que esses produtos devem ir para o lixo comum ou para o vaso sanitário. A despeito de haver uma regulamentação, ainda há muitas dúvidas sobre os efeitos de jogar esses medicamentos sem restrições. O próprio Calixto concorda. Ele diz que não existe sequer uma tecnologia especializada para medir o impacto dos resíduos químicos na natureza. “No futuro, talvez a gente saiba com mais precisão”.
Uma possível saída para os remédios vencidos em casa é tratá-los exatamente como a indústria farmacêutica lida com seus resíduos químicos: mandar para a incineração ou aterro especializado, com camadas de proteção do solo mais resistentes a contaminações. O desafio, neste caso, é a logística do descarte. Concentrar nas mãos de poucos a responsabilidade pelo recolhimento dos remédios poderia criar um mercado paralelo de venda de medicamentos controlados. Resolveria um problema ambiental para criar outro de saúde pública. “No mundo dos sonhos, o ideal seria não jogar nada no meio ambiente”, afirma Calixto. “Tudo tem seu risco, né?”.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Faça você mesmo: Cola caseira


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Foto: Instructab
Seja na escola, escritório ou mesmo em casa, a cola branca é um item fundamental no nosso dia a dia. O problema é que esse produto, além de conter substâncias químicas em sua composição, utiliza muita matéria-prima e energia para ser fabricado, distribuído e comercializado. Isso sem contar nas embalagens plásticas que viram lixo assim que a cola acaba.
O que acha então de reduzir esse impacto e, de quebra, economizar um dinheirinho? É só seguir esse passo a passo e fabricar sua própria cola branca. Você só precisa de alguns ingredientes simples e naturais, que todo mundo tem em casa. Para completar, a cola caseira não tem cheiro e é totalmente atóxica!
Materiais:
• 2 xícaras de chá de água filtrada;
• 2 colheres de sopa de farinha trigo;
• 1 colher de sopa de vinagre branco.

Modo de preparo:
• Ferva uma xícara e meia de água;
• Dissolva as duas colheres de farinha de trigo em 1/2 xícara de água fria;
• Abaixe o fogo e, de uma só vez, derrame a água fervendo na farinha já dissolvida;
• Mexa sem parar por cerca de 10 minutos. A consistência deve ficar parecida com a um mingau, “soltando da panela”;
• Desligue o fogo e acrescente uma colher de vinagre. Mexa bem;
• Se preferir, pode passar o conteúdo por um coador para ficar mais homogêneo;

Agora é só deixar esfriar e usar sempre que precisar!
Para evitar o desperdício, não produza mais cola do que você irá utilizar naquele momento. Quando precisar de mais cola, basta ir até a cozinha e preparar mais um pouco!
Mas caso sobre, a cola caseira pode ser armazenada na geladeira em um pote fechado por 15 a 20 dias.


Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org.br

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sustentabilidade na construção civil com tijolo verde

Tendência em diversos setores, a sustentabilidade também encontra espaço na construção civil. Para agradar o mercado, é cada vez maior o número de empresas que aderem princípios sustentáveis desde a concepção do projeto até a oferta ao cliente. Para o mestre em Sistemas de Gestão e coordenador do MBA em Construção Civil da FGV, Pedro Seixas, "a legislação ambiental e a sustentabilidade têm um impacto cada vez maior no empreendimento imobiliário, desde a compra de um terreno até as questões ambientais que vão influenciar no produto".
Prova disso, as certificações do Green Building Council são bastante cobiçadas por grandes empresas na hora de escolher sua localização física. Muitas vezes, estas edificações são capazes de reciclar seu próprio lixo, possuem sistema de captação de água da chuva e são projetados para aproveitar ao máximo a luz solar.
Outro ponto interessante é a utilização de materiais mais "verdes" na construção. De olho nesta tendência, o mestre em Engenharia Civil, Ricardo Ribeiro, e professor doutor Vsevolod Mymrine criaram a Risetech - Soluções Ambientais. Incubada no Centro de Inovações Empresariais do ISAE/FGV, a empresa é pioneira na produção de um novo conceito de tijolo, que vem para concorrer com o bloco de concreto, tijolo tradicional e tijolo solo cimento, comumente utilizados na fundamentação de construções.
Tecnologia brasileira, o Tijolo Ecológico Risetech tem como matéria prima os resíduos da construção civil e areia. Além disso, seu diferencial é a capacidade de seqüestrar CO2 da atmosfera durante seu processo de fabricação. Segundo o consultor de gestão da empresa, Almir Neves, o foco é oferecer os tijolos para lojas de materiais de construção. "A empresa ainda está em fase de estruturação, mas nossa meta é começar com 1% da produção da Região Metropolitana de Curitiba, em média 326,59 milheiros". A Risetech está em fase de estruturação e no momento busca investidores. "Temos e tecnologia necessária e o plano de negócios montado, agora é ir atrás de capital".
fontec:www.parana-online.com.br/canal/tecnologia/news/485587/?noticia=SUSTENTABILIDADE+NA+CONSTRUCAO+CIVIL+COM+TIJOLO+VERDE

segunda-feira, 25 de outubro de 2010


Sistema de irrigação utiliza material reciclado para ser feito e economiza energia


Tec Garden gera uma irrigação baseada em processos naturais



O Tec Garden é um elemento construtivo ecoeficiente que reserva as águas da chuva para irrigação de jardins sem a utilização de energia elétrica, bombas ou bicos irrigantes. O produto pode ainda contribuir para minimizar os efeitos de enchentes em grandes cidades.
O lançamento foi resultado da união entre o arquiteto Benedito Abbud e empresa Remaster.
Tec Garden 300x242 Sistema de irrigação utiliza material reciclado para ser feito e economiza energia
Sistema utilizado se assemelha ao processo natural, em que a água é absorvida pelas plantas.


















O sistema deve ser instalado sobre uma área de laje impermeabilizada, permitindo que seja instalado em residências, prédios e escritórios. Além disso, o piso elevado utilizado é 100% reciclável.
“A engenharia técnica dessa solução consiste em pedestais com “pavios”, que suportam as placas de piso elevado e criam, assim, um vão para o reservatório de água. Sobre o conjunto são colocados a manta bidim e o produto anti-raiz, elementos que garantem o fluxo de água sem interrupções ou entupimentos”, explica Paulo Paschoal, diretor de engenharia da Remaster Tecnologia.
Benedito Abbud ressalta que, uma vez implantado o jardim com forrações, arbustos, árvores e palmeiras, o sistema de irrigação funciona de maneira semelhante ao que acontece na natureza.
“As águas das chuvas penetram no solo, são filtradas pela manta bidim e ficam armazenadas no vão sob as placas. Se a chuva for intensa, um sistema de ‘ladrões’ drena o excesso e não permite que o solo encharque. Após a chuva, a água do solo evapora ou é consumida pelas plantas, secando a terra. A capilaridade, por meio dos pavios, garante a umidade do solo e a irrigação dos jardins”, explica Benedito.
Ele destaca ainda que, em casos de estiagem prolongada, o sistema prevê a captação de água da rua, o que garante irrigação contínua.
Para o arquiteto, a sustentabilidade depende principalmente das pessoas.
“Ser sustentável é desenvolver um conjunto de ações que partem de atitudes individuais, passando pelo universo cultural, até chegarem a soluções para moradias, locais de trabalho, praças e parques voltados ao lazer, bairros, cidades e, com isso, refletir de forma positiva em muitos países”, comenta Benedito.
Fonte: http://atitudesustentavel.uol.com.br


Paisagismo sustentável prioriza plantas nativasPaisagismo sustentável prioriza plantas nativas

A mudança evita o uso de adubos ou sistemas de irrigação







As plantas nativas podem ajudar na sustentabilidade de cada jardim. Isso ocorre principalmente por precisarem de menos nutrientes ou irrigação, já que estão adequadas às características específicas daquele clima.
Diacuy de Mesquita Fialho Crema, paisagista, comenta que o paisagismo não se restringe somente ao jardim, mas todas as regiões de céu aberto de uma casa ou edifício, sendo elementos naturais ou culturais.
“O paisagismo interage com todos estes elementos e busca soluções técnicas e uso de materiais que incrementem a sustentabilidade do projeto”, comenta Diacuy.
Paisagismo em condomínios.
Projeto da Diacuy em condomínio. (Foto: Divulgação)
Além disso, usar essas plantas tem outros benefícios, como sentimento de reconhecimento das pessoas com o local ou mesmo a perpetuação de espécies. E, em ambientes naturais, essas plantas já fazem parte de um ciclo – já que muitos animais se alimentam de determinadas frutas – e devem ser mantidas.
Para um projeto de paisagismo, características como onde está localizado, a topografia do terreno e a qualidade do solo são fatores determinantes de quais serão as plantas mais adequadas para aquela região. A quantidade de horas que o local fica exposto ao sol, por exemplo, deve ser adequada para o tipo de vegetação escolhida.
Uma maneira de adequar jardins que já estão prontos é utilizar os momentos de manutenção, como trocar as plantas que morreram pelas plantas da região.
Segundo Diacuy, como o Brasil é um país muito diversificado, é difícil definir genericamente qual a vegetação para cada região – o ideal é pesquisar essa informação para casa cidade.
Fonte: http://atitudesustentavel.uol.com.br/

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Princípios Éticos do Desenvolvimento Sustentável 
Por Oscar Motomura

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Como especialista em gestão e governança, tenho focado minha energia nestes últimos anos no que considero o fator crítico que define a saúde de organizações tanto públicas como privadas: a eficácia em fazer acontecer. Por isso resolvi – ao preparar esta apresentação – escolher um foco para os princípios éticos relativos ao desenvolvimento sustentável. Esse foco pode ser definido através da seguinte questão-chave:
· Quais as áreas mais sutis, menos óbvias da ética que deveriam receber maior atenção por parte de todos se quisermos ser mais eficazes na transformação de modelos não-sustentáveis de desenvolvimento para outros não só de excepcional grau de sustentabilidade, mas até de evolução/melhoria contínua?
Para ser prático, ao trabalhar esse foco resolvi ir diretamente aos princípios, em vez de teorizar ou comentar o tema. Obviamente, esses princípios são apenas sugestões e estímulos para diálogos e debates, não só quanto ao seu conteúdo como também quanto à forma de expressá-los. Podem e devem ser aperfeiçoados, a partir da contribuição de todos.
Ao redigir esses princípios e os comentários que os contextualizam, tentei também adotar a perspectiva de líderes-estadistas que representem os países da América Latina e do Caribe. Mas acredito que os princípios que proponho sejam fundamentalmente universais.


Princípio 1: Ética da Ação Efetiva


É a ética do movimento. Desenvolvimento sustentável só se torna realidade pela ação. O princípio aqui é que todas as deliberações sobre o assunto deverão sempre ir até o estágio da ação efetiva em todas as áreas que condicionam a excelência do resultado final (em consonância com o princípio ecológico da interdependência e do sistêmico). Nenhuma deliberação sobre desenvolvimento sustentável ficará, portanto, tão somente no nível de intenções teóricas, que não contemplem soluções criativas, eficazes, que levem à superação de todas as barreiras a um efetivo fazer acontecer.
A premissa aqui é que já dispomos de conhecimento suficiente, teorias suficientemente fundamentadas, evidências mais que razoáveis e tecnologias apropriadas para tomar todas as decisões necessárias para colocar nosso desenvolvimento na direção de uma sustentabilidade muito melhor do que a que temos hoje. Nosso problema hoje está na falta de mais ações pragmáticas e velocidade no fazer acontecer. Não é ético continuar procrastinando as ações que já sabemos ser necessárias. A cada dia de adiamento é possível calcular os impactos sobre a sustentabilidade e os problemas que se geram a médio e longo prazos.


Princípio 2: Ética da Intenção-Verdade


É a ética da não-manipulação, da ausência de conflito de interesses, da ausência do jogo de aparências e do autoengano. O princípio aqui é que todas as deliberações sobre desenvolvimento sustentável deverão ser feitas com base na intenção de assegurar o melhor para tudo e para todos no planeta de forma igualitária e justa, da forma mais transparente possível e sempre com real intenção de fazer o necessário acontecer (cumprir efetivamente o que se combina).
Nenhuma deliberação sobre desenvolvimento sustentável portanto deverá acontecer em ambientes de pressão (de lobistas ou de grupos de interesse segmentado) que conduzam a problemas de conflito de interesses e que desviem o processo decisório dos propósitos nobres e universais inerentes ao próprio conceito de sustentabilidade.
A premissa aqui é que em geral vivemos um ambiente de auto-engano e de inversão de valores, em que passamos a achar “normal” o jogo das promessas que sabemos que não serão cumpridas, dos acordos de bastidores, das intenções ocultas por trás de propostas aparentemente bem intencionadas etc., tudo isso afetando a sustentabilidade de nossa evolução. Obviamente nada disso é ético em todos os sentidos. Menos ético ainda é fechar os olhos para essa realidade e nada fazer a respeito, tornando permanente esse jogo de ilusões. A premissa aqui é que todo esse quadro é reversível e essa reversão é absolutamente necessária para fazer com que o desenvolvimento sustentável se torne efetiva realidade.


Princípio 3: Ética do Respeito Genuíno


É a ética do respeito verdadeiro – e não o protocolar, o institucionalizado, o genérico – a cada ser vivo do planeta. Desenvolvimento sustentável só acontece se esse respeito genuíno estiver presente na sociedade como um todo. O princípio aqui é que todas as deliberações que afetam a sustentabilidade da evolução devam ser feitas por pessoas que têm uma “sensibilidade vivida” em relação às pessoas que estão sendo afetadas (por essas deliberações) e os seres vivos envolvidos.
O princípio aqui é que essa sensibilidade não pode estar baseada apenas em relatórios, estatísticas e números. O fundamental aqui é que essas pessoas tenham uma experiência direta, “olho no olho”, presencial para chegar ao nível de respeito necessário (assim evitando decisões no “piloto automático”). Nenhuma deliberação sobre desenvolvimento sustentável será feita por pessoas de gabinete, sem essa experiência direta.
A premissa aqui é que quando as deliberações se tornam “institucionais” nas duas pontas (é um “órgão” que delibera e não pessoas; é um agrupamento “x” que está do outro lado e não pessoas), elas perdem o senso de humanidade, se “coisificam”. O mesmo pode acontecer em relação a todos os seres vivos que perdem sua individualidade e se tornam até meras estatísticas. Não é ético “coisificar” seres vivos, tornando-os não-dignos de respeito genuíno, o tipo de respeito que temos em relação às pessoas próximas, aos nossos animais, às nossas plantas.


Princípio 4: Ética do Conhecimento


É a ética do saber o que está fazendo. É a ética do tomar decisões somente em áreas nas quais se possui o conhecimento necessário. É ter consciência do risco do deliberar/ decidir sem esse conhecimento.
O princípio aqui é que todas as deliberações que afetam a sustentabilidade do desenvolvimento sejam feitas por pessoas ecologicamente alfabetizadas, pessoas que têm uma compreensão adequada de como os sistemas da Terra funcionam, de como os princípios que regem a Natureza funcionam, de como o “sistêmico” no espaço e no tempo funcionam. Nenhuma deliberação sobre o assunto deverá portanto acontecer em qualquer foro se as pessoas envolvidas não estiverem ecologicamente alfabetizadas.
A premissa aqui é que muitos problemas de sustentabilidade ocorrem no mundo todo por mera ignorância dos tomadores de decisão, dos que implantam as decisões etc. A premissa é que nossos líderes e nossos políticos precisam ser urgentemente reeducados no básico que afeta a sustentabilidade de nosso desenvolvimento integrado. Não é ético decidir sem conhecimento de causa. Não é ético tentar supersimplificar as questões críticas sobre sustentabilidade usando analogias do mundo mecânico, linear, reducionista.
A premissa aqui também é que na medida em que a população como um todo se alfabetizar ecologicamente, o desenvolvimento sustentável tenderá a ocorrer de forma natural, a partir de movimentos de baixo para cima. Será o ideal da sociedade que toma conta de si, inclusive em tudo que se refira à sustentabilidade do desenvolvimento.


Princípio 5: Ética da Integração do Tempo


É a ética que honra o passado junto com o presente e o futuro. O princípio aqui é que as deliberações que afetam a sustentabilidade do desenvolvimento não devem partir simplesmente do momento presente, ignorando as decisões tomadas no passado que produziram o estado atual. Isso significa que também é sempre essencial honrar o sistêmico no tempo e enxergar o todo maior. Nenhuma deliberação sobre sustentabilidade deverá acontecer sem levar em conta o sistêmico no tempo e no espaço, ou seja, a questão dos legados recebidos e os que deixaremos para as futuras gerações.
A premissa aqui é que em muitas partes do planeta os ativos naturais foram depletados em troca de um tipo de desenvolvimento não-sustentável. Um desenvolvimento não-sustentável mas capaz de gerar outros ativos, como tecnologia e capital. Ao ver o todo – em âmbito mundial – vemos o efeito desse desenvolvimento desequilibrado, que produziu inclusive bolsões de pobreza afetando bilhões de pessoas. Muitos países da América Latina sofreram o efeito desse desequilíbrio mas, por outro lado, estão hoje em melhores condições – em termos de ativos ecológicos – do que os países “desenvolvidos”. O exemplo do Brasil, um dos países mais ricos do mundo em ativos naturais, é típico. Honrar a integração no tempo é dar o devido valor a esses ativos naturais, que hoje são fundamentais ao planeta como um todo.
Não é ético que os países que criaram o desenvolvimento não-sustentável demandem a simples “preservação” do ativos naturais dos países em desenvolvimento. Essa preservação agora tem valor para todos. É hora de assegurar que todos que precisam desses ativos paguem pela preservação. E o valor não será baixo. Muito ao contrário, será algo bastante significativo na medida em que neste momento esses ativos são de um valor inestimável para a humanidade, ou seja, “não tem preço que pague…”. A premissa aqui, mais uma vez, é que para construir um futuro que seja o melhor para todos e para o todo (chave para a sustentabilidade) é preciso reconhecer o tipo de legado recebido e o que se pretende deixar – sempre levando em conta o sistêmico e o interdependente. Em suma, o todo.


Princípio 6: Ética da Restauração


É a ética do reconhecimento de erros e a humildade de consertá-los. O princípio aqui é que todos os erros cometidos no mundo todo em relação à questão da sustentabilidade podem ser corrigidos. Parte dessa correção é simplesmente deixar de cometer os mesmos erros e a Natureza faz a sua parte. Parte é representada por ações de recuperação/restauração. É criar condições para a restauração das florestas tropicais, despoluir rios, resgatar animais em extinção, recuperar as nascentes e despoluí-las. É claro que parte é irrecuperável. Mas grande parte pode e deve ser resgatada. É o ato de consertar e deixar “pronto para uso” para as futuras gerações.
A premissa aqui é que a restauração vale a pena e deve ser um esforço sistêmico, global, integrado, na medida em que seja do interesse de todos. O investimento para restauração é alto? Pode ser, mas qual é o custo de oportunidade aqui? Que tipo de problemas graves no futuro estaremos evitando para o planeta como um todo, para as futuras gerações de todos os povos? Que capital será empregado para essa restauração? Do mundo todo para o mundo todo. O interesse é de todos.
Não é ético conformar-se com o estado das coisas de hoje e desistir. Restaurar a Natureza é um ato nobre de reconhecimento de nossos erros. E de reconhecimento do valor de tudo que possa ser chave para o desenvolvimento sustentável no planeta.


Princípio 7: Ética do Intuitivo


É a ética que honra a percepção humana. O princípio aqui é que as deliberações sobre desenvolvimento sustentável devem honrar o intuitivo, o subjetivo, os sentimentos e não só o que é técnico, “científico”, objetivo. Nenhuma deliberação sobre sustentabilidade deverá ficar tão somente no plano do racional/intelectual, como se fosse uma ciência exata.
A premissa aqui é que temos ainda muito a aprender com a Natureza ao se buscar a chave para a sustentabilidade do desenvolvimento. Aqui a idéia não é só preservar a Natureza. É ser parceira da Natureza e descobrir junto com ela os segredos da sustentabilidade. É desvelar o conhecimento essencial sobre a vida que está contido na Natureza. O conhecimento essencial que podemos aplicar nos sistemas inventados pelo ser humano. No momento em que os sistemas artificialmente criados tiverem dentro de si a “sabedoria sistêmica” presente na Natureza, teremos chegado à real sustentabilidade.
Não é ético ficar no reducionismo do técnico-científico. Há muito a descobrir nos vazios do que já conseguimos provar cientificamente. Só conseguiremos chegar a desvendá- los pela imaginação e pela intuição.


Princípio 8: Ética do Natural


É a ética que vem das leis naturais, das leis universais. O princípio aqui é que só alcançaremos uma real evolução sustentável no momento em que o planeta como um todo se alinhar totalmente às leis universais. O princípio aqui é que todas as deliberações que afetam a sustentabilidade do desenvolvimento precisam se apoiar num conhecimento profundo de tudo que rege a Natureza. Essas leis naturais devem sempre prevalecer sobre as leis criadas pelo ser humano, que normalmente são falíveis, mutáveis e muitas vezes totalmente contrárias, em oposição às leis naturais.
A premissa aqui é que todos que lidam com sustentabilidade – na verdade a Humanidade como um todo – deveriam compreender como a Natureza opera, quais as leis que a regem. É o que os grandes cientistas estão buscando o tempo todo. Quando Einstein diz que tudo que ele quer é entender como Deus pensa (todo o resto sendo algo pequeno, trivial) é a isso que ele se refere: às leis universais que talvez pudessem ser sintetizadas numa só equação matemática (é onde a Ciência está chegando hoje, a chamada Teoria do Campo Unificado ou a Teoria do Todo).
Não é ético justificar ações que levam à não-sustentabilidade da evolução com base em leis locais (de países específicos) e mesmo aquelas geradas por organismos de âmbito mundial. No momento em que a vida no planeta como um todo está em jogo, torna-se fundamental o apoio em leis que sejam universais. Nosso grande desafio está aí. Continuar em nossa busca pelo conhecimento sobre o todo, sobre as leis da Natureza. E assegurar que todos que afetam a sustentabilidade saibam como essas leis operam. Enquanto não chegarmos lá, temos que ser humildes e reconhecer o que ainda falta conhecermos. Assim, tenderemos a decidir com mais cuidado e mais consciência.


Princípio 9: Ética da Vida


É a ética inerente ao Grande Jogo, o Jogo da Vida. O princípio aqui é que todas as deliberações sobre a questão da sustentabilidade deverão sempre levar em conta o contexto maior e o sistema que o conjunto de jogos – o jogo econômico, o jogo político, o jogo da competição global, o jogo das finanças etc. – representa. O princípio aqui é o extremo cuidado a ser tomado, principalmente ao levar em conta as irregularidades, as falácias, as ilusões, as regras explícitas e tácitas desse jogo em contraposição ao Grande Jogo da Vida, o Jogo Ideal que é capaz de gerar a sustentabilidade com a qual todos sonhamos.
Nenhuma deliberação sobre sustentabilidade deverá ser levada a efeito sem levar em conta o jogo dentro do qual as questões estão localizadas e como elas serão afetadas (pelo jogo) e como elas afetarão a dinâmica como um todo. Nenhuma deliberação deverá, também, ser feita sem levar em conta o outro jogo, o que transcende todos os outros: o Jogo da Vida (aquele definido pelas leis universais).
A premissa aqui é que o Jogo da Vida é aquele que coloca a vida acima de tudo. Acima do econômico, acima do político, acima do financeiro, comercial etc. A premissa aqui é que o desenvolvimento sustentável ideal só será possível quando a vida prevalecer sobre todos os outros valores criados pelos seres humanos. E quando formos capazes de questionar pela raiz o próprio modo de vida, padrões de consumo etc. que geram a não-sustentabilidade atual de nosso “desenvolvimento” do planeta. Não é ético atuar no jogo de ilusões onde o econômico de curto prazo prevalece até sobre a saúde global das pessoas e de todas as formas de vida no planeta. A premissa aqui é que a vida deve estar no centro de tudo.


Princípio 10: Ética do Bem Comum


É a ética do melhor para todos, sem qualquer tipo de exclusão. O princípio aqui é a busca da perfeição, a busca da Utopia Possível ao se buscar desenvolvimento sustentável. O princípio é que na prática não se pode deixar por menos, caso contrário haverá lacunas através das quais a sustentabilidade per se se inviabiliza. Um efetivo fazer acontecer exige sintonia de todos com esse padrão de perfeição.
É o propósito nobre que busca o melhor para todos, que ajuda a dissolver as diferenças em interesses e objetivos individuais, setoriais, regionais etc. Nenhuma deliberação sobre sustentabilidade deverá ser levada adiante se o propósito maior (o bem comum, o melhor para todos) não estiver claro para todos. É algo essencial para o conceito de sustentabilidade, que é sempre do todo sistêmico/interconectado e nunca de parte dele.
A premissa aqui é que sustentabilidade pressupõe cooperação plena e não competição do tipo que prevalece na sociedade hoje. A única competição positiva é aquela que vemos na Natureza, que é muito mais próxima dos jogos de criança (que pressupõem um clima de brincar juntos) do que de jogos de guerra, onde o outro é visto como inimigo. A premissa também é que o excesso de realismo e o cinismo que o acompanha é fatal para a geração de desenvolvimento sustentável.
Não é ético reduzir, rebaixar o nível de aspiração ao buscar sustentabilidade. Seria algo incongruente. Em essência, desenvolvimento sustentável é a própria busca da perfeição na sociedade como um todo.
Esta é minha contribuição para os debates. Espero que ela venha, de alguma forma, contribuir para a efetiva realização do mundo dos sonhos de todos nós. Obrigado.

Oscar Motomura
*Oscar Motomura, diretor geral da Amana-Key, empresa especializada em inovações radicais em gestão.
Contato: motomura@amana-key.com.br



fFonte: ecodesenvolvimento.org.br

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ranking mundial aponta países mais vulneráveis às mudanças climáticas

mapa
Ao clicar na imagem você tem a opção baixar o PDF para visualizar o mapa ampliado/Imagem: Maplecroft



Uma consulta feita com 170 países pela empresa britânica Maplecroft divulgada nesta quarta-feira, 20 de outubro, aponta as regiões do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas. Segundo o levantamento, o Sul da Ásia é a região de maior fragilidade às alterações do clima, em razão da crescente população exposta a inundações, secas, tempestades e elevação do nível do mar.
O Índice de Vulnerabilidade pelas Mudanças Climáticas pretende ser um guia para o investimento estratégico e a adoção de políticas. Dos 16 países listados como em risco "extremo" devido às mudanças climáticas nos próximos 30 anos, cinco são do Sul da Ásia, com Bangladesh e Índia em primeiro e em segundo lugares, respectivamente, Nepal em quarto, Afeganistão em oitavo e Paquistão em 16º. A China (49º) e o Japão (86º) estão na categoria de "alto risco", assim como o Brasil (81º) - nossa equipe tentou entender as razões para essa colocação brasileira no ranking, mas não obteve êxito.
A metodologia adotada pela empresa global de aconselhamento de riscos se baseia em 42 fatores sociais, econômicos e ambientais, o que inclui a capacidade de resposta dos governos, no intuito de avaliar o risco para a população, os ecossistemas e os negócios em função das mudanças climáticas.
O Sul da Ásia é especialmente vulnerável por causa de mudanças em padrões climáticos que resultam em desastres naturais, como as recentes inundações no Paquistão e Bangladesh, que afetaram mais de 20 milhões de pessoas. "Há evidências crescentes de que as mudanças climáticas aumentam a intensidade e a frequência de eventos climáticos", afirmou à AFP Anna Moss, analista ambiental da empresa.
Insegurança alimentar e fome
Bangladesh ocupa a primeira posição do ranking devido a uma dupla má sorte. O país asiático tem o maior risco tanto de seca quanto de fome, além de lutar contra a pobreza extrema e a alta dependência na agricultura (o setor econômico mais afetado pelas mudanças climáticas). Como se não bastasse, possui o governo menos capaz de responder aos impactos climáticos, na avaliação da Maplecroft.
Sobre a Índia, segundo país mais populoso do mundo (só atrás da China) com cerca de 1,5 bilhão de habitantes, a empresa britânica observou que "Quase todo (o país) tem um alto nível ou nível extremo de sensibilidade às mudanças climáticas, devido à severa pressão populacional e ao consequente abuso de recursos naturais. A isto se soma um alto nível de pobreza, baixa qualidade da saúde em geral e dependência agrícola de grande parte da população."
Entre os países da categoria de "médio risco" estão a Rússia (117º), os Estados Unidos (129º), a Alemanha (131º), a França (133º) e a Grã-Bretanha (138º). A Noruega lidera o pequeno grupo de 11 países considerados em baixo risco, dominado pelos escandinavos e pelos holandeses, que têm trabalhado para defender seu território, situado abaixo do nível do mar, da elevação das águas dos mares.
"As vulnerabilidades mais sérias às mudanças climáticas foram encontradas no grupo de países em desenvolvimento com sistemas socioeconômicos mal equipados para responder a desafios como a segurança alimentar e hídrica, além de sofrerem com economias instáveis e instituições fracas. Este é o caso de um grande número de países, estando o Sul da Ásia e a África no centro das preocupações", concluiu Fiona Place, também da Maplecroft.
Com informações da AFP
Fonte: Ecodesenvolvimento.org.br




terça-feira, 19 de outubro de 2010

Homem está acabando com a vida na Terra, alerta diretor da ONU


193 países se reúnem na abertura da conferência sobre biodiversidade em Nagoya

Na abertura da décima edição da Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10), o diretor do programa para meio ambiente das Nações Unidas (ONU), Achim Steiner, foi enfático ao afirmar que o homem está acabando com a vida na Terra. "Este é o único planeta no universo em que sabemos que existe vida como a nossa e estamos destruindo as bases que a sustentam", alertou. 

O encontro começou nesta segunda-feira em Nagoya, no Japão, e termina no dia 29 de outubro. Durante estas próximas duas semanas, representantes de 193 países vão avaliar as metas de preservação ambiental assumidas para este ano e definir quais serão os próximos objetivos até 2020. 

O tom pessimista pôde ser observado ainda nos discursos de outras autoridades e especialistas da área ambiental, que chegaram a afirmar que o mundo está caminhando para uma fase de extinção na mesma proporção do período em que os dinossauros desapareceram da Terra. Para eles, a destruição da natureza tem afetado diretamente a sociedade e a economia. 

A ONU estima que a perda da biodiversidade custa ao mundo entre US$ 2 trilhões (R$ 3,2 trilhões) e US$ 5 trilhões (R$ 8 trilhões) por ano, principalmente nas partes mais pobres. "(O monge budista) Teitaro Suzuki disse que 'o problema da natureza é um problema da vida humana'. Hoje, infelizmente, a vida humana é um problema para a natureza", disse o ministro do Meio Ambiente do Japão, Ryo Matsumoto. 

"Temos de ter coragem de olhar nos olhos das nossas crianças e admitir que nós falhamos, individualmente e coletivamente, no cumprimento das metas prometidas no encontro de Johanesburgo (em 2002)", completou o ministro. 

Matsumoto lembrou ainda que a perda da biodiversidade pode chegar a um ponto irreversível se não for freada a tempo. "Toda a vida na Terra existe graças aos benefícios da biodiversidade, na forma de terra fértil e água e ar limpos. Mas estamos agora próximos de perder o controle se não fizemos grandes esforços para conservar a biodiversidade", disse. 

Sinais de esperança
Jane Smart, chefe do programa de espécies da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), disse que, apesar do problema ser grande e complexo, existem alguns sinais de esperança. 

"A boa notícia é que quando nós promovemos a conservação, ela realmente funciona; gradativamente estamos descobrindo o que fazer, e quando nós fazemos, as coisas dão muito certo", disse a pesquisadora à BBC News. 

"Precisamos fazer muito mais para conservar, como proteger áreas, particularmente o mar. Temos de salvar vastas áreas do oceano e os cardumes de peixes. Isso não significa que devemos parar de comer peixes, mas comer de uma forma sustentável", afirmou Jane. 

O Brasil também participa do encontro e vai pressionar os países ricos para obter recursos em torno de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) por ano para a preservação ambiental, além de exigir metas globais mais específicas contra a perda da biodiversidade. 

Outro ponto defendido pela comissão brasileira é a cobrança de royalties pelo uso de recursos vegetais e animais. A ideia é que empresas que utilizam matérias-primas provenientes de nações em desenvolvimento repassem uma parte do dinheiro às comunidades locais.


fonte: BBC Brasil | 18/10/2010