Deslocamento de geleiras na Groenlândia se acelera e aumenta elevação do mar: relatórios
Autor: Deborah Zabarenko - Fonte: Reuters
Algumas das geleiras da Groenlândia estão se deslocando cerca de 30% mais rapidamente do que faziam há dez anos, contribuindo para o aumento global dos níveis do mar, mas isso pode ainda não ser o suficiente para atingir as projeções mais extremas para 2100, reportaram cientistas na quinta-feira.
Pesquisadores têm monitorado grandes camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica por décadas como uma indicação do impacto das mudanças climáticas estimuladas pelo homem.
Feitas de neve compactada, essas geleiras podem se mover em direção ao mar, e quando chegam lá, liberam água nos oceanos ao seu redor. Quanto mais rapidamente elas se movimentam, mas água elas liberam, e mais elevados os oceanos ficam.
Nem todas as geleiras se deslocam no mesmo ritmo, de acordo com Twila Moon e os coautores da Universidade de Washington e da Universidade Estadual de Ohio, cuja pesquisa foi publicada na edição atual do periódico Science.
Geleiras terrestres sem saída para o mar têm velocidades máximas de nove a 97,5 metros por ano, os pesquisadores descobriram, enquanto as oceânicas podem se mover 11 quilômetros por ano.
As geleiras que fluem no mar em torno da Groenlândia são as que devem ser observadas, disse Moon em uma entrevista por telefone, pois é nelas que 80% das perdas de gelo na Groenlândia ocorrem.
Pesquisas de satélite de mais de 200 geleiras mostraram que as que se movem comparativamente mais rápido nas áreas leste, sudeste e nordeste da Groenlândia aumentaram sua velocidade em média 30% de 2000 a 2011.
Os pesquisadores descobriram que as geleiras que vão para a água não estão acelerando tanto quanto havia sido especulado em projeções anteriores sobre o pior que poderia acontecer. Baseada nessas projeções, havia uma previsão prévia do aumento do nível do mar de cerca de 1,8 metro até o final do século.
NÃO É O PIOR CASO, MAIS AINDA É ARRISCADO
Isso poderia ser suficiente para inundar partes dos EUA, costa do Golfo, Alasca, Itália, França, Inglaterra, Escócia, Dinamarca, Brasil, Índia, Sirilanka, Bangladesh, China, Japão, península coreana, sudeste da Ásia e Austrália, segundo mapas do aumento do nível do mar do Centro de Sensoriamento Remoto de Camadas de Gelo.
As últimas pesquisas indicam que isso é improvável até 2100.
“Dois metros é realmente uma espécie de pior caso”, afirmou Moon. “Agora temos o luxo de um pouco mais de tempo e de sermos capazes de realmente analisarmos as observações dos últimos dez anos. Nesse ponto não parece que haja qualquer evidência de um cenário de pior caso.”
Uma projeção baixa de 20 centímetros está dentro do alcance, descobriram os cientistas, e mesmo um pequeno aumento no nível do mar pode elevar os riscos de tempestades e inundações. Como Moon coloca, “se você aumenta o piso de uma quadra de basquete, você vai ter muito mais ‘enterradas’.”
Por causa de múltiplos fatores que contribuem para um aumento do nível do mar, é difícil determinar o impacto exato do derretimento das geleiras da Groenlândia. Os mares têm se elevado um pouco mais do que 30 milímetros por ano.
Apenas saber quanto gelo está derretendo ao redor da Groenlândia não fornece o quadro completo, de acordo com outro artigo da Science. Projeções regionais de aumento do nível do mar são complicadas, mas são necessárias, declarou o coautor Joshua Willis, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
“O que as pessoas realmente precisam saber é ‘como o nível do mar vai me afetar?’”, disse Willis em uma entrevista por telefone. Para descobrir isso, afirmou ele, os cientistas devem não apenas desvendar a situação de derretimento das geleiras em escala global, mas também acrescentar fatores como vento, geologia, temperatura da água e mesmo a gravidade, que podem ter impactos poderosos em áreas específicas.
No sul da Louisiana, por exemplo, a terra está afundando à medida que os mares estão se elevando, criando potencialmente um problema duplo. Na Groenlândia, em compensação, a terra pode na verdade se elevar à medida que o grande peso das geleiras se desloca, como a almofada de um sofá se recuperando depois que uma pessoa se levanta.
Traduzido por Jéssica Lipinski
Leia o original (inglês)
Pesquisadores têm monitorado grandes camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica por décadas como uma indicação do impacto das mudanças climáticas estimuladas pelo homem.
Feitas de neve compactada, essas geleiras podem se mover em direção ao mar, e quando chegam lá, liberam água nos oceanos ao seu redor. Quanto mais rapidamente elas se movimentam, mas água elas liberam, e mais elevados os oceanos ficam.
Nem todas as geleiras se deslocam no mesmo ritmo, de acordo com Twila Moon e os coautores da Universidade de Washington e da Universidade Estadual de Ohio, cuja pesquisa foi publicada na edição atual do periódico Science.
Geleiras terrestres sem saída para o mar têm velocidades máximas de nove a 97,5 metros por ano, os pesquisadores descobriram, enquanto as oceânicas podem se mover 11 quilômetros por ano.
As geleiras que fluem no mar em torno da Groenlândia são as que devem ser observadas, disse Moon em uma entrevista por telefone, pois é nelas que 80% das perdas de gelo na Groenlândia ocorrem.
Pesquisas de satélite de mais de 200 geleiras mostraram que as que se movem comparativamente mais rápido nas áreas leste, sudeste e nordeste da Groenlândia aumentaram sua velocidade em média 30% de 2000 a 2011.
Os pesquisadores descobriram que as geleiras que vão para a água não estão acelerando tanto quanto havia sido especulado em projeções anteriores sobre o pior que poderia acontecer. Baseada nessas projeções, havia uma previsão prévia do aumento do nível do mar de cerca de 1,8 metro até o final do século.
NÃO É O PIOR CASO, MAIS AINDA É ARRISCADO
Isso poderia ser suficiente para inundar partes dos EUA, costa do Golfo, Alasca, Itália, França, Inglaterra, Escócia, Dinamarca, Brasil, Índia, Sirilanka, Bangladesh, China, Japão, península coreana, sudeste da Ásia e Austrália, segundo mapas do aumento do nível do mar do Centro de Sensoriamento Remoto de Camadas de Gelo.
As últimas pesquisas indicam que isso é improvável até 2100.
“Dois metros é realmente uma espécie de pior caso”, afirmou Moon. “Agora temos o luxo de um pouco mais de tempo e de sermos capazes de realmente analisarmos as observações dos últimos dez anos. Nesse ponto não parece que haja qualquer evidência de um cenário de pior caso.”
Uma projeção baixa de 20 centímetros está dentro do alcance, descobriram os cientistas, e mesmo um pequeno aumento no nível do mar pode elevar os riscos de tempestades e inundações. Como Moon coloca, “se você aumenta o piso de uma quadra de basquete, você vai ter muito mais ‘enterradas’.”
Por causa de múltiplos fatores que contribuem para um aumento do nível do mar, é difícil determinar o impacto exato do derretimento das geleiras da Groenlândia. Os mares têm se elevado um pouco mais do que 30 milímetros por ano.
Apenas saber quanto gelo está derretendo ao redor da Groenlândia não fornece o quadro completo, de acordo com outro artigo da Science. Projeções regionais de aumento do nível do mar são complicadas, mas são necessárias, declarou o coautor Joshua Willis, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
“O que as pessoas realmente precisam saber é ‘como o nível do mar vai me afetar?’”, disse Willis em uma entrevista por telefone. Para descobrir isso, afirmou ele, os cientistas devem não apenas desvendar a situação de derretimento das geleiras em escala global, mas também acrescentar fatores como vento, geologia, temperatura da água e mesmo a gravidade, que podem ter impactos poderosos em áreas específicas.
No sul da Louisiana, por exemplo, a terra está afundando à medida que os mares estão se elevando, criando potencialmente um problema duplo. Na Groenlândia, em compensação, a terra pode na verdade se elevar à medida que o grande peso das geleiras se desloca, como a almofada de um sofá se recuperando depois que uma pessoa se levanta.
Traduzido por Jéssica Lipinski
Leia o original (inglês)
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