sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Em quatro anos, permaneceu em 5% a parcela de consumidores conscientes no Brasil
Entre 2006 e 2010, manteve-se em 5% o percentual da população brasileira que adere a valores e comportamentos mais sustentáveis de consumo. São os chamados consumidores conscientes. Considerando-se o aumento populacional nesse período, houve, entretanto, um crescimento de cerca de 500 mil consumidores conscientes.


Os dados são da pesquisa inédita “O Consumidor Brasileiro e a Sustentabilidade: Atitudes e Comportamentos frente o Consumo Consciente, Percepções e Expectativas sobre a Responsabilidade Social Empresarial. Pesquisa 2010”, realizada e apresentada pelos institutos Akatu e Ethos, nesta terça-feira (14/12), em São Paulo. O levantamento foi feito com o patrocínio de Bradesco, Faber Castell, Santander e Walmart e executada pela GfK.


“A manutenção significativa dos níveis mais altos do consumo consciente é um dado bastante positivo, principalmente porque parte das informações foi coletada durante o terceiro trimestre de 2010, quando se registrou o maior crescimento econômico dos últimos anos no país”, considera Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu. “O mais importante é que as práticas sustentáveis não foram abandonadas devido ao aumento dos benefícios financeiros”, completa.

Jorge Luis Numa Abrahão, presidente do Instituto Ethos, ressaltou os esforços desenvolvidos no Brasil para a construção da sustentabilidade. “O entendimento do comportamento do consumidor é fundamental nesse processo e, aqui no Brasil, é notável a consistência dos esforços nesse sentido em relação a outros países do mundo”, defende Abrahão. “Este levantamento serve como trânsito para uma economia verde e responsável”.

“Há um movimento grande de crescimento da população consumidora no Brasil, mas ela é acompanhada do crecimento de um perfil crítico e exigente, por isso a importância de estudos como este”, afirma Lincoln Cesário Fernandes, gerente da Responsabilidade Socioambiental do Bradesco, apoiador estratégico do Akatu. “Os consumidores não olham apenas para o produto, mas para a empresa como um todo. Há 10 anos não era assim”, completa Sandro Marques, gerente executivo de Desenvolvimento Sustentável do Santander, apoiador estratégico do Akatu.

Para Elaine Mandando, gerente de Marketing da Faber Castell, apoiador benemérito do Akatu “as informações disponibilizadas pela pesquisa aceleraram o movimento em direção a um mundo mais sustentável”. Daniela De Fiore, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade do Walmart Brasil, apoiador estratégico do Akatu, disse que “a pesquisa é uma contribuição única para o entendimento entre empresas e consumidores para a busca de um crescimento sustentável”.

Aumenta o percentual de consumidores “indiferentes”
De acordo com a pesquisa, cresceu em 12 pontos percentuais (de 25% para 37% do total) o segmento de consumidores mais distante destes valores e comportamentos, o grupo dos consumidores chamado de “Indiferente”.

A maior queda foi registrada em comportamentos ligados à economia e ao planejamento. Práticas como evitar deixar lâmpada acesa em ambientes desocupados, que eram realizadas por 77% da população brasileira em 2006, hoje é praticado por 69%. O planejamento de compras de alimentos é pratica por 48% da população, há quatro anos, esse comportamento era adotado por 55% da população.

“Cresceu o número da população com poder aquisitivo no Brasil nos últimos anos e esse fator interfere diretamente na avaliação dos comportamentos de consumo”, explica Aron Belinky, consultor do Instituto Akatu, que fez a apresentação da pesquisa.

Além disso, o termo Sustentabilidade desperta muito pouco interesse na população, além de ser um assunto mais abstrato e, portanto, mais difícil de ser compreendido e transformado em prática do dia-a-dia, 56% dos consumidores nunca ouviram falar em Sustentabilidade.

Consumidores premiam empresas mais responsáveis e punem as menos responsáveis. Eles repudiam a propaganda enganosa e o tema que mais conta pontos positivos são as relações de trabalho: 80% dos consumidores apontam o desenvolvimento de alguma ação ligada à dimensão “Direito das Relações de Trabalho” como importante para que uma empresa seja considerada socialmente responsável.

A pesquisa ouviu 800 mulheres e homens, com idade igual ou superior a 16 anos, de todas as classes sociais e regiões geográficas do país, nas seguintes localidades: regiões metropolitanas (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém), capitais (Goiânia e Manaus) e Distrito Federal.

Veja a pesquisa completa e o resumo de conclusões.

Esta publicação integra a série sobre Responsabilidade Social e se soma à pesquisa “Práticas e Perspectivas da RSE no Brasil – 2008”, aos relatórios sobre “Percepção da RSE pelo Consumidor Brasileiro” (seis publicações, começando em 2000), e aos relatórios das pesquisas Akatu nºs 3, 4, 5, 6, 7 (desde 2003), todos disponíveis aqui.

Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

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