quinta-feira, 9 de junho de 2011

Novo estudo confirma aceleração do derretimento do Ártico


O Ártico está derretendo mais rápido que o esperado e pode aumentar o nível do mar em 1,5 metro, de acordo com um estudo do Programa de Avaliação e Monitoramento do Ártico (AMAP, da sigla em inglês), que contém os dados mais abrangentes dobre as alterações climáticas no Ártico. Estudos anteriores indicavam uma elevação de até 59 cm no nível do mar.

O estudo divulgado em 4 de maio, destaca que as temperaturas do Ártico nos últimos seis anos foram as mais elevadas desde que as medições começaram em 1880 e que mecanismos de feedback apontam para o início de uma aceleração do aquecimento do clima.

Um dos mecanismos envolve a maior absorção de calor pelo oceano quando não está coberto por gelo. O gelo reflete a energia do sol, ao contrário do oceano que é mais escuro e absorve esta energia. Este efeito foi antecipado por cientistas “mas a evidência clara só foi observada no Ártico nos últimos cinco anos”, afirmou o estudo da AMAP.

O relatório também contesta algumas das previsões feitas, em 2007, pelo Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC/ONU). A cobertura de gelo do mar no Ártico, por exemplo, está encolhendo mais rápido que o projetado pelo painel da ONU. O nível de cobertura de gelo no verão tem sido igual ou próximo do recorde a cada ano desde 2001, disse o relatório, prevendo que o oceano Ártico estará praticamente livre de gelo durante o verão em 30 ou 40 anos.

De acordo com a avaliação da AMAP, o painel da ONU foi muito conservador ao estimar quanto o nível do mar vai subir – um dos aspectos mais vigiada do aquecimento global por causa do impacto potencialmente catastrófico sobre as cidades costeiras e países-ilha. O derretimento das geleiras e calotas polares do Ártico, incluindo o gelo da Groenlândia, está projetado para elevar o nível global do mar de 90 a 160 cm até 2100, de acordo com a AMAP. Os aumentos foram projetados tendo como ano-base 1990.

Isto é mais que a projeção feita pelo IPCC, em 2007, cuja elevação seria entre 19 e 59 cm, e que não considerava a dinâmica das calotas polares no Ártico e na Antártida.

"O aumento da temperatura média anual, desde 1980, é o dobro no Ártico em comparação com resto do mundo”, disse o estudo. As temperaturas agora estão mais elevadas do que a qualquer momento nos últimos 2 mil anos, segundo o estudo.

“As mudanças observadas nos últimos 10 anos no gelo marinho do Oceano Ártico, na massa de gelo da Groenlândia e nas calotas polares são dramáticas e representam uma alteração óbvia nos padrões de longo prazo”, afirmou o estudo da AMAP.

A mudança deve literalmente cobrir algumas pequenas ilhas, arruinar vastas extensões de terra utilizadas para plantações e aumentar a intensidade de vulcões ativos e outros eventos naturais extremos. Mesmo tratando-se de um evento relativamento lento, ele deve trazer consequências devastadoras para as cidades costeiras, principalmente as densamente povoadas e de localização mais baixa como algumas regiões de Bangladesh, Vietnã e China, alertam os cientistas.

O relatório da AMAP afirmou que o derretimento de geleiras e camadas de gelo em todo o mundo tem se tornado o maior responsável pelo aumento do nível do mar. Sozinha, a Groenlândia corresponde por mais de 40% dos 3,1 milímetros de elevação do nível do mar observado anualmente entre 2003 e 2008. A perda de massa de gelo da Groenlândia, que cobre uma área do tamanho do México, aumentou de 50 gigatoneladas entre 1995-2000 para mais de 200 gigatoneladas entre 2004-2008.

Cientistas ainda estão debatendo quanto da mudança observada no Ártico se deve às variações naturais e quanto ao aquecimento causado pela emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa. A AMAP projetou que a média das temperaturas de inverno e outono no Ártico vai subir de 3 a 6º C até 2080, mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa sejam menores que na década passada.



Fonte: http://novo.maternatura.org.br

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