sexta-feira, 14 de julho de 2017

Iceberg com quatro vezes a área de São Paulo se desprende na Antártida

Iceberg Antartida
Imagem aérea da gigantesca fenda na plataforma de gelo Larsen C. 

Um dos maiores icebergs da história, com quase quatro vezes a área da cidade de São Paulo, se rompeu na Antártida. O bloco de gelo, de 5.800 quilômetros quadrados e um trilhão de toneladas, provavelmente será chamado de A68, segundo cientistas do projeto Midas, uma missão britânica que pesquisa os efeitos do aquecimento global sobre o continente gelado.


“É um dos maiores icebergs em registro e seu futuro é difícil de prever. Pode se manter como um único bloco, mas é mais plausível que se rompa em vários fragmentos. Uma parte do gelo pode permanecer na área por décadas, enquanto outras partes poderiam sair à deriva em direção ao norte”, explica em um comunicado o glaciologista Adrian Luckman, coordenador do projeto Midas. Há uma semana, a Agência Espacial Europeia (ESA) já havia alertado que o iceberg poderia representar “um perigo para o tráfego marítimo”.
O iceberg se desprendeu da barreira Larsen C, uma plataforma de gelo flutuante anexada à Antártida ocidental, ao sul do continente americano. Não se espera uma alteração do nível do mar, assim como um cubo de gelo já presente em um copo de água não altera o volume total ao derreter-se.
Cientistas do projeto Midas estimam que o iceberg se separou da Antártida em algum momento entre segunda-feira, 10 de julho, e esta quarta-feira. O desprendimento final foi detectado nesta quarta-feira graças ao satélite Aqua, da NASA. Pesquisadores da ESA calcularam que os pedaços do iceberg poderiam chegar até as Ilhas Malvinas, território britânico a algumas centenas de quilômetros da costa argentina.
“Embora seja um evento natural e não tenhamos conhecimento de qualquer vínculo com a mudança climática induzida pelo homem, o rompimento coloca a plataforma de gelo [Larsen C] em uma situação muito vulnerável”, avalia Martin O’Leary também glaciologista do projeto Midas. A separação do iceberg reduz em 12% a superfície total da Larsen C.
Conforme explicava o geólogo espanhol Jerónimo López na semana passada, o desprendimento do A68 enfraquece a parte frontal da barreira de gelo, que atua como um muro de contenção contra o impulso das geleiras que estão atrás. “Esse gelo sim, que está sobre o continente, pode aumentar o nível do mar quando se derrete. Aí está a relevância deste fenômeno”, disse López, ex-presidente do SCAR, principal órgão internacional de pesquisa sobre a Antártida.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/12/ciencia/1499859353_023574.html

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