quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Como jogar fora… remédio vencido


(Foto: Tom Varco)
Todo mundo tem (ou já teve) remédio vencido em casa. Ele geralmente fica em caixinhas no fundo do armário – e só notamos sua existência na hora de fazer aquela faxina no guarda-roupa. Mas e aí, o que fazer com os medicamentos vencidos? Já me fiz esta pergunta mais de uma vez. Alguns colegas também já tiveram a mesma dúvida. Decidimos então esclarecer a questão coletiva em mais uma edição do “Como jogar fora…”, uma série informativa que, toda segunda-feira, traz ao Blog do Planeta explicações sobre o descarte de diferentes materiais. Desta vez, perguntamos à indústria farmacêutica.
Há dois locais adequados para jogar remédio vendido, segundo Jair Calixto, gerente de boas práticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). O primeiro é o vaso sanitário. Neste caso, o ideal é triturar o remédio antes de despejá-lo na privada. O segundo é o lixo comum mesmo. Basta jogar os comprimidos como eles saem da embalagem.
Mas o procedimento é seguro? Quando jogado no vaso, o remédio libera suas propriedades químicas na água. Isso não contamina a rede de esgoto? Estamos bebendo água infestada de hormônios de pílulas anticoncepcionais ou de substâncias usadas em medicamentos controlados com tarja preta? E no solo dos aterros sanitários, qual o impacto desses produtos? Eles chegam até o lençol freático? “O volume descartado pelo consumidor é muito pequeno. O impacto não é significativo”, diz Calixto. “Além disso, o efeito farmacológico dura até a data de validade. Se o produto vai para o esgoto ou para a terra, irá se degradar”.
Quem define onde jogar medicamentos vencidos não é o Sindusfarma. A responsável pela norma que trata do descarte dos remédios é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É ela quem diz que esses produtos devem ir para o lixo comum ou para o vaso sanitário. A despeito de haver uma regulamentação, ainda há muitas dúvidas sobre os efeitos de jogar esses medicamentos sem restrições. O próprio Calixto concorda. Ele diz que não existe sequer uma tecnologia especializada para medir o impacto dos resíduos químicos na natureza. “No futuro, talvez a gente saiba com mais precisão”.
Uma possível saída para os remédios vencidos em casa é tratá-los exatamente como a indústria farmacêutica lida com seus resíduos químicos: mandar para a incineração ou aterro especializado, com camadas de proteção do solo mais resistentes a contaminações. O desafio, neste caso, é a logística do descarte. Concentrar nas mãos de poucos a responsabilidade pelo recolhimento dos remédios poderia criar um mercado paralelo de venda de medicamentos controlados. Resolveria um problema ambiental para criar outro de saúde pública. “No mundo dos sonhos, o ideal seria não jogar nada no meio ambiente”, afirma Calixto. “Tudo tem seu risco, né?”.

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