Absorção de CO2 é mais eficaz com florestas ao redor de plantações de cana
Em média, estima-se que a plantação de cana emita 800 kg de carbono a mais por ano do que é capaz de absorver/Foto: jennifrog
O Brasil precisa ter áreas significativas de florestas ao redor das plantações de cana para ter mais eficiência no sequestro de carbono, de acordo com a conclusão de um grupo de cientistas liderado pelo biólogo da USP Marcos Buckeridge, diretor científico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia.
Em artigo para à revista Global Change Biology Bioenergy, ele e colegas afirmam que áreas florestais intercaladas com a cana, técnica batizada de "caminho de meio", reduziria o impacto da produção quanto às emissões de carbono, principalmente onde ainda são feitas queimadas após a colheita.
Os pesquisadores querem informações precisas sobre a área de floresta necessária para reduzir os impactos da produção. "Vamos levantar quantas florestas ainda existem na região dos canaviais de São Paulo para ver quanto mais teríamos de plantar", afirmou Buckeridge à Folha.com. Atualmente, 75% das emissões de carbono do Brasil são provenientes da atividade agropecuária.
A cana consegue absorver cerca de 7,4 toneladas de carbono por hectare a cada ano. Em média, estima-se que a plantação emita 800 kg de carbono a mais por ano do que é capaz de absorver, por causa das emissões do transporte e da queima. As florestas absorvem 17 vezes mais: 140 toneladas ao ano. Essa taxa é ainda maior nas florestas mais novas (de até 30 anos) e em fase de crescimento.
O biólogo quer calcular quanto carbono é armazenado por esses fragmentos de floresta e analisar os benefícios que a presença de áreas florestadas podem trazer ao cultivo. Esse trabalho será feito em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e deve ficar pronto em dois meses.
"É uma pena não termos os dados antes da votação do Código Florestal [que tramita no Senado]", lamentou o especialista. O novo código prevê a redução de áreas florestais para aumentar atividade agropecuária em regiões como margens de rios. Segundo a senadora Kátia Abreu, o texto deverá ser votado até outubro deste ano.
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