domingo, 6 de julho de 2014

Estudo indica que REDD+ reduz emissões, mas pode ser prejudicial para biodiversidade



Um grupo de pesquisadores analisou o avanço de programas de REDD+ nos Andes e concluiu que a opção por conservar áreas florestais ricas em carbono acaba refletindo na não proteção de regiões ricas em biodiversidade. “Neste estudo, mostramos que as estratégias de proteção na província de Antioquia (Colômbia) centradas no carbono apresentam como resultado positivo a redução das emissões de gases do efeito estufa ao prevenir o desmatamento, mas possuem como efeito negativo o aumento do risco de extinção de espécies cujos habitats são ambientes pobres em carbono”, afirmam os autores.


Segundo o trabalho The dangers of carbon-centric conservation for biodiversity: a case study in the Andes, publicado no periódico “Tropical Conservation Science”, a escolha das áreas que vão ser abrangidas pelo REDD+ é feita através do cálculo da biomassa das árvores, já que o objetivo principal é manter o armazenamento do carbono. Assim, a região a ser protegida não é necessariamente de importância para a biodiversidade.

O pior, de acordo com os autores, é que ao se decidir o que será protegido, praticamente está se dizendo o que não será protegido, o que deixa áreas ricas em biodiversidade, mas pobres em carbono, vulneráveis à exploração. “O predomínio do desejo de frear as mudanças climáticas ‘carbonizou’ a agenda da conservação internacional, colocando no centro ações como o REDD+ e marginalizando as necessidades da biodiversidade”, explicam.

No caso de Antioquia, os pesquisadores afirmam que o aumento da proteção e da fiscalização das terras mais altas e de suas exuberantes árvores, vai, provavelmente, exacerbar o desmatamento nas terras mais baixas, que possuem uma variedade maior de plantas e animais. “Em alguns dos nossos cenários, o risco de extinção nas terras abaixo dos 1.500 metros aumenta dramaticamente com a expansão do REDD+.”

Os autores recomendam que o melhor caminho é promover mudanças urgentes nas estruturas e prioridades dos mecanismos de conservação centrados no carbono.

“Queremos deixar claro que não negamos a utilidade do REDD+ e de outros programas de carbono (...) Mas é preciso alinhar os sistemas de pagamento de conservação com princípios que incluam a preservação da biodiversidade. Qualquer política de preservação, para ser bem sucedida, precisa analisar e levar em conta as áreas mais ricas em espécies, algo que ainda não acontece nas estratégias centradas no carbono”, conclui o estudo.

Vale destacar que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) já vem discutindo maneiras de melhorar as salvaguardas ambientais do REDD+, e que na última Conferência do Clima (COP 19), realizada no fim de 2013, o mecanismo ganhou melhores regras nesse sentido.

Fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=719

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