quarta-feira, 30 de abril de 2014

Empresas podem ter 'impacto ambiental positivo', diz relatório



Quando procuramos corporações que desenvolvem produtos ou serviços ‘sustentáveis’, geralmente buscamos empresas que, por exemplo, produzem o carro ‘menos poluente’ ou a mercadoria que gera ‘menos lixo’ etc. Se pararmos para analisar, isso significa que estamos financiando companhias que ‘poluem menos’ o meio ambiente, mas que ainda assim geram impactos negativos sobre a natureza, numa espécie de abordagem ‘dos males, o menor’.

Mas será que é possível que as firmas possam ter um impacto realmente positivo sobre os ecossistemas, ajudando a recuperar o meio ambiente? Pelo menos segundo um novo relatório do Forum for the Future, The Climate Group e WWF-UK, a resposta parece ser sim: algumas estratégias podem fazer com que as corporações passem do atual estado de ‘fazer menos mal’ para de fato irem além e melhorarem a situação da natureza.
O documento ‘Net Positive: A new way of doing business’ (algo como ‘Efeito Positivo Líquido: uma nova forma de fazer negócio’) argumenta que esse tipo de estratégia pode ter efeitos muito benéficos para uma empresa, dando a ela vantagem competitiva, segurança na cadeia de suprimentos e o espaço para inovar produtos e serviços, levando a organização a uma posição de liderança.
O relatório estabelece 12 princípios que norteiam essa abordagem de impacto positivo. São eles:
1. A organização visa ter um impacto positivo nas áreas de seus materiais chave;
2. O impacto positivo é claramente demonstrável, se não mensurável;
3. Assim como ter um impacto positivo nas áreas de seus materiais chave, a organização também mostra boas práticas em responsabilidade e sustentabilidade corporativa em todo o espectro de áreas de impacto social, ambiental e econômica, em conformidade com padrões globalmente aceitos;
4. A organização investe em inovação em produtos e serviços, entra em novos mercados, trabalha em toda a cadeia de valores e em alguns casos desafia o modelo de negócios vigente de que depende;
5. Um impacto positivo líquido muitas vezes exige uma grande mudança em abordagem e resultados, e não pode ser atingido pelo business-as-usual;
6. O reporte de progressos é transparente, consistente, autêntico e verificado independentemente quando possível. Limites e possibilidades são claramente definidos e levam em conta tanto impactos positivos quanto negativos. Quaisquer compromissos são explicados;
7. O efeito positivo líquido é mostrado de uma forma robusta e nenhum aspecto de uma abordagem de efeito positivo líquido compensa perdas naturais inaceitáveis e insubstituíveis ou os maus-tratos a indivíduos ou comunidades;
8. Organizações entram em parcerias e redes mais amplas para criarem impactos mais positivos;
9. Cada oportunidades é usada para criar impactos positivos em cadeias de valores, setores, sistemas e no mundo natural e na sociedade.
10. Organizações se engajam publicamente em influenciar a política para mudanças positivas;
11. Se as áreas de materiais chave são ecológicas, métodos ambientalmente restauradores e socialmente inclusivos robustos são aplicados;
12. Uma abordagem inclusiva é adotada a cada oportunidade, garantindo que as comunidades afetadas sejam envolvidas no processo de criar impactos sociais e/ou ambientais positivos.
Entre as empresas que já adotam esse tipo de estratégia, estão a produtora de móveis domésticos Ikea, a companhia de telecomunicação britânica BT, a consultoria francesa Capgemini, a fabricante de alimentos Coca-Cola Enterprise, a empresa de móveis britânica Kingfisher e a firma de rolamentos e vedantes SKF.
A BT, por exemplo, anunciou no último ano planos para se tornar ‘positiva em carbono’ até 2020. A meta é que, para cada tonelada de carbono que a empresa usar em suas operações, seus clientes economizarão três toneladas de CO2.
A Coca-Cola Enterprises, através de seu plano de sustentabilidade, estabeleceu o objetivo de ser uma empresa ‘baixo carbono e zero lixo’. A companhia, que produz 12 bilhões de garrafas por ano, assumiu o compromisso de reciclar mais embalagens do que usa. Como parte dessa estratégia, a firma está trabalhando com uma plataforma de inovação aberta para inspirar os consumidores a reciclarem mais.
Já a Kingfisher estabeleceu seus planos de impacto positivo em outubro de 2012, focando seus esforços em quatro áreas de prioridade que a empresa acredita terem mais impacto: madeira, energia, inovação e comunidades. Já há duas décadas a companhia tem a ambição de que toda a sua madeira venha de fontes responsáveis. Agora, a firma está ajudando a reflorestar terras degradadas, melhorar a qualidade das florestas que estão de pé e defender por mudanças políticas nesse sentido. Além dos impactos positivos, a empresa calcula que economizará entre £45 milhões e £60 milhões por ano até 2020 devido a essa abordagem.
“Um movimento de efeito líquido positivo levará a uma economia de restauração – uma economia que se alinhe com a restauração do ar limpo, pesca, florestas, rios e muitos outros dos ativos do planeta que estão sendo perdidos nas últimas décadas devido ao atual modelo de crescimento ilimitado”, observou Dax Lovegrove, diretor de sustentabilidade e inovação corporativa do WWF-UK.
“As companhias que estão dando bravos passos em direção ao efeito positivo líquido já estão colhendo os benefícios, em termos de assegurar o fornecimento de recursos dos quais elas dependem, investir em inovações radicais e moldar seu contexto operacional. Estamos ansiosos para das as boas-vindas a outras companhias que desejem ir em frente, dando uma contribuição positiva para nosso planeta. Elas serão histórias de sucesso no futuro”, comentou Sally Uren, CEO do Forum for the Future.

Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias4/noticia=736958

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