Água de coco é utilizada como base para fabricação de protetor solar
A água de coco é tida como um excelente refresco e repositor energético rico em sais minerais e vitaminas, tanto que ela domina as preferências de quem vai à praia ou pratica atividades físicas. Para um pesquisador da área de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) ela ganhou uma função a mais: a de proteger a pele contra a incidência de raios ultravioleta. Isto mesmo: a água de coco está sendo utilizada para a produção de filtros solares.
A novidade promete tornar mais baratos os custos de produção e venda do cosmético, que é utilizado principalmente para a prevenção do câncer de pele, o de maior incidência no Brasil. Atualmente o mercado oferta apenas produtos importados e em dois tipos. Além de caros a maioria deles mantém um detalhe pouco agradável: a região onde o creme é aplicado fica esbranquiçada. Isto no caso dos protetores solares inorgânicos, pois os orgânicos, além de não absorverem de forma eficaz os raios UVA e UVB, podem gerar radicais livres, irritação e provocar algum tipo de intoxicação.
A substância é apenas um dos resultados de uma pesquisa iniciada pelo professor Marcelo Macedo em 1998 e que deu origem ao processo Sol-Gel Protéico, batizado assim pela quantidade de proteínas presentes na água de coco utilizada nas reações. Foi através dele que se chegou às nanopartículas de óxido de zinco, material que aplicado a um creme ou gel tem maior eficiência na absorção da radiação ultravioleta. “Trata-se de um processo extremamente barato de obter esse pó, que é a parte principal do protetor solar, e que seria uma alternativa ao produto importado”, explica Macedo.
O estudante de Física Médica André Mansfield, que auxilia o professor nas pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Produção e Caracterização de Materiais (LCPM), através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), confirma que o fato de essa substância ser produzida em escala nanométrica (um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro) permite que o produto final se espalhe na pele com maior uniformidade.
Amostras diferentes do Óxido de Zinco resultantes do processo Sol-Gel Protéico (Foto: Arquivo Pessoal) |
Produção
Apesar de não existirem testes mais avançados, o estudante comenta que as proteínas contidas na água de coco acabam se agregando às partículas do óxido de zinco, o que possivelmente garante que elas não serão rejeitadas pelo organismo humano. No entanto, para que o novo protetor solar ganhe as prateleiras é necessária a realização de testes em organismos vivos. Para tanto deve existir uma interação entre o grupo de pesquisa do professor Marcelo Macedo e pesquisadores das áreas de medicina, biologia ou farmácia.
Prof. Marcelo Macedo desenvolve es- tudos com água de coco desde 1998 |
O Nordeste é a segunda região com o maior número de casos por 100 mil habitantes - 53 nos homens e 61 nas mulheres. Os dados são preocupantes e apontam - em um momento em que as altas temperaturas bateram recorde no país – para a necessidade de prevenção.
Processo Sol-Gel Protéico
Marcelo Macedo ressalta que a obtenção de óxido de zinco para produção de protetores solares é apenas uma dos resultados gerados pela água de coco enquanto matéria-prima. Através dessa técnica podem ser produzidos desde imãs de geladeira a materiais para colorir cerâmicas e azulejos, além de detectores de radiação, baterias recarregáveis de lítio etc. Atualmente os trabalhos no LCPM da UFS concentram-se na geração de substâncias combatam a corrosão. As aplicações estão sendo desenvolvidas especialmente para equipamentos de extração de petróleo.
Por Diógenes de Souza
Água de coco!
ResponderExcluirEu só me lembro de agua de coco quando estou na praia! devia lembrar mais