Ingleses criam estrutura para dessalinização de água que pode funcionar como anfiteatro
Teatro Del Agua: o objetivo do projeto é dessalinizar a água
do mar e transformá-la em água fresca. Neste processo
natural, o calor do sol é usado. (Imagem:Divulgação)
A água é considerada como uma das coisas mais importantes do mundo, e com o aquecimento global alguns prevêm que este recurso não será suficiente em um futuro próximo.
O projeto “Teatro del Agua” ou “Teatro Aquático”, criado pelo escritório de arquitetura Grimshaw Architects, foi feito pensando na escassez de água em um futuro próximo. Ele está previsto para ser construído em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Espanha.
A cidade necessitava de propostas para revitalizar a zona portuária industrializada. Assim que surgiram sugestões de maneiras de como a ilha poderia avançar para a autossuficiência em energia renovável e água fresca.
O objetivo do projeto é dessalinizar a água do mar e transformá-la em água fresca. Neste processo natural, o calor do sol é usado.
Por ser de origem vulcânica, a ilha tem lados muito íngremes em estreita proximidade com águas muito profundas e frias. Dentro de quatro quilômetros do porto, o fundo do mar cai rapidamente a uma profundidade de mil metros, onde a temperatura da água chega a 9ºC. Um benefício adicional do programa é que as Ilhas Canárias têm um vento nordeste muito regular e quente com velocidade média de sete metros por segundo, podendo ser aproveitado para ventilação.
O esquema utiliza evaporadores e condensadores acoplados para produzir grandes quantidades de água destilada. A água evaporada é colhida nos condensadores que são refrigerados por água do mar profundo. A estrutura de varredura irá incorporar painéis solares para fornecer calor para os evaporadores e vai operar quase que totalmente com energia renovável.
A água do mar sobe por uma tubulação plástica, para evitar corrosão, e em seguida um spray dela é lançado em uma superfície absorvente; quando a brisa do mar quente passa pela superfície no sentido oposto, a água retida na membrana evapora, deixando o sal pra trás. A mesma brisa quente arrasta a água evaporada que vai para os canos frios, onde ela é condensada e liberada fresca e pronta para uso. O resultado é o fornecimento de água inesgotável.
Projetos como esse podem ser usados para fornecer métodos sustentáveis e de baixo custo de resfriamento para a produção de água doce. A energia usada no processo é renovável, livre de carbono e ilimitada em sua abundância, já que o calor do sol evapora a superfície da água.
Se a temperatura do ar para um trocador de calor de água está constantemente abaixo da temperatura do ponto de orvalho e se sua superfície é exposta ao vento, o vapor de água condensa em água potável de forma contínua. A taxa de condensação aumenta na mesma medida em que se aumenta a temperatura do ar e umidade, e existem vários métodos de fazer isso através do uso da energia solar.
A temperatura média nas Canárias está em torno de 20ºC e raramente cai abaixo de 14ºC. A umidade relativa do ar permanece constantemente alta, acima de 70% ao longo do ano. Assim, com uma temperatura de resfriamento de 10ºC, a água doce será produzida todos os dias do ano, mas muito mais no verão do que no inverno.
A água produzida é de qualidade destilada, semelhante ao orvalho ou chuva, e não necessita de qualquer tratamento químico, ao contrário de todos os outros processos de dessalinização.
O desenvolvimento proposto abrange uma área de cerca de 400 mil metros quadrados. No clima ensolarado das Ilhas Canárias, a quantidade de energia solar que cai sobre esta área é muito grande, chegando a cerca de 320 MW. Se, por exemplo, apenas 1/10th de energia forem utilizadas para destilação de água, cerca de 300 m3 por dia de água doce seria produzido. Os edifícios seriam, portanto, autossuficiente em água, e o excedente seria suficiente para irrigar cerca de 50 mil m2 de jardins.
A estrutura é orientada perpendicularmente ao vento predominante para obter um fornecimento de ar ambiente. A vazão é controlada por persianas que também incorporam painéis solares para fornecer calor para a evaporação.
Além de servir como um mecanismo visível de sustentabilidade, O “Teatro del Agua” funciona como um auditório. Este projeto poderia ser construído e implementado em qualquer escala.
A vida no século 21 é rodeada de alta tecnologia, sofisticações, mas continua dependente das necessidades básicas da vida como comida, abrigo e energia e, acima de tudo, água. O ser humano pode viver semanas sem comida, mas somente dias sem água. Em um lugar como o deserto somente horas. O “Teatro Del Agua” não precisa de combustíveis. Ele precisa somente de água do mar, vento e sol.
O processo é baseado no conceito de efeito estufa com água marinha, mas os princípios não se limitam à agricultura e podem ser facilmente adaptados ao ambiente construído. Na verdade, muitos dos princípios têm sido utilizados desde a antiguidade a moderar o clima em regiões quentes e áridas.
Veja vídeo sobre o assunto
Fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/2236
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