Cerrado e Caatinga são os biomas mais vulneráveis, afirma diretor do MMA
Pássaro sobre o cacto dá vida a paisagem da Caatinga, no Nordeste brasileiro
Foto:Dilson Santos
Embora a Mata Atlântica tenha sido mais impactada ao longo do processo histórico brasileiro, os biomas Cerrado e Caatinga são os que apresentam as maiores vulnerabilidades no que diz respeito à conservação, segundo o diretor de Florestas da Secretaria da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João de Deus Medeiros.
“Em biomas como o Cerrado e a Caatinga, nós temos uma situação duplamente complicada, que é uma representatividade ainda baixa e a distribuição no bioma e nas categorias de proteção e uso sustentável ainda muito desequilibrada”, ressaltou o representante da pasta ambiental do governo. Medeiros também mencionou a influência da ação humana sobre os biomas, como o agronegócio, considerado por ele “um fator de conflito”.
A 10ª Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) será realizada a partir da próxima segunda-feira, 18 de outubro, até o dia 29, em Nagoya, no Japão. Durante o encontro, o governo brasileiro deve repactuar os compromissos assumidos na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) de 2006, quando o país se comprometeu em garantir, até 2010, a cobertura de 10% de proteção de cada bioma por meio de unidades de conservação e de 30% da Amazônia.
Medeiros justificou que, apesar de não ter cumprido a meta proposta na CDB, o Brasil foi o país que mais contribuiu para a conservação da biodiversidade nos últimos anos. A COP10 vai trazer ao debate os problemas que ameaçam espécies vegetais e animais em todo o mundo. Ele acredita que o país terá na conferência uma maior legitimidade para cobrar os compromissos assumidos pelos outras nações, principalmente as desenvolvidas.
Segundo ele, com um percentual menor do que o da Amazônia, a área protegida nos demais biomas ainda está distante do proposto na CDB.
“É uma meta que ainda representa um grande desafio para o país. Mas nós acreditamos que há cada vez mais sinais de que isso é uma prioridade defendida pela sociedade. Nós precisamos aprimorar esses mecanismos de negociação para que a sociedade entenda a necessidade e a urgência dessas ações. E, com isso, a gente tenha maior facilidade para efetivar a criação dessas novas áreas”, João de Deus Medeiros.
O diretor de Florestas do MMA lembrou que as nações industrializadas também são signatárias da CDB e, apesar de não terem mais um percentual de biodiversidade muito significativo, têm um papel importante a desempenhar na negociação internacional, para auxiliar os países detentores de biodiversidade a implementar essas ações nos seus respectivos territórios.
Nova COP15?
O EcoD noticiou no dia 23 de setembro que o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Ferreira de Souza Dias, receia que a cúpula no Japão venha a repetir o fracasso da 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP15), realizada em Copenhague (Dinamarca) em dezembro de 2009.
“Nós vamos trabalhar até o último momento para o sucesso da conferência, mas existem desafios muito grandes e não há, por enquanto, apoio de todos para garantir esse sucesso”, admitiu Ferreira. O secretário informou que vários países ricos estão impedindo a conclusão das negociações do protocolo e muitos deles não querem colaborar financeiramente para que sejam adotadas medidas de preservação ambiental.
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