Aquecimento global e Ártico: uma bomba-relógio
O metano é capaz de reter 23 vezes mais calor na atmosfera do que o gás carbônico, e seus níveis estão aumentando depois de alguns anos de estabilidade.
As origens do gás são difíceis de serem medidas, já que suas fontes são variadas - por exemplo, decomposição do lixo e criação de gado. Agora, dois artigos recentemente publicados na revista especializada “Nature Geoscience” abordam os riscos da liberação na atmosfera do metano preso na região do Ártico.
No primeiro, denominado “Geologic methane seeps along boundaries of Arctic permafrost thaw and melting glaciers”, publicado online em 20 de maio, pesquisadores da Universidade do Alasca em Fairbanks (UAF) liderados por Katey Walter Anthony, disseram ter identificado milhares de áreas no interior do Ártico onde o gás metano, que estava preso há milênios sob o gelo, está conseguindo escapar para a atmosfera à medida que este derrete em função do aquecimento global.
Os pesquisadores do projeto no Ártico identificaram que o gás na região estava retido há muito tempo pela quantidade de diferentes isótopos de carbono nas moléculas de metano. A partir de pesquisas aéreas e de campo, a equipe identificou 150 mil pontos no Alasca e na Groenlândia, pelos quais o metano vaza para a atmosfera, em lagos margeados por gelo. Amostras locais mostram que alguns desses pontos estão liberando metano antigo, possivelmente proveniente de depósitos naturais de gás ou de carvão sob os lagos. Outras áreas estão expelindo gás mais recente, possivelmente formado a partir da decomposição de vegetais nos lagos.
Segundo o estudo, esse fenômeno pode acontecer em outras regiões, onde bacias sedimentares estão cobertas por um subsolo congelado (chamado de permafrost), por geleiras ou coberturas de gelo ricas em gás natural. Uma das áreas onde isso pode ocorrer é o oeste da Sibéria. Se o derretimento ocorrer substancialmente até 2100, "o resultado será um grande aumento no ciclo de metano, com potenciais implicações para o aquecimento global".
A quantificação da liberação de metano no Ártico é uma área de pesquisa florescente, já que diversos países estão enviando missões para monitorar as terras e os mares da região. Como afirma o professor Euan Nisbet, da Universidade de Londres, Reino Unido, que também pesquisa assuntos correlatos no Ártico, a região é uma das que mais estão se aquecendo e que mais têm fontes de metano, que aumentarão conforme a temperatura subir.
O segundo artigo (Atmospheric observations of Arctic Ocean methane emissions up to 82° North) foi publicado na mesma revista científica em 22 de abril, tendo como autor principal Eric Kort do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, e comprovou que as águas superficiais do Oceano Ártico representam uma fonte potencialmente importante de metano, pois fendas e aberturas na cobertura de gelo do mar estão permitindo que o metano escapem para a atmosfera.
Kort observou que estudos anteriores haviam detectado altas concentrações de metano nas águas superficiais do Ártico, mas ninguém havia previsto que esse metano dissolvido iria encontrar o seu caminho para a atmosfera sobrejacente. Os cientistas ainda não tem certeza como o metano é produzido, mas Kort suspeita produtividade biológica das águas superficiais do Ártico pode ser o culpado.
A gravidade e a urgência da ameaça da situação identificada no Ártico são motivos de controvérsia - alguns cientistas dizem acreditar que os impactos disso não serão percebidos por muitas décadas, enquanto outros alertam para a possibilidade de uma aceleração rápida do processo de aquecimento global.
Muitos pesquisadores temem que um grande vazamento de metano do Ártico esteve ligado às transformações climáticas que provocaram uma das maiores ondas de extinção da Terra, há 250 milhões de anos, entre os períodos Permiano e Triássico. Na ocasião, 96% das espécies marinhas desapareceram e 70% dos vertebrados terrestres também sumiram. Um vazamento como esse também é associado a um período extremamente quente há 55 milhões de anos, chamado Termal Máximo do Paleoceno-Eoceno. Foi uma onda de extinções também grande, que abriu caminho para o desenvolvimento dos mamíferos atuais.
fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=648
O metano é capaz de reter 23 vezes mais calor na atmosfera do que o gás carbônico, e seus níveis estão aumentando depois de alguns anos de estabilidade.
As origens do gás são difíceis de serem medidas, já que suas fontes são variadas - por exemplo, decomposição do lixo e criação de gado. Agora, dois artigos recentemente publicados na revista especializada “Nature Geoscience” abordam os riscos da liberação na atmosfera do metano preso na região do Ártico.
No primeiro, denominado “Geologic methane seeps along boundaries of Arctic permafrost thaw and melting glaciers”, publicado online em 20 de maio, pesquisadores da Universidade do Alasca em Fairbanks (UAF) liderados por Katey Walter Anthony, disseram ter identificado milhares de áreas no interior do Ártico onde o gás metano, que estava preso há milênios sob o gelo, está conseguindo escapar para a atmosfera à medida que este derrete em função do aquecimento global.
Os pesquisadores do projeto no Ártico identificaram que o gás na região estava retido há muito tempo pela quantidade de diferentes isótopos de carbono nas moléculas de metano. A partir de pesquisas aéreas e de campo, a equipe identificou 150 mil pontos no Alasca e na Groenlândia, pelos quais o metano vaza para a atmosfera, em lagos margeados por gelo. Amostras locais mostram que alguns desses pontos estão liberando metano antigo, possivelmente proveniente de depósitos naturais de gás ou de carvão sob os lagos. Outras áreas estão expelindo gás mais recente, possivelmente formado a partir da decomposição de vegetais nos lagos.
Segundo o estudo, esse fenômeno pode acontecer em outras regiões, onde bacias sedimentares estão cobertas por um subsolo congelado (chamado de permafrost), por geleiras ou coberturas de gelo ricas em gás natural. Uma das áreas onde isso pode ocorrer é o oeste da Sibéria. Se o derretimento ocorrer substancialmente até 2100, "o resultado será um grande aumento no ciclo de metano, com potenciais implicações para o aquecimento global".
A quantificação da liberação de metano no Ártico é uma área de pesquisa florescente, já que diversos países estão enviando missões para monitorar as terras e os mares da região. Como afirma o professor Euan Nisbet, da Universidade de Londres, Reino Unido, que também pesquisa assuntos correlatos no Ártico, a região é uma das que mais estão se aquecendo e que mais têm fontes de metano, que aumentarão conforme a temperatura subir.
O segundo artigo (Atmospheric observations of Arctic Ocean methane emissions up to 82° North) foi publicado na mesma revista científica em 22 de abril, tendo como autor principal Eric Kort do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, e comprovou que as águas superficiais do Oceano Ártico representam uma fonte potencialmente importante de metano, pois fendas e aberturas na cobertura de gelo do mar estão permitindo que o metano escapem para a atmosfera.
Kort observou que estudos anteriores haviam detectado altas concentrações de metano nas águas superficiais do Ártico, mas ninguém havia previsto que esse metano dissolvido iria encontrar o seu caminho para a atmosfera sobrejacente. Os cientistas ainda não tem certeza como o metano é produzido, mas Kort suspeita produtividade biológica das águas superficiais do Ártico pode ser o culpado.
A gravidade e a urgência da ameaça da situação identificada no Ártico são motivos de controvérsia - alguns cientistas dizem acreditar que os impactos disso não serão percebidos por muitas décadas, enquanto outros alertam para a possibilidade de uma aceleração rápida do processo de aquecimento global.
Muitos pesquisadores temem que um grande vazamento de metano do Ártico esteve ligado às transformações climáticas que provocaram uma das maiores ondas de extinção da Terra, há 250 milhões de anos, entre os períodos Permiano e Triássico. Na ocasião, 96% das espécies marinhas desapareceram e 70% dos vertebrados terrestres também sumiram. Um vazamento como esse também é associado a um período extremamente quente há 55 milhões de anos, chamado Termal Máximo do Paleoceno-Eoceno. Foi uma onda de extinções também grande, que abriu caminho para o desenvolvimento dos mamíferos atuais.
fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=648
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