sábado, 25 de maio de 2013

Influência das mudanças climáticas nos tornados ainda gera dúvidas


Tragédia que atingiu Oklahoma cria um novo debate, mas climatologistas não conseguem apontar qual a real ligação entre tornados e o aquecimento global


















Os moradores do estado norte-americano de Oklahoma presenciaram nesta segunda-feira (20) o que está sendo chamado de o maior tornado já registrado na América do Norte, com mais de três quilômetros de diâmetro. A tragédia resultou em pelo menos 91 fatalidades, centenas de feridos e milhares de desabrigados.
Quando um evento climático dessa magnitude ocorre, é claro que as pessoas tendem a pensar no aquecimento global e suas consequências. Porém, a ciência ainda não consegue explicar a relação do aumento das temperaturas causado pelas emissões de gases do efeito estufa e os tornados.
“Com um planeta aquecido, a energia na atmosfera aumenta, mas o gradiente do vento [Wind shear] diminui. Então temos um ingrediente dos tornados subindo e outro descendo”, explicou Harold Books, climatologista da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA).
A própria NOAA, uma entidade que já divulgou dezenas de estudos reconhecendo a realidade das mudanças climáticas, apresenta números que mostram que a frequência de tornados tem oscilado sem um padrão claro.  Nos últimos 12 meses, por exemplo, teriam sido 197 deles, a menor quantidade para o período desde 1954.
Em sua conta no Twitter, Marshall Shepherd, presidente da Sociedade Meteorológica Americana, escreveu: “As mudanças climáticas são reais, mas não podemos diluir a questão neste momento. Não há relação com tornados.”
Na semana passada, um levantamento com quase 12 mil artigos científicos mostrou que 97,1% dos estudos que abordam as causas do aquecimento global apontam que a principal responsabilidade recai sobre as ações humanas.
Se essa imensa maioria dos cientistas estiver correta, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estamos nos encaminhando para um planeta climaticamente mais intenso, onde eventos extremos ficarão mais fortes e frequentes.
Assim, alguns pesquisadores afirmam que não aproveitar esse momento de comoção para refletir sobre o aquecimento global é um erro.
“É irresponsável não mencionar as mudanças climáticas. O meio ambiente no qual todas essas tempestades e tornados se formam está se transformando devido à influência humana”, declarou Kevin Trenberth, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA (NCAR).
Cientistas também defendem mais investimentos em sistemas de monitoramento e previsão, assim como em mais estudos sobre como as mudanças climáticas estão afetando os tornados.
“Nossa base de dados para medir mudanças de longo prazo nos tornados é horrível, realmente não sabemos como esses eventos podem estar se transformando”, disse Jeff Masters, diretor de meteorologia do portal Weather Underground.
“Precisamos de computadores maiores e melhores modelos. Mas o que realmente precisamos é de tempo. Não temos ainda uma resposta, porém isso não significa que não estamos pensando nesse assunto”, completou Michael Wehner, do Laboratório Nacional de Lawrence na Universidade de Berkeley.
Crédito vídeo: Justin Berk / Youtube 
Imagem: Nuvens das tempestades sobre Oklahoma que formaram o tornado / NASA

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