quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Desmatamento na Amazônia Legal cresce 35% em um ano, aponta Inpe



O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou no dia 10 de setembro que o desmatamento na Amazônia Legal entre agosto de 2012 e julho de 2013 foi de 2765,64 km², alta de 35% em comparação com o período entre agosto de 2011 e julho de 2012, quando houve a derrubada de 2.051 km² de vegetação. O total de floresta destruída é superior a duas vezes a área do município do Rio de Janeiro. O período analisado pelo Inpe refere-se aos meses do “calendário do desmatamento”, que está relacionado com as chuvas e as atividades agrícolas no bioma.


O instituto divulgou ainda informações sobre a degradação na Amazônia - que ocorre quando há remoção parcial da floresta por uso do fogo ou por corte seletivo de árvores - em agosto deste ano, quando a floresta perdeu 288,6 km² (queda de 44,7% na comparação com 2012). 

Os dados são do sistema de detecção de desmatamento em tempo real do Inpe, o Deter, que analisa a degradação (desmatamento parcial) e o corte raso (retirada completa da floresta nativa) da floresta nos estados que possuem vegetação amazônica – todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão.

As informações apontam para um avanço do desmatamento no bioma brasileiro. No entanto, os números consolidados referentes ao período de um ano só serão divulgados perto do fim do ano pelo Ministério do Meio Ambiente, com os dados obtidos pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), que detecta desmates a partir de 6,25 hectares.

No início de junho deste ano, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulgou que a degradação da Amazônia Legal entre agosto de 2011 e julho de 2012 foi de 4.571 km², menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988. A área equivale a três vezes o tamanho do município de São Paulo.

Segundo os dados do Deter, Mato Grosso foi quem desmatou entre agosto de 2012 e julho de 2013, perda de 1.184 km² de vegetação. Na comparação entre agosto de 2011 e julho de 2012, houve aumento de 24%. O Pará foi o segundo estado que mais degradou a Amazônia Legal e registrou alta de 58% no desmatamento na comparação entre os dois períodos. Tocantins registrou a maior alta percentual entre os dois períodos analisados pelo Inpe: crescimento de 166,5% no desmatamento da floresta amazônica. Já o Acre registrou a maior queda percentual, de 78% na devastação do bioma. 

O coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, informou que o aumento das áreas degradadas decorre das queimadas originadas por causas naturais e intencionais. “É um típico comportamento de reação à fiscalização. Ante a situação atual de monitoramento por satélite que é praticamente diário que se faz do corte raso e o aumento da fiscalização em campo, o infrator não se arrisca mais a fazer o corte raso imediatamente. Ele primeiro começa fazendo uma degradação pelo fogo. Mas o Ibama consegue interferir nesse processo antes que se converta em desmatamento ilegal”, disse.

A maior parte dos alertas identificados entre agosto do ano passado e julho deste ano representava corte raso (59%). A degradação por uso de fogo respondeu por 33% dos alertas na Amazônia Legal e por exploração florestal foi 3% dos alertas nesse período. Em 5% dos casos, as imagens apontaram um falso positivo, ou seja, algum problema técnico na captação das imagens.

O principal objetivo do Deter, explicou o presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, é identificar as áreas que estão sofrendo degradação florestal para que o governo federal possa ir a campo e evitar que as áreas degradadas sejam convertidas em corte raso e, consequentemente, em desmatamento.

Para o governo, apesar dos números ruins, ainda é cedo para afirmar que o desmatamento na Amazônia Legal está aumentando. Isso se deve há pelo menos duas fragilidades do Sistema DETER. A primeira é que o Sistema tem baixa resolução e só "enxerga" desmate a partir de 25 hectares. Como 60% do desmatamento atual ocorre abaixo de 25 hectares, se o desmatamento está aumentando ou não, apenas o PRODES, que usa um sistema mais apurado e imagens em alta resolução, poderá confirmar. A segunda é que, normalmente, o DETER não faz distinção entre desmatamento (leia-se corte raso) e degradação florestal. Os números estão agrupados. Degradação não é desmatamento, é um estágio anterior. Se a mata não sofrer nenhuma ação de queimada ou corte de madeira, a própria floresta se recupera.

O número anual do desmatamento é produzido pelo PRODES e só inclui corte raso, ou seja, supressão total de floresta.


FONTE: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=688

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