sábado, 2 de novembro de 2013

MICROCRÉDITO PODE SER FERRAMENTA DOS MERCADOS INCLUSIVOS



Fonte: Reprodução/Lounge Empreendedor

Microcrédito é mais que um crédito de pequeno valor – é um produto voltado para as populações mais pobres do país, permitindo que pequenos empreendimentos iniciem, mantenham-se e até mesmo cresçam. É o caso de Everaldo da Silva, de Araçagi, na Paraíba, que pegou um empréstimo de mil reais para financiar material e capital de giro de sua oficina de bicicletas, aumentando seu negócio e, inclusive, contratando dois funcionários.

Mercados inclusivos são aqueles que geram oportunidades e inserção para as classes mais baixas, influenciando as mudanças sociais. É um dos princípios do varejo sustentável contribuir para o acesso das camadas mais baixas a produtos, a renda, a oportunidades. Um exemplo disso é a parceria em 2011 entre o banco Itaú e uma das redes do grupo Pão de Açúcar para o oferecimento de microcrédito a micro e pequenos empreendedores clientes da rede. Estes clientes muitas vezes necessitam de um pequeno capital para ampliar o negócio pela compra de um forno, chapa de lanches, móveis, equipamentos de informática.
O microcrédito foi criado na década de 70 por um economista de Bangladesh, Muhammed Yunus. Nas aldeias próximas à universidade onde lecionava, as mulheres eram reféns de agiotas, pagando juros extorsivos. O professor emprestou 27 dólares a 42 mulheres em situações econômicas e sociais deploráveis e, inesperadamente, todas as mulheres pagaram pontualmente o capital e os juros de todos em empréstimos. A partir daí, o professor criou um banco para os pobres, que desenvolveu as bases para o microcrédito no mundo. Essa iniciativa foi um instrumento tão importante de mudança social, que Yunus foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2006.
Hoje, o microcrédito está presente em diversas instituições financeiras, em bancos populares e em organizações da sociedade civil. É também uma importante política governamental de inclusão social. Nos últimos anos, o governo federal criou normas para regulamentar o setor e garantir que haja benefícios sociais: parte do depósito compulsório dos bancos no Banco Central pode ser convertida por eles em microcrédito.
O microcrédito permite que vários pequenos empreendimentos tenham sucesso e se integrem no sistema financeiro. Em 2012, o Banco do Brasil e o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo firmaram uma parceria para oferecer microcréditos com vantagens a empreendedoras informais, empreendedores individuais e microempresas do segmento varejista.
Conforme a pesquisa “Perfil das Instituições de Microfinanças no Brasil”, realizada pelo SEBRAE em parceria com a ABCRED (Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças), o setor de comércio varejista é o que mais recorre ao microcrédito. Francisca Evangelista e Aline Rodrigues são exemplos de empreendedoras na área de moda feminina que contrataram empréstimos para expandir o negócio. "Comecei em 2010 com R$ 50 no bolso e sem capital de giro", conta Aline Rodrigues, que tomou R$ 5.000 em crédito, divididos em três operações e, segundo ela, o faturamento anual do ponto saltou de R$ 18 mil para R$ 48 mil em três anos.
São várias as iniciativas de bancos brasileiros e estrangeiros no país. Muitos possuem produtos voltados às classes mais baixas, projetos de educação financeira, treinamento e oportunidades para agentes de crédito, pessoas que coletam informações ativamente e captam clientes para os bancos, tratando caso a caso, conforme as necessidades de cada empreendedor. Um dos diretores do Bradesco diz que, de forma geral, o banco dedica mais que um simples olhar financeiro sobre os produtos de microcrédito. “Por trás disto, existe todo um viés social em que acreditamos assiduamente no crescimento dos nossos Clientes por intermédio do acesso aos produtos e serviços bancários. Para termos um banco próspero é necessário que tenhamos clientes prósperos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário