quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Incerteza regulatória desencoraja investimento das empresas em sustentabilidade na cadeia de fornecimento



Cada vez mais, as empresas reconhecem o risco climático em suas cadeias de fornecimento, mas investimentos em programas de redução de emissões estão diminuindo, de acordo com pesquisa publicada hoje pelo CDP, organização internacional que atua junto a investidores e empresas de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais, e a Accenture (NYSE: ACN). É importante notar que existe uma clara ligação entre a estagnação das reduções de emissões dentro da cadeia de fornecimento e o cenário regulatório incerto.


De acordo com o relatório “Collaborative action on climate risk” (ou “Ação Colaborativa frente o risco climático”), cada vez mais empresas estão relatando seus programas de redução de emissões e há benefícios financeiros claros de investimento em sustentabilidade. No entanto, a economia monetária média dos esforços de redução de emissões caiu 44% nos últimos 12 meses. O relatório aponta para uma distância ainda maior do que a já apontada no ano passado entre as emissões das empresas-membro do programa CDP Supply Chain e seus fornecedores.

A pesquisa é baseada em informações de 2.868 empresas, incluindo algumas das maiores corporações do mundo, o que reflete um crescimento de mais de um quinto desde o ano passado. Estas empresas produziram cerca de 14% das emissões industriais globais de 2013. Os 64 membros do CDP Supply Chain responsáveis pelo pedido de informação junto a suas cadeias de fornecimento para produzir esse relatório representam juntos um poder aquisitivo anual combinado de quase US$ 1,15 trilhão.

O relatório do CDP Supply Chain global deste ano revela que:

- Quase 3/4 das empresas, incluindo algumas das maiores do mundo, identificaram um risco atual ou futuro relacionado às mudanças climáticas, enquanto 56% das empresas afirmaram que os consumidores estão se tornando cada vez mais receptivos a produtos e serviços de baixo carbono;

- A incerteza regulatória está tornando as empresas cautelosas em investir em ações de reduções de emissões e sustentabilidade nas cadeias de valor. 90% das empresas que identificam um risco atual ou futuro citaram o risco regulatório como uma barreira para investimentos;

- Os investimentos em programas de redução de emissões diminuíram no ano passado e estiveram focados em ações de curto prazo.  Sete dos dez setores que compõem o cenário do CDP Supply Chain global reportaram queda nos investimentos em comparação a anos anteriores. Iniciativas com rápido retorno de investimento (inferior a três anos) estão em ascensão e quase dobraram entre 2011 e 2013. O valor médio investido por empresa respondente caiu 22% desde o ano passado;

- Para lidar com a incerteza de políticas, a pesquisa perguntou quais regulamentações seriam mais apoiadas pelas empresas. Das empresas que relatam o envolvimento com formuladores de políticas, o apoio foi mais forte a políticas que promovam a eficiência energética e geração de energia limpa, com 81%. Relatórios obrigatórios de carbono foram apoiados por 67%, mas programas de Cap and Trade receberam o apoio irrestrito de apenas 43%.

- O fator mais importante para melhora no desempenho é a colaboração através de toda cadeia de fornecimento. Observa-se uma margem enorme para mais colaboração: os participantes do programa identificaram 2.186 oportunidades colaborativas. As empresas que engajam dois ou mais fornecedores, clientes ou parceiros tem mais do que o dobro de chance de ter retorno financeiro de seus investimentos em redução de emissões;

- No entanto, empresas muitas vezes direcionam seus esforços de redução de emissões de forma equivocada, com investimentos nem sempre alinhados com economias comprovadas de emissões ou financeiras. As empresas associadas ao CDP Supply Chain e seus fornecedores estão desalinhadas: fornecedores identificaram reduções  de emissão no processo e no design do produto como a mais promissora abordagem colaborativa. Por outro lado, as empresas-membro do CDP Supply chain favorecem iniciativas de mudança de comportamento, assim como de transporte e investimentos na frota;

- Para resolver isso, uma nova iniciativa do CDP Supply Chain foi lançada: a Action Exchange irá conduzir uma ação orientada sobre os projetos de redução de emissões mais rentáveis. As empresas que já aderiram à iniciativa e estão pedindo a seus fornecedores para participar incluem Bank of America, L'Oreal, Philips e Walmart, com retornos significativos antecipados;

- Questionado pela primeira vez pelo CDP sobre riscos em água, fornecedores reconheceram a necessidade de uma visão mais ampla de sustentabilidade da cadeia de valor, com ligações feitas entre as emissões de água e carbono. Mais da metade das empresas cita a escassez de água como a maior preocupação relacionada a esse assunto;

Para Paul Simpson, CEO do CDP, "este relatório mostra  que, embora as empresas reconheçam que os riscos climáticos e de água estejam em ascensão, um regime regulatório misto está dificultando as tomadas de decisão. “No entanto, a crescente participação em nosso programa de Supply Chain e a recepção positiva ao programa Action Exhchange demonstra que as empresas querem alavancar suas relações com os seus fornecedores para realizar oportunidades e minimizar os riscos relacionados com a água e o clima”, completa. 

“Quando os governos apresentarem um preço global mais realista sobre o carbono, o número de investimentos em reduções de emissões de empresas deve crescer consideravelmente”, completa Simpson.

“Este relatório mostra evidências claras de que quanto mais transparente forem as empresas sobre seus riscos provenientes das mudanças climáticas mais propensas serão a alcançar as maiores reduções de emissões”, afirmou Gary Hanifan, líder de sustentabilidade global para supply chain da Accenture. “E estas companhias também estão mais propensas a ter economias financeiras graças a suas respostas aos riscos das mudanças climáticas. Mas o retorno sobre o investimento das empresas mais proativas não vai atingir o seu pleno potencial até que elas passem a engajar seus fornecedores a seguir o seu exemplo”, finaliza o executivo.



fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias4/noticia=736191

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