sábado, 8 de março de 2014

Meio Ambiente Espacial - É hora de entender e preservar

Por Carla Martins, Colunista de Plurale
artigos e estudos
Numa era em que a prevenção é a palavra-chave para elidir problemas futuros para com o Meio Ambiente, não podemos ignorar o Espaço. Absolutamente, não! E para uma conceituação mais clara do Meio Ambiente Espacial é interessante uni-la ao meio Terrestre - já conhecido em boa parte por todos - com o que teremos um desconhecido e enigmático Meio que começa a ser melhor desvendado, não só na forma cientifica e tecnológica mas, subsidiariamente, como uma opção de Turismo e Lazer para poucos e privilegiados humanos.
Inúmeras questões e interesses permeiam tão valorizados assuntos, numa premissa de mistérios e valoração econômica alta, mas de importância maior para a vida humana, futura, no planeta Terra.

O Brasil segue construindo uma história no setor Espacial, ainda que pouco expressiva para pessoas desavisadas, de forma a marcar presença no cenário internacional com profissionais altamente qualificados, como o astronauta brasileiro Marcos Pontes e o cientista Gilberto Câmara que trabalha na Alemanha atualmente.
Mais do que normas e leis (precisamos urgentemente do marco regulatório global e brasileiro para delimitação e disciplinamento da atividade espacial), o comprometimento individual de pessoas e organizações é parte fundamental em um processo de prevenção em qualquer área. E, certamente, no Espacial não seria diferente, visto que não seria correto criarem-se normas para assuntos pouco conhecidos somente para figurar sanções e achar culpados. O escopo do arcabouço jurídico deve contemplar os atos humanos que, juntamente com as tecnologias, possam refletir ganhos positivos na saúde, no meio ambiente e principalmente na qualidade de vida do Planeta e Humanidade.
A Terra, não obstante ao desenvolvimento espacial, também faz parte direta deste contexto uma vez que compõe um conjunto harmonioso, no Universo, acolhendo o Espaço e vários corpos nele existentes, conhecidos ou não, tais como galáxias, planetas, estrelas, satélites, cometas, etc. Trata-se de uma demonstração infinita de belezas que merecem não só ser admiradas, mas estudadas e preservadas. Pode estar ai a “chave da nossa existência”, com pesquisas avançadas para curas e desenvolvimento de habilidades humanas. É factível que o Universo agrega valores que devemos codificar e cuidar para o bem de toda a nossa raça.
Uma viagem ao espaço remete a um custo alto, mão-de-obra especializada, estudos e preparação constante que, no final, servirá apenas a punhado de sortudos. Embora nos traga benefícios, as viagens científicas, também já estão causando transtornos. Vejam o mau exemplo do “Lixo Espacial” que tem sido deixado à deriva no espaço. A NASA estima em mais de 200.000 objetos de porte vagando em redor a Terra. São pedaços que se desprendem de foguetes e satélites, entre outros, alguns dos quais já “retornando” a Terra. Além das dificuldades que geram na comunicação, esse lixo espacial pode colocar em risco a vida dos astronautas como, aliás, já aconteceu.
Portanto, se não tivermos consciência e responsabilidade ambiental plena, consequências de nossas intervenções espaciais deixarão sérias e graves seqüelas a todo o planeta, mormente às populações indefesas. Daí a necessidade de colocarmos esse assunto em pauta, abrindo a discussão não só entre os cientistas e governos, mas com toda a sociedade civil, fomentando a conscientização e o conhecimento com o escopo de agirmos com a necessária prevenção.
Ambiente: Terrestre ou Espacial, como você contribui para deixar seu meio natural de forma a ser contemplado no futuro? Dúvidas e soluções são questionamentos humanos da Nova Era, para o setor Espacial, em franca expansão com as Agências Espaciais e empresas privadas que também já investem no Turismo Espacial com promessas de experiências inesquecíveis não só de sentimentos, mas de ver belezas naturais incomparáveis.
Poucos neste e nos momentos futuros terão condições financeiras de ir até o espaço, além das questões físicas de cada ser humano, que são fundamentais para subida desejada, mas com certeza TODOS nós podemos olhar para o Céu e contemplar um pouco do Universo, e não seria nada agradável verificar detritos espaciais, ao invés de estrelas brilhantes.
E eu prefiro acreditar que as empresas que vasculham o Espaço, seja lá com que finalidade for, busquem uma interação maior com as pessoas, no sentido não só de vender suas ofertas, mas de transmitir informações de um Meio a qual todos pertencem e merecem conhecer se não de forma prática de um moderníssimo Espaço-porto, em naves tecnológicas e futuristas, mas com informações das descobertas já realizadas.
Todo desenvolvimento tem um preço e, não raras vezes, muito alto. O Universo mostra-se como lugar de inigualáveis (e ainda inimagináveis) riquezas, envolto em mistérios naturais. Daí gera facilmente a cobiça financeira. O que não podemos aceitar é a existência de uma exploração menos científica e mais comercial, uma vez que o Meio Ambiente Espacial não é propriedade privada, mas um lugar a ser compartilhado por todos.
Com a ascensão do Turismo Espacial o lixo voador deverá ganhar notoriedade daqui por diante, visto que o homem tende a “esquecer” e largar para trás algo que já usou e não lhe serve mais de momento, poluindo o Meio.
Estes esquecimentos podem acarretar inúmeros problemas, para o próprio homem, daí nasce a necessidade da criação de normas com finalidade de prevenção, gestão e educação. E aproveitando que o tema ainda é novo para milhares de pessoas, tornar-se-á mais fácil, ensinarmos o certo, agirmos de forma responsável, para evitar problemas no futuro.

(*) Carla Martins é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. Mestranda em Direito Ambiental (especialização em recursos naturais e descontaminação de solo) Terrestre / Espacial, Graduação em Direito, Pós- Graduação em Gestão Ambiental, Graduação em Psicopedagogia. Atualmente é Diretora - Flama Florestal e Ambiental Ltda, Autora do Livro Meio Ambiente Espacial - com enfoque jurídico, Membro da Rede Internacional Advocacia de Excelência, associação de juristas da América do Sul, Europa e África, unidos pelos valores da ética, da ciência e dos princípios gerais do direito e Membro da SBDA – Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial.

FONTE: http://www.plurale.com.br/noticias-ler.php?cod_noticia=13368

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