domingo, 16 de junho de 2013

"A empresa e o Meio Ambiente"

artigos e estudos

Por Rudolf Höhn, Colunista de Plurale 
São tantas as preocupações que afligem o cotidiano dos executivos das empresas nos dias de hoje que cabe a reflexão sobre qual deveria ser a importância dada por eles à questão do meio ambiente, tanto do ponto de vista de relevância ao seu negócio no que tange a seu faturamento, seus custos e despesas, bem como ao que diz respeito aos benefícios presentes e futuros a serem auferidos pela empresa.

É claro que não escapa da preocupação de qualquer executivo as questões politico econômicas que hoje afetam economias importantes como a Europa, onde a convivência com o Euro tornou-se um desafio importantíssimo frente à crise que assola vários países partícipes dessa comunidade, e a dos Estados Unidos, onde o equacionamento da dívida interna tornou-se um fardo de difícil solução e com consequências futuras hoje imprevisíveis. As questões que certamente se impõem são: Quais serão as consequências para o nosso negócio? O que posso fazer para minimizar os riscos?
Além destas, somam-se as questões locais que infelizmente em nada contribuem para melhoria da competitividade do País e por consequência o da sua empresa. Somam-se a todas estas questões externas aquelas internas inerentes à operação e ao negócio propriamente dito da sua empresa. As questões de curto prazo, bem como as de longo prazo e o equacionamento de ambas através do estabelecimento das prioridades corretas. Dentro desta emaranhado como fica a questão do Meio Ambiente? Qual a sua importância no curto, médio e longo prazo para o futuro da Empresa? É claro que a resposta a estas perguntas exigiria uma análise muito mais profunda do que aquela possível nos limites deste artigo. No entanto, aproveitarei esta oportunidade para explorar algumas reflexões que considero importantes a respeito deste assunto e que poderão eventualmente servir de insumo para uma exploração mais profunda sobre o tema.
Partindo-se da premissa de que o Meio Ambiente é uma questão de sobrevivência para a humanidade e também que, a medida em que o tempo passa, estaremos vivenciando, por um lado as consequências cada vez mais graves dos problemas decorrentes dos maus tratos que, em nome do progresso, damos ao meio ambiente até o dia de hoje (aquecimento global, poluição, abastecimento de água, energia, etc. etc.) Por outro, e em contrapartida, estaremos vivenciando cada vez mais uma conscientização de um maior número de pessoas em geral e de dirigentes, líderes políticos e pesquisadores em particular, preocupados não somente em tentar contrabalançar o que já foi feito com ações cabíveis como também em formular alternativas para um progresso futuro mais sustentável.
Supondo-se que a premissa descrita acima seja aceitável, como fica então a situação da empresa relativamente a esta questão?
No meu entender existem dois aspectos a serem considerados. O primeiro é o da questão do meio ambiente como um fator de diferenciação competitiva, algo que já está ocorrendo, muito embora incipiente. Ora, se por um lado as consequências decorrentes dos maus tratos que temos dado ao meio ambiente aumentam, e por outro a conscientização das pessoas para isto também aumenta, é claro que as empresas que não tratarem o meio ambiente de forma adequada serão gradualmente rejeitadas pelos seus clientes. Isto de certa forma já está acontecendo em alguns segmentos mas em níveis muito aquém do que seria adequado. Na medida em que o consumidor passar a dar preferencia para aquele produto ou serviço porque a empresa que o produz o fez de uma forma sustentável, ou seja, de forma neutra ou positiva em relação ao efeito da sua produção no meio ambiente, aí sim ele passou a ser um fator de diferenciação competitiva. E o custo envolvido, quem paga?
Interessante esta pergunta, pois ela me leva à época na qual a qualidade dos produtos e serviços estava na pauta da diferenciação competitiva. A mesma pergunta era feita pelos empresários. Ora, se o custo é definitivamente um dos mais importantes fatores de diferenciação competitiva e a qualidade representa aumento de custos, quem paga a conta? Pois bem, a partir do momento em que o consumidor passou a optar pela qualidade e ela se tornou o diferencial competitivo, assim como o custo, ambos foram equacionados no processo e hoje ninguém admite comprar algo que não esteja conforme com suas especificações ou seja, que tenha qualidade. Assim, na minha opinião, ocorrerá com os custos eventualmente incorridos com o aumento de cuidado da empresa com o meio ambiente. Ao final todos terão que fazê-lo ou ficarão de fora. Quem fizer melhor e de forma inovadora ganhará do seu concorrente.
As questões da inovação e da tecnologia serão fundamentais para a solução dos desafios que certamente teremos que enfrentar na área da sustentabilidade do meio ambiente e consequentemente da vida das pessoas e das empresas neste nosso planeta. O equacionamento de questões tais como:
- O abastecimento de água ser através de processos economicamente viáveis de dessalinização da água do mar, da reconstituição das matas ciliares, do aproveitamento da água da chuva, da despoluição das bacias e outros.
- A produção sustentável de alimentos saudáveis.
- A produção de energia limpa.
- A reciclagem do lixo
apenas para citar algumas das mais importantes, terão que passar por um processo onde a conscientização das pessoas e a consequente mudança do seu comportamento é necessário e fundamental, porém não suficiente. Vai ser preciso que, além disso, a motivação da força motriz que move a economia passe a incorporar o meio ambiente como peça fundamental. Aí sim, neste ambiente, as empresas, além de terem que se tornar competitivas com este novo fator de diferenciação – o trato do meio ambiente – terão também que disputar a liderança através do quanto serão capazes de agregar valor através do seu desempenho, inovação e utilização da tecnologia na solução dos enormes desafios a serem vencidos, tanto na área ambiental como na social, em seu próprio benefício e no de todos.

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