quarta-feira, 26 de junho de 2013

Desenvolvimento para a Sustentabilidade: atitudes políticas, normativas e tecnológicas trazendo mudanças simples e eficientes para a evolução das cidades

artigos e estudos

Este artigo é destaque na Edição 35 de Plurale em revista que está circulando 
Por Flavia Frangetto, Colunista de Plurale
Colocamo-nos, insistentemente, essa pergunta: É possível conciliar desenvolvimento com sustentabilidade?
Outro dia, eu circulava pelo bairro da Vila Madalena em São Paulo, artificialmente cercado de bares e bistrôs cheios de pessoas bebericando e papeando.. Observei haver mais táxi nas ruas do que veículos particulares. Só podia ter uma explicação: a lei que restringe o uso de álcool à tolerância zero para motoristas estava vigorando e já sendo capaz de produzir efeitos positivos.
Estava decretado o fim dos preços exorbitantes nos estacionamentos, pois a demanda por guardar os carros diminuiu. Eis uma externalidade positiva decorrente da superveniência de uma legislação mais rigorosa em prol da segurança coletiva no espaço urbano.

A regulação normativa de temas atinentes à segurança na cidade tem essa aptidão de contribuir para a melhoria da qualidade de vida à medida que organiza a sociedade a fim de induzi-la a um comportamento mais apropriado aos novos tempos.
Consta que a geração Y já não é mais tão dependente de carros particulares. Talvez isso represente a preferência por opções de transporte mais sustentáveis, e mesmo signifique transitar com mais rapidez do que enfrentar o engarrafamento. Mas, certamente, como efeito de uma geração mais consciente, as políticas públicas terão que despertar para corrigir as calçadas esburacadas para os pedestres circularem, estender as ciclovias e, até, criar túneis aéreos apropriados para elas evitando-se as vias perigosas como as marginais.
As transformações para essas pequenas melhorias são lentas, como também dificilmente perceptíveis face à poluição e à quantidade de problemas urbanos ligados a ela. Porém, ainda que em pequena escala, o fato é que essas transformações já existem.
É crescente a inteligência na gestão das questões que chegaram ao Século XXI. Insuficiente, contudo? De novo, sim, certamente é preciso mais investimento em solucionar as crises ambientais do nosso tempo. A evolução da sociedade nas cidades subentende necessidade de multiplicação das boas iniciativas. Eis um papel importantíssimo dos governos, legisladores e sociedade civil organizada: renovar as dinâmicas das fontes potencialmente poluentes, para que, no lugar de impactos negativos, as intervenções das empresas e dos indivíduos no meio ambiente sejam positivas.
Novidades como a instituição, pelo governo britânico, da nova empresa “Future Cities Catapult” precisam ser replicadas. Nela, para o momento, chefiada pelo renomado Sir David King, o setor privado aliado ao setor público terá sua participação. Entre suas missões está tornar as cidades adequadas para a vida saudável e mais humana. Informações adicionais podem ser encontradas neste link.
Espera-se que investimentos como esses no meio ambiente aconteçam nos países em desenvolvimento como o Brasil, auxiliando-nos a sanar as mazelas dos nossos centros urbanos também com investimentos tupiniquins intensificados destinados a arrumarmos a própria casa.
Como se vê, o desenvolvimento rumo à sustentabilidade começa graças a uma atitude política de reverter processos anti-desesenvolvimento sustentável por meio de induções normativas a comportamentos mais saudáveis. O passo seguinte compete ao apoio tecnológico concedido aos agentes sociais para que tenham as condições físicas proporcionadoras de uma influência positiva no ambiente.
Nesse sentido, vale ser mencionada a iniciativa, desta vez do próprio governo brasileiro em reflexo a práticas estrangeiras eficazes, de promoção da individualização das tecnologias limpas.
Seja na área de fontes energéticas, seja nos instrumentos de controle e de medição de empenhos ambientais, as tecnologias limpas são as máquinas de melhoria do Planeta. Em geral, elas são usadas em grandes empresas, grandes empreendimentos, grandes estruturas – tudo mega –, e são tomadas como inviáveis para a população ou para pequenos estabelecimentos ou operações, sobretudo nas cidades.
Ocorre que a popularização das tecnologias limpas nos espaços urbanos pode significar o próprio alastramento da sustentabilidade. Por isso, as ferramentas da Tecnologia da Informação Verde (TI-Verde) merecem ser bem incentivadas como fator de desenvolvimento hábil para o alcança da sustentabilidade. A TI-Verde tem, sem dúvida alguma, a importante função de promover o desenvolvimento sustentável.
O número de turbinas minieólicas (de 1 a 100 KW) e painéis solares instalados em condomínios e mesmo em casas está aumentando. Paulo Nogueira-Neto, primeiro Ministro de Meio Ambiente do Brasil e membro da Comissão Brundtland, afirmou recentemente que “a ideia de poder individualizar a produção de energia é extremamente interessante”.
Com isso, a individualização ambiental mostra-se excelente, tratando-se de multiplicar comportamentos sustentáveis. Somos sustentáveis, sim, se estivermos munidos das tecnologias verdes. Assim como o celular é quase uma extensão de nossos corpos, as ferramentas da TI-Verde são capazes de trazer o conforto de minimizarmos nossos impactos ambientais no cotidiano.
É preciso aprender e divulgar o que se enquadra na categoria de ferramentas de TI-Verde. Para visualizá-las, é válido imaginar o caso simples de uma residência equipada de sensores de luz, que diminuem o gasto com a energia, na medida em que as lâmpadas se acendem ou apagam em reflexo ao movimento. Esta já é uma ferramenta habitual no hall de elevadores e garagens de edifícios, mas a estendamos às novas maneiras de gastar menos, de impactar menos o meio ambiente.
Relógios de medição do consumo de energia, agora, já podem ser, no Brasil, digitais e, assim, podem informar a geração por fontes renováveis de energia, seguindo-se a prática comum de países desenvolvidos em distribuir na rede produções individualizadas de energia limpa em favor da coletividade e, simultaneamente, com ganhos para o gerador limpo.
Poderia ser ilusão achar que essas tecnologias podem ser massificadas, mas não o é. Trata-se de uma inteligência no manejo dos bens ambientais. Das reflexões da ação humana sobre o ar, o solo, a água e outros recursos naturais, o resultado pode ser facilmente capaz de impactar menos negativamente e mais positivamente o ambiente. A medição desses impactos mostra a vantagem de apurar os níveis de qualidade ambiental.
Convém fomentar que as empresas e os indivíduos tenham perto de si, naturalmente, os meios de serem mais limpos, ambientalmente corretos, com vistas à universalização da tecnologia da informação que possa resultar em benefícios para a economia e o meio ambiente. Em 2009, foi criado, no âmbito do Conselho Superior do Meio Ambiente (GT-COSEMA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, o Grupo de Trabalho de TI-Verde. Naquela época, já se entendia como grande contribuição promover a inovação tecnológica voltada para o meio ambiente. Agora, a atualidade nos exige fomentar que as empresas e os indivíduos tenham perto de si, naturalmente, os meios de serem mais limpos, ambientalmente corretos, com vistas à universalização da tecnologia da informação que possa resultar em benefícios para a economia e o meio ambiente. Deseja-se que iniciativas como essa, de ordem política, governamental e institucional, sejam catalisadoras de maior número de usuários das tecnologias limpas em suas atividades, do âmbito da construção ao dia-a-dia, continuadamente das indústrias, mas também dos escritórios, condomínios, residências e estabelecimentos em geral.
Casadas, as atitudes políticas com as soluções normativas e tecnológicas, provocam mudanças simples e eficientes para a evolução das cidades. Queremos todos viver para usufruir a qualidade de vida que essas cidades do futuro proporcionarão. E com cidades melhores, a pressão sobre o campo será menor, podendo-se preservá-lo da artificialização.
(*) Flavia Frangetto é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. É Conselheira do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Fiesp. É sócia-proprietária da Frangetto Assessoria e Consultoria (www.frangetto.com)

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