Telha plástica reciclada. Divulgação
Retirar plásticos descartados incorretamente no meio ambiente, gerar empregos no segmento de reciclagem e transformar tais resíduos em telhas plásticas recicladas e inovadoras, além de outros produtos. Este é o trabalho da Plasacre, empresa de Rio Branco (AC), que vem se destacando no ramo de reciclagem de plásticos na região norte e no país. O empreendimento é um caso raro, pois atua em todas as etapas do ciclo de reaproveitamento dos temíveis resíduos, desde a coleta, reciclagem até a transformação e comercialização de novos produtos.
O carro-chefe da Plasacre são as telhas plásticas coloridas no estilo romano, produzidas a partir de polietileno e polipropileno coletados nas ruas de Rio Branco. Elas são as únicas telhas plásticas reciladas e certificadas do país pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), Selo Verde IPT, Falcon Bower ( selo norte-americano) e aprovadas pelo Inmetro. A vida útil das telhas é de até 30 anos.
O produto vem sendo adquirido pelo Programa Minha Casa Minha Vida do governo federal no Estado do Acre, onde centenas de residências populares estão sendo construídas. Para viabilizar a aquisição, o Ministério das Cidades editou norma específica para as telhas plásticas.
Há três anos no mercado, a Plasacre nasceu da experiência de Eder Paulo dos Santos, empresário paulista, que atuava em um dos elos da cadeia de reciclagem de plásticos na cidade de São Paulo. Ele fornecia grânulos do material para indústrias de transformação. “Reciclagem é o ramo do futuro. Tudo na vida tem que ser reciclado, principalmente o lixo”, diz ele.
Convidado pelo governo acreano para fomentar a indústria local, o empresário se mudou para Rio Branco com o objetivo de montar empreendimento de transformação de resíduos plásticos. Em parceria com a prefeitura, acabou desenvolvendo um modelo de trabalho que envolve todas as etapas do ciclo de reciclagem de plásticos, gerando inclusão social e agregando valor aos resíduos. Cerca de duzentos catadores estão sendo beneficiados.
Além das telhas plásticas, a Plasacre também produz caixas agrícolas, mangueiras para irrigação, conduíte corrugado e tijolo ecológico para pisos, feitos de plásticos reciclados. Desde o dia 8 de fevereiro, a empresa lançou outra novidade: começou a produzir tampas de caixa d’água de plástico virgem, encomendadas pelo governo acreano para ajudar a combater a dengue no estado. Elas serão distribuídas para comunidades, onde há surto da doença.
Convênio
A Plasacre atua diretamente na Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos (Utre) da Prefeitura de Rio Branco graças ao convênio firmado entre eles, que permitirá a exploração de resíduos por dez anos. “Quando chegamos, pagava-se R$ 0,10/ quilo de plástico coletado. Hoje, pagamos R$ 0,60/ quilo aos catadores”, informa o empresário.
Na Utre 50 colaboradores, contratados pela empresa e que usam equipamentos de proteção individual (EPI), separam, lavam e trituram resíduos coletados nas ruas da capital acreana. Os plásticos de polietileno e polipropileno seguem para a Plasacre.
No momento, o volume de resíduos plásticos coletados chega a 20 ton/dia. A empresa produz de 400 ton/mês de produtos reciclados (telhas, mangueiras, conduítes, etc ). As telhas plásticas são responsáveis por 40% das vendas. O empreendimento ocupa terreno de 3 ha e possui sede própria com 3,2 mil m² de área construída.
Econômicas
As telhas plásticas da Plasacre são leves, duráveis, coloridas (azul, vermelho, branco, amarelo, cinza, verde e translúcida) e custam 40% menos do que as telhas de cerâmica. Enquanto 1 m² de telhas tradicionais de barro pesa entre 50 e 55 k, as plásticas pesam apenas 6 k. O produto é fornecido em placas – cada uma mede 70 cm x 50 cm e equivale a seis telhas de barro. Ganchos de encaixe travam umas às outras. Recurso anti UV repele a luz solar e reduz o calor interno em até 3 graus.
No início, a empresa enfrentou resistências para colocar o produto reciclado e inovador no mercado. “Não há indústria cerâmica no Acre. As telhas vinham de outros estados. Hoje, toda loja de material de construção tem nossos produtos. Conquistamos o mercado pela qualidade e preço”, ressalta o empresário. A aceitação do produto provocou salto na produção em torno de 70%, nos últimos dois anos.
“Sou apaixonado por reciclagem. Imagina tirar 400 ton de plástico por mês da natureza! Ganhar dinheiro com sustentabilidade, gerando emprego e fazendo bem ao meio ambiente é muito bom”, declara Eder.
Quase todos os prefeitos acreanos já visitaram a Plasacre, conta. A Prefeitura de Rio Branco ganhou prêmio de Melhores Práticas em Gestão de Resíduos Sólidos em Dubai (Emirados Árabes). “Contribuímos para esse reconhecimento internacional”, diz orgulhoso.
Além de reciclar polietileno e poliuretano, o empreendimento também tritura cerca de 100 ton de garrafas pet/mês e produz ‘flak’ (grânulos). Esse produto é fornecido para fábrica de refrigerantes em Porto Velho (RO). (www.plasacre.com.br )
Colaboração de Vanessa Brito, Jornalista e conteudista do CSS,
fonte: ecodebate
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