quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Poluição afeta 97% da água de 118 cidades da China, aponta relatório

poluição da água


Os números que mostram a grave poluição de quase todos os lençóis freáticos e da maioria dos rios e dos lagos da China despertaram a ira popular e desencadearam uma campanha para denunciar as empresas poluentes.
Segundo um novo relatório do Ministério de Recursos Hídricos, que foi divulgado pela agência oficial Xinhua, 64% das 118 cidades analisadas têm seus lençóis freáticos “muito poluídos” e 33% “levemente poluídos”. Com isso, apenas 3% dos municípios possuem água limpa. Matéria da EFE, no UOL Notícias.

Cerca de um terço dos recursos hídricos do gigante asiático vem do subsolo, uma fonte que está contaminada pelo contínuo vazamento de metais pesados, cujos compostos – ao contrário dos orgânicos – são muito mais difíceis de serem processados com o tratamento de água.
“A poluição dos lençóis freáticos é algo que só recentemente chamou a atenção da população”, afirmou nesta terça-feira (19) o chefe da campanha contra substâncias tóxicas do Greenpeace na Ásia Oriental, Ma Tianjie.
Ele advertiu que algumas dessas substâncias “são cancerígenas, se incorporam à cadeia alimentar e chegam à população”.
A água dos lençóis é utilizada na irrigação de mais de 40% das terras cultivadas na China e representa cerca de 70% da água potável nas regiões secas do Norte e do Noroeste do país.
A evidência da péssima qualidade da água provocou fortes protestos dos ativistas ambientais, que acusam os governos locais de proteger às empresas poluentes.
Em entrevista à televisão estatal, o diretor do Instituto de Assuntos Ambientais da China, Ma Jun, reconheceu que a maior dificuldade está na proteção das empresas poluentes pelas autoridades municipais, já que elas são as que mais contribuem em impostos e na criação de empregos.
“O problema é grave, mas pode ser superado”, disse o diretor, que pediu à população que “participe amplamente para denunciar essas práticas”.
Principal jornal de Pequim, o Beijing News se uniu à proposta de Ma Jun em um editorial pedindo a ajuda dos internautas e declarou “guerra contra as empresas sem escrúpulos”.
Apesar de o Greenpeace reconhecer o esforço de Pequim em aprovar leis mais duras, também considera que “a fraqueza do Ministério do Meio Ambiente em comparação com o de Assuntos Econômicos e o da Indústria se traduz em uma péssima aplicação das leis ambientais”.
Recompensa
Para combater o fenômeno, as autoridades de Weifang, município da província de Shandong, ofereceram uma recompensa de 100 mil iuanes (cerca de US$ 16 mil ou R$ 31,3 mil) a quem der informações sobre casos de empresas que despejam produtos tóxicos nos lençóis freáticos da cidade.
A medida foi tomada depois que um repórter da região, Deng Fei, acusou várias empresas através do Weibo, o Twitter chinês, de bombear água contaminada a mil metros de profundidade para evitar o cumprimento da normativa.
Diante das acusações, o governo inspecionou as 715 empresas locais, mas “não encontrou nenhuma evidência para apoiar as alegações de internautas”.
As denúncias do ativista circularam amplamente pela rede e até se transformaram no tema mais comentado. Deng aproveitou para pedir a seus seguidores que publicassem fotografias dos rios de suas cidades, o que inundou o Weibo com várias imagens de rios poluídos de todo o país.
Até um empresário de Hangzhou, capital da província de Zhejiang, após ver o péssimo estado de um rio próximo da sua cidade, ofereceu 200 mil iuanes (cerca de US$ 32 mil ou R$ 62,6 mil) ao chefe do Escritório de Proteção do Meio Ambiente se ele nadasse no rio por 20 minutos.
O funcionário em questão se limitou a responder que a responsabilidade “não era sua”, mas que “prestaria atenção ao caso”.
Os cálculos oficiais apontam que o número dos acidentes de contaminação dos aquíferos na China, principalmente rios e lagos, chegam aos 1.700 anuais, mas conforme afirmou o jornal de Pequim, “foram ignorados até hoje porque a maioria dos casos ocorre em zonas rurais, onde os camponeses não têm o direito de falar”.
fonte: ecodebate

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