Quando passamos por um dia de muito calor e umidade no ambiente de trabalho, é comum nos sentirmos mais cansados e menos dispostos, e é normal que nosso desempenho laboral caia. E uma nova pesquisa da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) revelou que, com as mudanças climáticas, essa sensação pode aumentar, prejudicando ainda mais nossa capacidade de trabalho.
Segundo a análise, o atual aumento na temperatura de 0,7ºC em relação aos níveis pré-industriais já está causando uma queda no rendimento laboral de 10% durante os meses de mais calor. E as estimativas do relatório mostram que essa queda tende a dobrar, atingido 20% até 2050, com um clima mais quente do que o atual.
No entanto, as previsões não param por aí: de acordo com a NOAA, se as temperaturas continuarem subindo, até 2100 a capacidade laboral pode diminuir para 63% nos meses mais quentes do ano, e até 2200, se o aquecimento global atingir os 6ºC, o rendimento laboral pode cair para apenas 39% nos verões.
“O planeta começará a sentir um estresse climático diferente de tudo experimentado hoje. O mundo está entrando em um ambiente muito diferente, e o impacto disso no trabalho será significativo”, comentou Ron Stouffer, coautor do estudo.
E enquanto em alguns lugares, como a cidade de Nova York, a capacidade laboral será reduzida ao rendimento de lugares como Bahrain, no Golfo Pérsico, em Bahrain o estresse climático tornará impossível que as pessoas exerçam certas atividades laborais, pois o clima poderá induzir a hipertermia (excesso de calor) mesmo em pessoas em repouso.
O estudo explica que isso ocorreria porque o excesso de calor e umidade impediria que os humanos perdessem calor, mantendo a temperatura corporal mais alta e impossibilitando a capacidade para o trabalho.
“Isso ilustra as consequências sombrias de um aquecimento extremo para os trópicos e as latitudes médias, onde a maioria das pessoas vive”, observou John Dunne, líder da pesquisa e oceanógrafo da NOAA.
Ainda assim, os pesquisadores enfatizam que tais efeitos são apenas aproximados, já que o estudo não considerou as diferenças nas populações, como idade, e como certas regiões se adaptam ao estresse climático.
Enquanto, por exemplo, durante uma onda de calor em 2003 70 mil pessoas morreram na Europa, em um evento similar na Índia, três mil pessoas morreram. Isso demonstra que regiões como os Estados Unidos e a Europa devem ser mais afetados pelo clima mais quente e úmido. “É muito regionalmente dependente e altamente determinado pela adaptação”, explicou Dunne.
Outros cientistas que não fizeram parte do estudo concordaram com as conclusões da pesquisa, acrescentando que a análise sugere que os efeitos das mudanças climáticas na economia mundial podem ser ainda maiores do que o esperado.
“Esse é um tipo bom e válido de mensagem irrefutável. Se [os autores do estudo] querem argumentar que há um custo econômico, acredito que eles estão em solo firme”, declarou Thomas Bernard, professor de saúde pública da Universidade do Sul da Flórida.
Por isso, os pesquisadores da NOAA afirmam que apenas com a limitação do aquecimento global a 3ºC é possível manter certa capacidade laboral em todas as áreas, mesmo nos meses mais quentes. E para isso, salientam os autores, é necessário encontrar uma forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs), o que mesmo assim apenas diminuiria, mas não eliminaria, a perda do rendimento laboral.
fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br
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