O WWF divulgou no dia 12 de dezembro de 2012, em encontro com embaixadores realizado na sede da ONU, em Nova York, o relatório Fighting Illicit Wildlife Trafficking (Combatendo o Tráfico Ilegal de Animais Selvagens). O documento traz dados impressionantes a respeito da prática criminosa. Por ano, a atividade movimenta cerca de US$ 19 bilhões - o que corresponde a aproximadamente R$ 39 bilhões - em todo o mundo, sendo a quarta mais lucrativa no ranking de transações ilegais - os primeiros lugares estão com tráfico de drogas, falsificação de produtos e dinheiro e tráfico de seres humanos, respectivamente.
E mais: a publicação classifica o comércio ilegal de animais selvagens como uma ameaça ao Estado de Direito. Isso porque, além dos conhecidos impactos que a atividade traz para o meio ambiente - como aceleração da extinção das espécies e desequilíbrio ambiental, por conta das espécies invasoras -, o crime acarreta em outros problemas, que nada têm a ver com a biodiversidade.
Entre eles:
- fortalecimento de redes criminosas (entre outras ações, o dinheiro do tráfico de animais é usado para comprar armas potentes e as rotas utilizadas com sucesso para o transporte de bichos são aproveitadas para o comércio de drogas);
- ameaça à segurança dos países (em nações africanas instáveis, por exemplo, o dinheiro do tráfico ajuda a financiar células terroristas) e
- ameaça à saúde da população (de acordo com o relatório, quase 75% das novas doenças infecciosas que atingem os seres humanos são de origem animal, sendo que a maioria delas é transmitida pelas espécies selvagens).
"O tráfico de animais não é apenas uma questão de proteção ambiental, mas também de segurança nacional. É tempo de colocar fim a esta ameaça profunda para o Estado de Direito", disse Jim Leape, diretor do WWF Internacional, em comunicado divulgado pela ONG.
Clique aqui para baixar o relatório do WWF, em inglês.
Neste contexto, os zoológicos particulares dos novos ricos do Sudeste Asiático, com suas mansões repletas de animais exóticos, são um capricho que dão glamour e estimulam o tráfico ilegal de espécies. Um dos principais centros de comércio de bichos ameaçados de extinção do mundo fica no popular mercado de Chatuchak, em Bangcoc, na Tailândia, e é visitado durante os finais de semana por milhares de moradores e estrangeiros. “Há alguns anos, o contrabando de animais era dirigido a clientes da Europa e do Oriente Médio. No entanto, cada vez mais os tailandeses e outros asiáticos compram espécies protegidas”, afirmou Jirayu Chardcharoen, agente do Departamento de Proteção de Parques Naturais, Vida Selvagem e Conservação. Durante um passeio pelo mercado, é possível encontrar, sem dificuldades, quase todos os tipos de aves e répteis, “os animais protegidos mais comercializados, por causa de sua facilidade no transporte”, segundo comenta Chardcharoen.
No entanto, também é possível ver mamíferos em pequenas jaulas, como o suricato – animal originário do sul da África que ficou famoso por ser um dos protagonistas do filme “O Rei Leão”, no papel de Timão –, macacos das selvas asiáticas, ursos e pangolins.
Esse incessante comércio ilegal é, segundo as autoridades, muito difícil de frear por conta das leves penalidades que a lei tailandesa contempla para as pessoas que têm ou traficam animais exóticos ou em risco. “O governo deveria endurecer a legislação contra as pessoas que comercializam animais de maneira ilegal ou possuam espécies protegidas sem as permissões necessárias”, diz o oficial. Segundo o agente, a polícia tailandesa vai quase toda semana a esse mercado do norte da capital e, frequentemente, apreende dezenas de bichos protegidos, embora poucas vezes faça detenções. “Limitamo-nos a impor multas aos donos dos postos em que são vendidos animais sem documentação, e estes ficam em um centro de cuidado até poderem voltar à liberdade”, disse um dos agentes da brigada de proteção.
Em março de 2012, a polícia tailandesa apreendeu mais de 200 animais, incluindo cangurus, tigres, leões albinos e orangotangos, durante uma batida realizada em uma mansão na província de Saraburi, na região central do país. O dono da mansão, Yutthasak Sutthinon, e outras duas pessoas foram detidas e depois liberadas após serem acusadas de estar em posse de animais protegidos sem permissão, um delito para o qual a lei estabelece pena máxima de quatro anos de prisão. “Alguns milionários usam suas mansões como zoológicos para impressionar seus clientes na hora de fazer negócios”, aponta o oficial.
A Tailândia, em particular Bangcoc, é um dos maiores centros de tráfico de animais em parte pela admitida corrupção e por sua situação geográfica, vizinha de Laos, Mianmar e Camboja, países de onde provêm grande parte das espécies.
No início de dezembro de 2012, duas operações policiais no aeroporto internacional da capital tailandesa resultaram na detenção de dois traficantes de animais que pretendiam tirar do país cerca de 340 tartarugas e 65 répteis protegidos. A cada ano, são realizadas no aeroporto de Bangcoc uma média de 50 apreensões de animais vivos e mortos escondidos em bagagens particulares ou entre cargas.
fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=670
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