terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Desenvolvimento Sustentável, que bicho é esse?


Destinado ao público jovem, a proposta do livro é apresentar um painel das grandes questões ecológicas do nosso tempo em linguagem acessível e acompanhado de glossário que decifra algumas expressões usadas por cientistas ou pela mídia, tais como Protocolo de Kyoto ou IPCCcrédito de carbono, etc.


Os autores, José Eli da Veiga e Lia Zatz, não têm pretensão de apresentar soluções simplistas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ele é professor da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), especialista com vários livros de publicados; ela é autora premiada de livros infantis e juvenis. A obra tem apelo didático, relaciona as questões da sustentabilidade não apenas com a ciência, mas também com política e economia, listando os principais temas debatidos desde os anos 60 até o início do século 21. 

Desse modo, explicita as polêmicas em torno do desenvolvimento sustentável, expressão criada em 1979 porambientalistas que cansaram de ser taxados de inimigos do crescimento econômico. Numa das intermináveis discussões sobre essa dicotomia, um deles reagiu: "não somos contra o desenvolvimento, só queremos que ele seja sustentável". A expressão virou bandeira e, embora até hoje não exista consenso sobre o que ela significa exatamente e como pode ser implantada, a meta é conciliar a expansão econômica sem desrespeitar os limites da natureza.

Parece óbvia a ideia de que todos querem usufruir dos ovos de ouro sem jamais matar a galinha. Na prática, isso não acontece. Para se ter ideia dos paradoxos, o livro relata uma história sobre a pesca da lagosta no litoral brasileiro. No método tradicional, não predatório, os pescadores usam uma armadilha artesanal que captura o animal adulto, mas nunca os filhotes. Além disso, a pesca era proibida entre janeiro e abril, para garantir a reprodução da espécie. No método predatório, usa-se uma rede no fundo do mar que arrasta tudo o que encontra pela frente - mata as ovadas, os filhotes, destrói a biomassa do fundo do oceano, comprometendo o alimento de diversas espécies marinhas. Além de ameaçar as lagostas de extinção, as redes devem ser colocadas nas profundezas - os mergulhadores usados para isso ganham alguns trocados e correm risco de morrer ou sofrer sérios danos. Em 2007, o método foi proibido pelo governo. Mas vejam a contradição: dois anos antes, o mesmo governo havia financiado a compra desse equipamento. Como a maioria dos pescadores é pobre, não podia arcar com o prejuízo.

Resultado: o governo manteve a proibição do uso das redes, mas comprou dos pescadores esses artefatos proibidos e destinou-lhes uma verba de seguro-desemprego, até que esses trabalhadores pudessem adquirir novos instrumentos e métodos não predatórios. Essa é só uma pequena mostra desse período de transição - em que já temos consciência a respeito do que pode prejudicar o ciclo da natureza, mas ainda não estamos agindo de acordo com aquilo que sabemos, ou estamos agindo de modo descoordenado, sem políticas claras.

UM POUCO DE HISTÓRIA 
Na década de 60, as discussões ambientais são impulsionadas pela guerra fria e as seqüelas da segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas sobre o Japão. No livro, editado em 2008, os dilemas relativos a energia nuclear já estão desatualizados, ainda não havia acontecido o acidente da usina de Fukushima, no Japão, em 2011, mostrando que ela não é tão segura quanto alguns cientistas imaginavam.


FONTE: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/desenvolvimento-sustentavel-bicho-esse-761768.shtml?utm_source=redesabril_psustentavel&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_psustentavel

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