sexta-feira, 20 de abril de 2012


Emissões dos EUA aumentam 10,5% entre 1990 e 2010

Autor: Jéssica Lipinski  

Diz o ditado que tudo o que é bom dura pouco, e a julgar pelos dados do novo Inventário de Gases do Efeito Estufa da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, isso vale também para a redução de emissões nos EUA. Depois de cair durante dois anos devido à crise financeira, a liberação de carbono da maior economia do mundo voltou a subir, atingindo uma alta de 3,2% em 2010 com relação aos índices do ano anterior.

“O aumento de 2009 a 2010 foi devido principalmente a um crescimento da produção econômica, resultando em um acréscimo no consumo de energia em todos os setores, e às condições de verão muito mais quentes, resultando em um aumento na demanda de eletricidade para ar-condicionado, que foi gerada principalmente pela combustão de carvão e gás natural”, comentou a agência no relatório de seu inventário.
Em 2010, as emissões norte-americanas foram equivalentes a 6,8 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa (GEEs), valor só superado pela China. Desde 1990, elas aumentaram em média 0,5% ao ano, o que resulta em um crescimento de 10,5% nas últimas duas décadas. Os níveis de 2010 só são menores se comparados aos de 2005 e 2007, quando o país atingiu a marca de 7,2 bilhões e 7,3 bilhões de toneladas de emissões, respectivamente.
No entanto, como o presidente dos EUA Barack Obama prometeu à ONU que até 2020 os Estados Unidos diminuiriam 17% de suas emissões com relação aos índices de 2005, talvez a redução de 5,3% que ocorreu entre 2005 e 2010 indique que a meta de Obama, ainda que necessite de esforços mais agressivos, possa ser cumprida.
Mais aumentos
Infelizmente, não foram apenas os Estados Unidos que registraram alta em suas emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Outras grandes economias do cenário mundial, talvez reagindo à recessão financeira, também liberaram mais GEEs nos últimos dois anos.
Um desses países foi a Irlanda, cujas emissões aumentaram devido à agricultura, segundo disse a agência ambiental do país na segunda-feira (16). Por causa dessa alta, a Irlanda excederá o limite da produção de GEEs dos setores que não estão incluídos no Esquema de Comércio de Emissões (ETS), o que pode fazer com que o país não atinja sua meta de redução.
Outra nação que apresentou um crescimento no carbono liberado foi o Japão, cujo aumento ficou em 4,2% em 2010 com relação a 2009. De acordo com informações publicadas nesta segunda-feira, isso significa que o governo japonês talvez tenha que comprar mais créditos de carbono. As emissões japonesas seguem com aproximadamente o mesmo nível desde 1990.
A Rússia também não escapou do aumento na liberação de GEEs. Dados publicados no site da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) indicam que as emissões do país aumentaram 4,3% em 2010 com relação ao ano anterior. Apesar disso, A Rússia ainda está a caminho de cumprir com a sua meta no Protocolo de Quioto.
Quedas
Mas nem todos os países apresentaram crescimento nas emissões, ainda que nenhuma redução relevante tenha sido divulgada até agora. Uma das nações que conseguiu manter sua liberação de carbono relativamente estável foi a Nova Zelândia, cujo aumento foi de apenas 0,2% em 2010 em relação a 2009.
O país teve um crescimento econômico leve, aumentou sua dependência nas energias renováveis e usou menos carvão para a geração de energia, o que ajudou a frear o crescimento de GEEs. “Nossas emissões líquidas estão estimadas em menos 23,1 milhões de toneladas do que nossa meta de Quioto”, observou Tim Groser, ministro de questões climáticas da Nova Zelândia.
Já as emissões da Austrália também tiveram um aumento pequeno, de 0,6% em 2011 em comparação com 2010. De acordo com o governo australiano, esse crescimento foi causado pela elevação da poluição do transporte, de resíduos e do uso carvão preto e castanho na mineração.
Apesar do pequeno aumento, essa situação esconde uma condição nada favorável para a Austrália: a nação está entre as com maior emissão de CO2 per capita do mundo, e ultrapassa até os Estados Unidos. Isso porque o país é muito dependente do carvão para a produção energética; para se ter uma ideia, enquanto 45% da energia dos EUA é carbonífera, 80% da eletricidade australiana provém do carvão.
Por isso, apesar de recentemente o país ter imposto um preço nas emissões de carbono nacionais e muitos analistas apoiarem esta decisão, afirmando que ela ajudará a direcionar mais investimentos para as energias mais limpas, eles alertam que as mudanças no mix de energia não devem acontecer rapidamente.
“O carvão será soberano por muitos anos. Mesmo com o regime de preço de carbono... haverá pouco incentivo para os geradores trocarem usinas de energia movidas a carvão”, concluiu Kevin Parton, da Universidade Charles Sturt.

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