domingo, 8 de abril de 2012

Novo relatório do IPCC prevê dias e noites ainda mais quentes


O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC, publicou no dia 28 de março em de Genebra (Suíça), o estudo “Gestão de riscos de eventos extremos e desastres para avançar na adaptação às mudanças climáticas”. Com 592 páginas, ele prevê que elevação das temperaturas do planeta, acompanhada de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, parece ser mesmo uma tendência inexorável. 


O relatório classifica como “muito provável” - o que significa uma probabilidade de 90% a 100% - o aumento de dias e noites quentes e a redução dos dias e noites mais frios em todo o mundo ao longo do próximo século. No Brasil, dias com temperaturas mais elevadas serão de 10% a 15% mais frequentes; enquanto as noites, especialmente no Sul e no Sudeste, ficarão até 25% mais quentes.

"O relatório confirma a tendência de aumento da s temperaturas que vemos desde 1950 e mostra que variações climáticas não são tão naturais assim, que a interferência do homem nesses processos é provável", afirmou o especialista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos autores do relatório.

Os especialistas ressaltam que a tendência de aquecimento é global. Os dias mais quentes deverão se tornar mais frequentes. "Um dia muito quente, que costuma acontecer uma vez a cada 20 anos, deve se tornar um evento bienal na maior parte do planeta", afirmou a especialista em clima Sonia Seneviratne, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, e é outra integrante do grupo responsável pela elaboração do relatório sobre eventos extremos.

O documento mostra ainda que as secas devem se tornar mais comuns. O Nordeste brasileiro é um dos locais mais atingidos, ao lado de América Central, México, Europa Mediterrânea, norte da África, África do Sul e Austrália. "O Nordeste hoje é considerada uma região semiárida, o que quer dizer que chove em metade do ano", explicou Marengo. "Mas, com o aquecimento, juntamente com a degradação dos solos pela agricultura e a pecuária, há um aumento do risco de desertificação."

Segundo o especialista, a desertificação do Nordeste aparece em mais modelos do que a anteriormente tão propalada savanização da Amazônia. Outra tendência relacionada ao Brasil que aparece com força no novo relatório é o aumento das chuvas no Sul do país, mais precisamente na área da Bacia do Prata. Em todo o planeta, a incidência de chuvas intensas deve ser mais frequente. Eventos que ocorriam a cada 20 anos podem passar a acontecer numa escala de tempo menor, de 5 a 15 anos. A frequência de ciclones tropicais deve se manter a mesma, mas o número de tempestades mais violentas, com velocidade máxima de ventos, tende a aumentar.

Esta é a primeira vez que um relatório feito por um único grupo de cientistas reúne todo o conhecimento disponível em eventos extremos, como elevação de temperaturas, chuvas intensas e secas, e também no que diz respeito a adaptação e prevenção para 26 regiões do planeta. De acordo com o IPCC, o documento, que se baseia em mil estudos já publicados, vai contribuir com o quinto relatório do IPCC. O último relatório, que “sacudiu e despertou” o mundo sobre a questão da mudança climática, foi divulgado em 2007.

Segundo Marengo, o novo documento aprofunda algumas tendências apontadas pelo quarto relatório do IPCC, divulgado em 2007. "Ele mostra uma piora em algumas áreas que não foram muito destacadas no relatório anterior", afirmou.

O IPCC observou que o impacto das mudanças climáticas variam muito de acordo com fatores como vulnerabilidade, preparação e infraestutura. O relatório sobre eventos extremos destaca ainda que políticas de prevenção e adaptação podem reduzir os impactos de tais eventos e aumentar a proteção das populações mais vulneráveis.



fonte: http://novo.maternatura.org.br/news.php?news=646

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