quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sustentabilidade corporativa: Além do marketing barato


O mundo da economia verde já é realidade (Foto:Reprodução)
A sociedade está começando a privilegiar as instituições que preservam o meio ambiente e que adotam, não apenas medidas compensatórias ou àquelas ditadas pelo órgão ambiental, mas sim atitudes de vanguarda na preservação dos recursos naturais e melhora do convívio do homem com o meio ambiente. A sustentabilidade ingressa, agora, na base da fórmula do êxito para as empresas contemporâneas, além dos já conhecidos: preço, qualidade, relacionamento e marca.

O termo sustentabilidade corporativa está embasado no triple bottom line, termo criado pelo cientista social inglêsJohn Elkington, fundador da SustainAbility, reconhecida empresa especializada em aconselhamento de negócios sustentáveis, que estuda o assunto há 30 anos. A expressão triple bottom line reúne o resultado econômico-financeiro, social e ambiental, simultaneamente. É a incorporação de aspectos sociais e ambientais na definição deestratégias, na operação do negócio e nas interações com stakeholders.
Segundo esta visão, a sustentabilidade repousa em uma visão de negócios onde desempenho socioambiental caminha lado a lado ao desempenho econômico – uma mudança de paradigma que prioriza a perenidade e a perpetuidade da organização. As melhorias podem vir a curto ou longo prazo, dependendo da situação. De uma forma geral, situações onde melhorias socioambientais estão ligadas primariamente a perdas econômicas viola um dos tripés do TBL, e não é sustentável.
Para que seja implementada de forma eficaz, a sustentabilidade deve ser inserida na política da empresa, como um valor, um princípio. Não basta financiar projetos sustentáveis para se dizer sustentável. A mudança deve ocorrer na forma como a empresa enxerga a sua relação com o meio ambiente, se tornando responsável pela melhora.
Como base para se alcançar a sustentabilidade, é necessário a prática constante da ecoeficiência. Esta prática se resume em minimizar impactos ambientais pelo uso minimizado de matérias primas. Dessa forma, os benefícios econômicos para as empresas são certos, uma vez que se produz mais com menos.
Além disso, caso a empresa necessitar de financiamento de banco, são levados em consideração, por exemplo, não só aspectos financeiros, mas também os aspectos sócio ambientais. A sustentabilidade corporativa não deve ser confundida com algum tipo de filantropia. Se trata, na verdade, de mudanças concretas na estrutura da empresa de forma a modificar a sua forma de enxergar as relações com o ambiente e as comunidades afetadas por suas atividades. Deve ser inserida em todos os seus processos, e principalmente, em sua cultura.
SUSTENTABILIDADE NO SETOR FINANCEIRO
A sustentabilidade corporativa pode estar presente em empresas do setor financeiro de diversas formas. Em alguns casos, ela se faz mais presente na criação de novos produtos com características específicas ligadas à inclusão social ou à preservação ambiental, por exemplo. Em outros, há maior esforço na mudança de processos existentes, como a inserção de análise de riscos socioambientais no processo de avaliação de risco de crédito ou, ainda, na utilização de critérios de sustentabilidade na seleção de fornecedores. Um terceiro grupo de empresas preocupa-se com ambas as dimensões. Sendo assim, podemos resumir que as práticas de sustentabilidade estão divididas em dois segmentos: finanças sustentáveis e gestão.
Finanças Sustentáveis: Avaliação de riscos socioambientais em financiamentos, crédito responsável, microcrédito, fundos socialmente responsáveis, financiamentos socioambientais, mercado de carbono, seguros ambientais.
Gestão: Ecoeficiência, critérios socioambientais nas seleções de fornecedores/prestadores de serviços, divulgação de desempenho socioambiental, diversidade na força de trabalho, mudanças climáticas, segurança da informação.
As atividades de financiamento dos bancos são o principal canal de geração de impacto no meio ambiente e nas comunidades da atuação do setor financeiro. Ao incorporar riscos socioambientais na análise de crédito, o banco está fazendo uma gestão mais eficiente de sua carteira de crédito, e contribuindo para um melhor desempenho de suas atividades de financiamento.
A bolsa de valores de São Paulo criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE Bovespa. O ISE Bovespa, também composto por ações de empresas com boas práticas de sustentabilidade, utiliza como método de avaliação uma metodologia desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP (Fundação Getúlio Vargas-Escola de Administração do Estado de São Paulo). Em linhas gerais, a metodologia visa avaliar políticas, práticas de gestão e avaliação de desempenho nas dimensões econômico-financeira, social e ambiental das empresas, juntamente com aspectos de governança corporativa, por meio de um questionário estruturado, baseado nas metodologias de índices semelhantes já disponíveis nas bolsas de Nova Yorque (DJSI, 99) e Londres (FTSE4Good, 2001).

Referências:
LINS, C; WAJNBERG D. 2007. Sustentabilidade Corporativa no Setor Financeiro Brasileiro. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro. RJ.

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