Dengue, diarreia, malária, meningite: para a maioria das pessoas, essas doenças são essencialmente uma questão de saúde pública. Mas um novo atlas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sugere que, mais do que relacionados à saúde, esses males também estão ligados às mudanças climáticas.
Segundo o Atlas da Saúde e do Clima, as alterações climáticas e ambientais ocorridas nos últimos tempos estão aumentando os riscos para a saúde humana. O documento explica que as condições climáticas extremas, cada vez mais comuns, como ciclones, secas e enchentes, afetam a saúde humana e podem desencadear epidemias de doenças infecciosas como as citadas acima.
Através de gráficos, mapas e tabelas, o atlas indica a relação entre as mudanças climáticas e a saúde, incluindo também problemas relacionados, como a degradação ambiental, pobreza, falta de saneamento básico e de infraestrutura hídrica.
Para ilustrar essa ligação, o documento cita alguns exemplos, como os casos de meningite, que desde 2005, com a intensificação da estação seca na África subsaariana, subiram, matando cerca de 25 mil pessoas em dez anos. Outro exemplo são os casos de dengue em áreas tropicais e subtropicais, que desde 1998 mostraram um padrão sazonal forte nos períodos de chuvas, matando aproximadamente 15 mil pessoas por ano.
“Muitas doenças incluindo malária, dengue, meningite – só alguns exemplos – são o que chamamos de doenças sensíveis ao clima, porque tais dimensões climáticas de chuvas, umidade e temperatura influenciam as epidemias, os surtos, tanto diretamente, influenciando os parasitas, quanto os mosquitos que os carregam”, comentou Margaret Chan, diretora geral da OMS.
Mas o atlas também apresenta casos positivos de surtos e epidemias que foram contidos ou mesmo prevenidos através de uma maior relação entre o uso de informações climáticas e a gestão de saúde pública. Um exemplo é o caso de Bangladesh, que reduziu o número de mortes por ciclones de 500 mil em 1970 para 140 mil em 1991 e três mil em 2007, devido principalmente a sistemas de alerta precoce e de preparação.
Mas, de acordo com o texto, ainda há muito que ser feito, e essa relação entre dados climáticos e saúde pública ainda é subestimada. Por exemplo, alterar as fontes de energia para uma geração domiciliar limpa poderia salvar a vida de 680 mil crianças por ano através da redução da poluição atmosférica e da mitigação das mudanças climáticas.
“Prevenção e preparação são o cerne da saúde pública. A gestão de risco é nosso pão de cada dia. A informação sobre variabilidade e mudanças climáticas é uma ferramenta científica poderosa que nos assiste nessas tarefas. O clima tem um impacto profundo nas vidas, e na sobrevivência, das pessoas. Serviços climáticos podem ter um impacto profundo para melhorar essas vidas, também através de melhores resultados de saúde”, observou Chan.
“Uma cooperação mais forte entre comunidades meteorológicas e de saúde é essencial para garantir que informações atualizadas, precisas e relevantes sobre tempo e clima sejam integradas à gestão de saúde pública em níveis internacional, nacional e local. Esse atlas é um exemplo inovador e prático de como podemos trabalhar juntos para servir a sociedade”, acrescentou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.
Conforme o próprio atlas, os dados e conclusões do estudo podem não ser necessariamente uma novidade, mas a forma como são apresentados pode constituir em um estímulo à resposta dos governos às ameaças do aumento das temperaturas e das mudanças climáticas.
fonte: institutocarbanobrasil.org.br
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