sexta-feira, 2 de novembro de 2012


Banco Mundial pede por redução de queima de gás


O Banco Mundial (BM) pediu nesta semana que nações e companhias produtoras de petróleo reduzam o desperdício proveniente da queima de gás associada à geração petrolífera, processo que contribui para a emissão de gases do efeito estufa (GEEs) na atmosfera.
A Parceria pela Redução Global da Queima de Gás (GGFR) afirmou que, atualmente, a queima de gás dos 20 principais países que produzem petróleo no mundo contribuiu tanto para as mudanças climáticas quanto uma grande economia como a Itália. Essa queima é feita comumente para acender luzes em campos de petróleo durante a noite.

Por isso, o Banco Mundial sugeriu que nações e firmas petrolíferas cortem o desperdício da queima de gás em 30% até 2017, uma redução equivalente a retirar de circulação 60 milhões de carros.

“Um corte de 30% em cinco anos é uma meta realista. Dada a necessidade por energia em tantos países – uma em cada cinco pessoas no planeta não tem eletricidade – precisamos aumentar nossa ambição. Simplesmente não podemos mais nos dar ao luxo de desperdiçar esse gás”, comentou Rachel Kyte, vice-presidente do BM para Desenvolvimento Sustentável.

A Parceria GGFR já ajudou a diminuir o desperdício da queima de gás em 20%, de 172 bilhões de metros cúbicos em 2005 para 142 bilhões de metros cúbicos em 2011. Esse corte equivale à não emissão de 274 milhões de toneladas de CO2, ou à retirada de 52 milhões de veículos das ruas.

No entanto, isso ainda é considerado pouco, já que dados mostram que a taxa de redução da queima de gás está estabilizada, e os cortes alcançaram apenas 10% nos 20 maiores emissores desde 2007, apesar das promessas de grandes diminuições. “A direção está certa, mas se está na velocidade ou no ritmo necessário é outra questão”, declarou Kyte.

Os EUA, que estão no quinto lugar em volume de queima de gás, aumentaram sua queima em quase 50% em 2010-2011 e quase triplicaram nos últimos cinco anos por causa do desenvolvimento do óleo de xisto em locais como a Dakota do Norte. A Rússia, que está no primeiro lugar, emitiu 37,4 bilhões de metros cúbicos de gás em 2011, 1,8 bilhões a mais do que no ano anterior.

Outros países, felizmente, conseguiram reduzir bastante esta atividade. Segundo o banco, o Azerbaijão cortou a queima em 50% em dois anos, enquanto o México diminuiu em 66%, e o Kuwait queima agora apenas 1% de seu gás excedente. Outras nações, como o Catar e a República Democrática do Congo, usam agora grandes volumes de gás, que antes eram desperdiçados, para gerar eletricidade.

“Esse grande desperdício de recurso natural pode ser transformado em investimentos de desenvolvimento rentáveis”, disse Suma Chakrabarti, presidente do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento.

“Para reduzir a queima, os países e empresas precisam trabalhar juntos, promovendo mercados viáveis para o gás e criando infraestruturas adequadas. Parcerias podem aproveitar oportunidades de negócios e também reduzir as emissões e expandir o acesso à energia moderna – uma meta chave da iniciativa Energia Sustentável para Todos”, acrescentou Kyte.

Nações e empresas concordam que o desperdício desse gás, que poderia ser usado para gerar energia, é um problema, mas alegaram que é necessário tempo, dinheiro, novas tecnologias e o desenvolvimento de infraestruturas para que esses cortes possam ser feitos.

“A queima é muito estúpida, com certeza. Mas pará-la é difícil. Estamos indo na direção certa, mas leva tempo”, observou um porta-voz da companhia francesa de petróleo Total, que se comprometeu a reduzir pela metade sua queima de gás até 2014.

Organizações não governamentais e grupos comunitários, que costumam ser os mais atingidos pelas consequências dessa queima, responderam ao pedido do BM alertando que pouco foi feito para reduzi-la, e que inclusive pessoas estavam sendo mortas pela poluição causada por esse gás.

“As queimas de gás são nada menos que crimes contra a humanidade. Elas sujam os céus, matam colheitas e envenenam o ar. Isso libera gases do efeito estufa na atmosfera, impactando o clima, colocando todos em risco. As queimas de gás continuam porque é barato matar, desde que os lucros continuem crescendo”, concluiu Nnimmo Bassey, diretor da Ação de Direitos Ambientais e presidente da Amigos da Terra Internacional.

*Créditos da imagem: Queima de gás, por William Sparkey

fonte; institutocarbonobrasil.org.br

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