quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Nova espécie de ave é descoberta em MG


Na parte superior, flagras da ave pedreiro-do-espinhaço, espécie descoberta com apoio da Fundação Grupo Boticário; abaixo imagens panorâmicas da Serra do Cipó, região de ocorrência da espécie
Crédito: Guilherme Freitas

Uma nova espécie de ave foi descoberta em uma das regiões mais pesquisadas do país, a Serra do Cipó, localizada na região sul da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, a apenas 50 quilômetros da capital mineira. O Cinclodes espinhacensis, pássaro que é da mesma família do joão-de-barro, tem como nome popular pedreiro-do-espinhaço.
Ele foi avistado pela primeira vez em 2006 e foi oficialmente reconhecido na revista internacional de ciência IBIS. O estudo que originou a descoberta foi realizado por Anderson Chaves, Fabrício Santos, Guilherme Freitas, Lílian Costa e Marcos Rodrigues, todos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Hoje a pesquisa abrange um estudo ecológico com uma população do pedreiro-do-espinhaço. Para monitorar as aves, os pesquisadores contam com o apoio de um recurso tecnológico chamado radiotelemetria, no qual transmissores instalados nos animais permitem localizar os indivíduos à distância através de ondas de rádio. O projeto que originou a atual pesquisa limitava-se no início ao estudo de uma outra espécie da mesma família, o joão-cipó (Asthenes luizae), que foi descoberto pela ciência também nos campos rupestres da Serra do Cipó em 1990.
“Utilizamos esta tecnologia para caracterizarmos como vive esta nova espécie, onde ela ocorre de fato e o que fazer para conservá-lo, já que ele já nasce para a ciência ameaçado de extinção. Este projeto atualmente vigente, apoiado pela Fundação Grupo Boticário, visa ao estudo de ambas as espécies: o joão-cipó e pedreiro-do-espinhaço”, explica a pesquisadora Lílian Costa.
Guilherme Freitas, outro pesquisador responsável pela descoberta, afirma que a Cinclodes espinhacensis foi observada pela primeira vez nos arredores de um casebre de madeira localizado no alto da serra, no meio do Parque Nacional da Serra do Cipó. “Depois, um indivíduo foi visto e fotografado nos arredores do alojamento do Alto do Palácio, localizado também no alto do Parque Nacional, mas as margens da rodovia, onde estávamos alojados para realização das pesquisas do Laboratório de Ornitologia”, afirma.
Lilian explica que a partir daí foram realizadas várias expedições e diversas populações deCinclodes espinhacensis foram encontradas, sempre nas áreas mais altas da Serra do Cipó. “Coletamos várias informações relativas à coloração de plumagem, morfometria, vocalizações, comportamento, sequências de DNA, e as comparamos as relativas às outras espécies da família. Todas as pistas levantadas levaram à mesma conclusão: de que haviam diferenças significativas nos indivíduos da Serra do Cipó”, destaca.
De acordo com Guilherme Freitas, o apoio da Fundação Grupo Boticário foi essencial para esta descoberta. “A Fundação tem contribuído muito ao longo desses anos com as pesquisas dessas e outras aves especiais dos campos rupestres. A parceria com o Laboratório de Ornitologia da UFMG é fundamental, pois os recursos são necessários para estudar estas aves, geralmente em locais de acesso difícil, principalmente quando empregamos alta tecnologia, como a radiotelemetria”, ressalta.
Por meio das iniciativas de conservação da natureza apoiadas pela Fundação Grupo Boticário em diversas regiões do Brasil, já foi possível descrever mais de 40 novas espécies de animais e plantas. Em 22 anos de atuação, US$ 12.4milhões foram doados para 1.325 iniciativas de 456 instituições de todo o país.

Características na nova espécie

Segundo os pesquisadores, a Cinclodes espinhacensis lembra, parcialmente, o joão-de-barro, porém com uma tonalidade mais escura (marrom-chocolate), e possui a cauda longa. Além disso, existem diferenças notáveis na coloração da plumagem em relação aoCinclodes pabsti, o parente mais próximo que vive nas Serra Geral, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Eles explicam que o pássaro é relativamente grande e busca por insetos andando pelo solo. Ele possui grande capacidade de voo, o que permite buscar alimentos a longas distâncias, bem como explorar muito os afloramentos rochosos dos campos rupestres que ocorrem nas serras mais altas da região, onde aproveita dos córregos desses lugares.

fonte: www.fundacaogrupoboticario.org.br

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