Com o crescimento das cidades, aumenta também a demanda por serviços de infraestrutura urbana, como sistemas de saneamento e estações de tratamento de esgoto. Para aproveitar os resíduos gerados por esses sistemas, especialistas nas áreas de energia e esgotamento sanitário estão desenvolvendo tecnologias capazes de transformar o esgoto que sai de nossas casas em energia elétrica.
Um dos exemplos está na Bahia, onde uma parceria envolvendo a Coelba, empresa do Grupo Neoenergia, a Embasa, a Giz (Cooperação Alemã) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) desenvolve uma tecnologia pioneira de geração de energia a partir do biogás proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto Jacuípe II, em Feira de Santana (BA). A novidade desse projeto está no uso de reatores anaeróbicos tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket, em português Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente) como principal processo de tratamento.
De acordo com Ana Christina Mascarenhas, assessora de eficiência energética da Neoenergia, 2 a 3% da energia produzida no mundo é utilizada no bombeamento e tratamento de água, o que justificaria o investimento já que a tecnologia poderá reduzir essa demanda.
Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto está pautado na comprovação da viabilidade econômica para o mercado brasileiro da geração de energia a partir do biogás proveniente da digestão anaeróbia do esgoto sanitário. O foco será em estações de tratamento de esgoto de médio e pequeno porte, que atendam entre 20 mil e 300 mil habitantes.
Segundo a Coelba, projetos nessa escala ainda não foram executados no Brasil. A empresa também garante que a iniciativa trará benefícios ao meio ambiente por aproveitar o biogás na redução das emissões atmosféricas de gases, principalmente do metano. “Este gás é um dos principais causadores do efeito estufa, impactando no aquecimento global 21 vezes mais que o gás carbônico”, informa Ana Christina Mascarenhas, que diz ainda ter a intenção de utilizar toda a energia gerada na própria estação.
Para Ana Christina, a principal barreira para tornar o uso dessa tecnologia uma realidade no país é a comprovação da sua viabilidade econômica, e o maior conhecimento sobre parâmetros capazes de melhorar a eficiência do processo de tratamento de efluentes do ponto de vista energético. “Por isso, a nossa proposta é realizar um estudo da viabilidade técnica-econômica a ser realizado a partir dos dados de investimento e geração de energia de um projeto em escala real”, acrescentou a assessora. Será usado como indicador o valor do investimento por unidade de energia (R$/MWh) e, para isto, serão identificadas quais melhorias no processo acarretam maior produção de biogás.
Iniciativa mineira
Outro projeto bem sucedido que tem chamado a atenção de especialistas em todo o país está sendo implantado na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já conta com uma termelétrica de cogeração de energia em fase pré-operacional funcionando na Estação de Tratamento de Esgoto Arrudas.
“Já estamos produzindo cerca de 800 kg/h. Em pouco tempo estaremos a todo vapor”, afirmou Marcelo Gaio, superintendente de Gestão de Energia da Copasa. Ele informou ainda que, quando as turbinas estiverem funcionando plenamente, a economia no consumo de energia elétrica da planta chegará a 90% e as contas da empresa terão uma redução de R$ 2,7 milhões por ano.
“É um número formidável. E tem mais um detalhe importante: a usina vai também economizar em outras ações, pois não precisará pagar o custo de transporte deste lodo, que será queimado para gerar energia”, explicou Gaio.
Experiências similares estão sendo realizadas em outros estados brasileiros. Em Foz do Iguaçu (PR), por exemplo, a Estação de Tratamento de Esgoto de Ouro Verde, da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), implantou um programa experimental em 2008 e já começa a dar resultados.
Tecnologia no mundo
Segundo Gaio, para criar o projeto mineiro foram realizadas parcerias com consultorias e universidades para buscar a tecnologia ideal para gerar energia através do lodo, processo comum em diversos locais na Europa. Um dos países que mais utiliza a tecnologia é a Alemanha, onde cerca de 800 estações possuem digestão anaeróbia de lodo e geração de eletricidade a partir do biogás, totalizando em 2008 uma geração de pouco mais de 1 TWh. Nos Estados Unidos, 104 estações, com 190 MW de capacidade instalada, utilizam biogás oriundo dos digestores de lodo como fonte primária de combustível.
Na cidade de Didcot, no Reino Unido, uma estação especial de tratamento transforma dejetos humanos lançados pela descarga em energia para consumo doméstico. A produção da energia deriva do metano, gás que resulta da decomposição anaeróbia de tais compostos. Além de gerar energia para aquecer as casas locais e diminuir as contas de luz, o projeto ainda reduz as emissões do metano, gás-estufa cujo efeito é 23 vezes mais impactante ao meio ambiente que o dióxido de carbono (CO2).
“Acho que em um futuro próximo, toda estação de tratamento de esgoto irá produzir sua própria energia elétrica. É assim em vários países da Europa e pode ser repetido com êxito no Brasil”, concluiu Gaio.
publicado originalmente em: EcoD
Fonte: institutocarbonobrasil.com.br
Um dos exemplos está na Bahia, onde uma parceria envolvendo a Coelba, empresa do Grupo Neoenergia, a Embasa, a Giz (Cooperação Alemã) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) desenvolve uma tecnologia pioneira de geração de energia a partir do biogás proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto Jacuípe II, em Feira de Santana (BA). A novidade desse projeto está no uso de reatores anaeróbicos tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket, em português Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente) como principal processo de tratamento.
De acordo com Ana Christina Mascarenhas, assessora de eficiência energética da Neoenergia, 2 a 3% da energia produzida no mundo é utilizada no bombeamento e tratamento de água, o que justificaria o investimento já que a tecnologia poderá reduzir essa demanda.
Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto está pautado na comprovação da viabilidade econômica para o mercado brasileiro da geração de energia a partir do biogás proveniente da digestão anaeróbia do esgoto sanitário. O foco será em estações de tratamento de esgoto de médio e pequeno porte, que atendam entre 20 mil e 300 mil habitantes.
Segundo a Coelba, projetos nessa escala ainda não foram executados no Brasil. A empresa também garante que a iniciativa trará benefícios ao meio ambiente por aproveitar o biogás na redução das emissões atmosféricas de gases, principalmente do metano. “Este gás é um dos principais causadores do efeito estufa, impactando no aquecimento global 21 vezes mais que o gás carbônico”, informa Ana Christina Mascarenhas, que diz ainda ter a intenção de utilizar toda a energia gerada na própria estação.
Para Ana Christina, a principal barreira para tornar o uso dessa tecnologia uma realidade no país é a comprovação da sua viabilidade econômica, e o maior conhecimento sobre parâmetros capazes de melhorar a eficiência do processo de tratamento de efluentes do ponto de vista energético. “Por isso, a nossa proposta é realizar um estudo da viabilidade técnica-econômica a ser realizado a partir dos dados de investimento e geração de energia de um projeto em escala real”, acrescentou a assessora. Será usado como indicador o valor do investimento por unidade de energia (R$/MWh) e, para isto, serão identificadas quais melhorias no processo acarretam maior produção de biogás.
Iniciativa mineira
Outro projeto bem sucedido que tem chamado a atenção de especialistas em todo o país está sendo implantado na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já conta com uma termelétrica de cogeração de energia em fase pré-operacional funcionando na Estação de Tratamento de Esgoto Arrudas.
“Já estamos produzindo cerca de 800 kg/h. Em pouco tempo estaremos a todo vapor”, afirmou Marcelo Gaio, superintendente de Gestão de Energia da Copasa. Ele informou ainda que, quando as turbinas estiverem funcionando plenamente, a economia no consumo de energia elétrica da planta chegará a 90% e as contas da empresa terão uma redução de R$ 2,7 milhões por ano.
“É um número formidável. E tem mais um detalhe importante: a usina vai também economizar em outras ações, pois não precisará pagar o custo de transporte deste lodo, que será queimado para gerar energia”, explicou Gaio.
Experiências similares estão sendo realizadas em outros estados brasileiros. Em Foz do Iguaçu (PR), por exemplo, a Estação de Tratamento de Esgoto de Ouro Verde, da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), implantou um programa experimental em 2008 e já começa a dar resultados.
Tecnologia no mundo
Segundo Gaio, para criar o projeto mineiro foram realizadas parcerias com consultorias e universidades para buscar a tecnologia ideal para gerar energia através do lodo, processo comum em diversos locais na Europa. Um dos países que mais utiliza a tecnologia é a Alemanha, onde cerca de 800 estações possuem digestão anaeróbia de lodo e geração de eletricidade a partir do biogás, totalizando em 2008 uma geração de pouco mais de 1 TWh. Nos Estados Unidos, 104 estações, com 190 MW de capacidade instalada, utilizam biogás oriundo dos digestores de lodo como fonte primária de combustível.
Na cidade de Didcot, no Reino Unido, uma estação especial de tratamento transforma dejetos humanos lançados pela descarga em energia para consumo doméstico. A produção da energia deriva do metano, gás que resulta da decomposição anaeróbia de tais compostos. Além de gerar energia para aquecer as casas locais e diminuir as contas de luz, o projeto ainda reduz as emissões do metano, gás-estufa cujo efeito é 23 vezes mais impactante ao meio ambiente que o dióxido de carbono (CO2).
“Acho que em um futuro próximo, toda estação de tratamento de esgoto irá produzir sua própria energia elétrica. É assim em vários países da Europa e pode ser repetido com êxito no Brasil”, concluiu Gaio.
publicado originalmente em: EcoD
Fonte: institutocarbonobrasil.com.br
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