sábado, 9 de março de 2013

Estudo do Banco Mundial compara seca do Ceará com a dos EUA, Austrália, Espanha e México


Eduardo Sávio Martins Rodrigues

O Ceará foi incluído em estudo comparativo que o Banco Mundial realiza entre vários países que sofrem grandes impactos com a seca, entre estes Estados Unidos, Austrália, Espanha e México. A coleta dos dados da realidade do estado se deu na visita realizada no final de fevereiro e início de março por Carmen Molejon, analista do Banco Mundial, aos sertões cearenses nos municípios de Canindé, Tauá, Jaguaribe e Jaguaribara com objetivo de documentar in loco a intensificação dos impactos da seca de 2012.


A idéia do estudo, informa o presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins Rodrigues, é permitir um olhar comparativo dos impactos e estratégias de convivência com a seca de modo a poder aportar uma troca de experiência entre os países. “As experiências no Ceará, por parte do estado e municípios, vão desde grandes investimentos em infraestrutura a manejo de água e solo na agricultura”, ele relatou.

Eduardo Sávio observa que o município de Tauá chamou atenção em particular pela diversidade de experiências. “Neste município, através de vários programas, alguns destes em parceria com as esferas estadual e federal, as estratégias de convivência assumem um caráter ambiental importante ao tentar encontrar alternativas econômicas que vão além do uso dos recursos naturais”, assinala.

Também fizeram parte da comitiva Antônio Rocha Magalhães, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e secretário de Ciência e Tecnologia da Convenção da ONU sobre Combate à Desertificação (UNCCD) e Dalvino Franca, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA). Esta pesquisa serviu a vários propósitos, entre estes, colocar o Ceará como estudo de caso de um local sujeito a secas frequentes e que tem trabalhado diversas experiências de convivência no semiárido, explica Eduardo Sávio.

Foram realizadas entrevistas com prefeitos, técnicos da Ematerce, dirigentes dos Sistemas de Água e Esgotos, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e outros órgãos sobre os impactos e também registradas algumas experiências de convivência com as secas, informa o presidente da Funceme. Segundo ele, em cada município visitado as reuniões foram acompanhadas por vários representantes do DNOCS.

O documento elaborado, como resultado a esta visita aos sertões cearense, será apresentado pelo Dr. Antônio Rocha Magalhães na Reunião de Alto Nível sobre Política Nacional de Seca (High Level Meeting on National Drought Policy - HMNDP) que acontecerá entre os dias 11 a 15 de março em Genebra, na Suíça. O objetivo deste encontro é discutir a necessidade de Políticas Nacionais de Secas.

A Austrália é o único país que tem uma política nacional de secas, constata o presidente da Funceme. O objetivo do encontro – acrescenta - é também discutir questões específicas ligadas às secas, ressaltando a necessidade de cooperação e coordenação entre todos os níveis de governo visando aumentar a capacidade de convivência com longos períodos de escassez hídrica durante uma seca. “O objetivo último é a busca de uma sociedade mais resiliente às secas”, afirma.

A impactos observados este ano da seca de 2012, conforme Eduardo Sávio, “são muito fortes com reflexo sobre o sistema de abastecimento de água das sedes municipais e na água para beber para a população difusa. Aliado a isto, tem-se ainda a falta de água para sedentação animal e de alimentação para o rebanho”. Segundo ele, na perspectiva de se repetir um ano de quadra chuvosa abaixo da média em 2013, teremos a intensificação dos efeitos de uma seca.

O cenário mais provável do prognóstico emitido pela Funceme em fevereiro para o trimestre março-abril-maio foi de 40% de probabilidade da categoria abaixo da média. Este cenário levou a um estado de alerta do governo cearense, caracterizado por uma mobilização e a busca de uma estreita articulação entre as instituições estaduais, relata Eduardo Sávio. Esta iniciativa se dá no âmbito do Comitê Integrado de Combate às Secas, visando resolver os problemas associados ao abastecimento, à distribuição de milho para o gado, etc.

“O estado de mobilização já está ocorrendo faz tempo. Temos reuniões muito frequentes”, registra o presidente da Funceme. “Estado permanente de mobilização é a palavra de ordem do secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, coordenador do Comitê”, assinala. A organização inclui um grupo geral que “às vezes se reúne mais de duas vezes por semana e grupos específicos por setor que têm encontros diários para monitorar e decidir diante das necessidades. O problema é sério e o Comitê realmente está empenhado em fazer esta mobilização e articulação”, acrescenta.

O presidente da Funceme avalia que o Ceará não conta mais com muitos locais para construção de grandes barragens. “A prioridade do governo do Estado é a mobilidade desta água, a transposição de bacias, sejam estas internas ao território cearense ou não, como é o caso do Projeto da Transposição do Rio São Francisco”. Segundo ele, esta é uma estratégia de adaptação importante à variabilidade climática, assim como às mudanças de clima, uma vez que conectam regiões que podem estar em regime de clima diferenciado, abundância de chuvas em uma região, enquanto outra sofre com carência de chuvas.

fonte: http://desimbloglio.blogspot.com.br/2013/03/banco-mundial-poe-ceara-em-estudo-sobre.html


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