domingo, 24 de março de 2013

Substituir lixões por aterros aumentará emissão de metano

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Considerado um gás 25 vezes mais potente do que o CO2, quando o assunto é a contribuição para o efeito estufa, o metano está cada vez mais presente no ar que respiramos. Dados da Iniciativa Global do Metano (GMI)apontam que a concentração do gás aumentou nos países em desenvolvimento nos últimos 260 anos e, principalmente, a partir de 2007 por conta do crescimento da produção e descarte de resíduos sólidos – entre outras atividades, como a agricultura e pecuária. 


No Brasil, esse cenário pode piorar ainda mais. Isso porque a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em 2010, determina, entre outras mudanças, que até o ano de 2014 todos os lixões do país devem ser fechados e substituídos poraterros sanitários. "A medida é de suma importância, uma vez que garantirá adestinação correta do lixo produzido no país, mas aumentará a emissão de gás metano", alertou Christopher Godlove, da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, durante palestra no evento de lançamento do Manual de Boas Práticas no Planejamento para a Gestão dos Resíduos Sólidos

O especialista explica por quê. "Ao mandarmos os resíduos sólidos para locais que possuem condições mais adequadas para recebê-los, como os aterros sanitários, favorecemos sua decomposição e, consequentemente, aumentamos a liberação de metano, proveniente da degeneração anaeróbia de matéria orgânica", esclareceu. 

A informação serve de alerta para os governos do país, que devem começar a pensar desde já em alternativas para o problema. Para Godlove, a melhor delas é capturar obiogás para utilizá-los na produção de eletricidade. "É uma fonte abundante, já que o metano é emitido 24 horas por dia, sete dias por semana, nos aterros. No entanto, deve-se ter em mente que a produção de energia elétrica por biogás não tem potencial para ser parte expressiva da nossa matriz. Trata-se de uma boa fonte de energia local, que pode servir como backup", explicou o especialista. 

Segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético na Destinação de Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil tem potencial para produzir mais de 280 megawatts de energia a partir do biogás capturado em unidades de destinação de resíduos sólidos. O volume seria suficiente para abastecer uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas. 

No Estado de São Paulo, já existem duas usinas de metano implantadas nos aterros sanitários Bandeirantes e São João, localizados nas cidades de Perus e São Mateus. De acordo com o Atlas da Abrelpe, o Brasil conta com 22 projetos que preveem o aproveitamento energético do biogás, sendo que a maioria deles é destinado à região sudeste. "Para aumentar esse número, é interessante que haja subsídio do governo. Não se trata de uma regra, cada caso é um caso, mas no geral aterros sanitários que tenham mais de 500 mil toneladas de resíduos sólidos são promissores para o desenvolvimento de projetos de geração de energia elétrica", concluiu Godlove.


FONTE; http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/substituicao-lixoes-aterros-sanitarios-emissao-metano-biogas-eletricidade-735237.shtml

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