A recessão econômica ocorrida em 2008 ainda está tendo seus reflexos em diversos setores da economia mundial, e as energias renováveis também foram atingidas pela crise. Ainda assim, a indústria solar apresentou crescimento nos últimos anos, e está prestes a atingir a marca de 100 GW de capacidade instalada mundialmente, revelou o novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE).
O documento, intitulado Snapshot of Global PV, aponta que mesmo as incertezas nos mercados europeu e chinês não impediram que o setor instalasse 28,4 GW em 2012, elevando o total instalado nos 23 países analisados para 89,5 GW. E com mais 7 GW estimados para este ano, a capacidade nesses países deve subir para 96,5 GW.
No entanto, o relatório sugere que, como é difícil quantificar quantos gigawatts de energia solar fotovoltaica há instalados em países que não foram avaliados pelo relatório, é possível que a marca de 100 GW de capacidade solar instalada já tenha sido atingida ainda no primeiro trimestre de 2013.
Isso porque outros relatórios semelhantes indicam índices ainda maiores de instalação do que os da AIE. O documento da empresa de pesquisa IHS aponta para um crescimento de 31,4 GW na capacidade instalada em 2012, enquanto dados da NPD Solarbuzz mostram um aumento na capacidade instalada de 29 GW no último ano.
A energia solar fotovoltaica foi, pelo segundo ano consecutivo, a fonte que mais cresceu em capacidade instalada, ultrapassando a eólica, o gás natural, o carvão e a nuclear.
Contribuição dos mercados
Segundo o relatório, a Europa ainda é o maior mercado solar do mundo, representando 59% da participação. Entretanto, as regiões da Ásia-Pacífico e a América Latina estão apresentando um grande crescimento, se aproximando cada vez mais dos europeus. Já o Oriente Médio e a África ainda estão desenvolvendo seus mercados, mas apresentam grande potencial para o setor.
“A Europa vai reduzir [o mercado], sem dúvida. Principalmente por causa do nível insustentável que o mercado atingiu em alguns países. Os cortes nos subsídios são de fato responsáveis pela incapacidade do mercado na Europa de se manter no nível que atingiu... o período de transição do atual mercado para um novo e sustentável pode levar o mercado para baixo durante alguns anos”, explicou Gaëtan Masson, do IEA-PVPS.
Ainda assim, o bloco atualmente recebe 2,5% de sua energia de fontes solares fotovoltaicas, e alguns de seus mercados internos, como o italiano, recebem pelo menos 5,75% de sua eletricidade da energia fotovoltaica, porcentagem muito maior do que outros grandes mercados, como o australiano, que recebe 1% de sua eletricidade da energia solar PV.
Em se tratando do cenário mundial, a China, em especial, tem se mostrado cada vez mais competitiva, e apresentou o segundo melhor mercado para novas instalações em 2012, ultrapassando potências como os Estados Unidos e a Itália.
Em termos de capacidade total instalada, o país é agora o terceiro no mercado solar fotovoltaico. Para se ter uma ideia, as informações da NPD Solarbuzz reportam que o país deve atingir 7 GW em 2013, e que a China deve ser responsável por mais de 20% da demanda do mercado fotovoltaico neste ano.
No geral, a AIE acredita que os números da indústria solar tendem a se mostrar mais positivos, já que o setor deve se tornar cada vez mais economicamente viável, principalmente nos países do ‘cinturão solar’. Projetos em pequena escala e em nível comunitário devem crescer rapidamente, principalmente em regiões rurais, onde o acesso à eletricidade é mais difícil e instável.
“Em particular em países do ‘cinturão solar global’, a PV está levando a uma viabilidade micro e macroeconômica”, observou Michael Franz, gestor de projeto da Iniciativa da UE para a Energia, órgão estabelecido para promover o acesso à energia sustentável em países emergentes.
“A redução de preços e novos modelos de negócios tornam possível trazer acesso à eletricidade para milhões de novos usuários, especialmente em áreas remotas de países em desenvolvimento com população dispersa. A curva de mercado para PV na eletrificação rural ainda é relativamente plana, mas está inclinando rapidamente”, acrescentou Franz.
Imagem: Evolução da capacidade solar fotovoltaica instalada entre 1992 e 2012 / AIEfonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/energias1/noticia=733699
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