Depois da época do Império Romano, nosso planeta teria entrado em um processo de resfriamento global, com as temperaturas caindo pouco a pouco devido a diversos fatores naturais, que ainda estão presentes atualmente. Porém, algo aconteceu durante o século XIX que fez essa tendência de resfriamento ser alterada e as temperaturas começarem a subir. Esse “algo” teria sido a Revolução Industrial, afirma um novo estudopublicado nesta semana no periódico Nature Geoscience.
“Todas as forças naturais responsáveis pelo resfriamento do planeta ainda estão atuando, mas desde o século XIX uma nova e mais potente força entrou em ação: as atividades humanas. Não podemos entender os registros de temperatura sem levar em conta esse novo fator”, explicou Paul Filmer, da Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos.
O novo estudo, realizado por 78 pesquisadores de 24 países e coordenado pelo projeto Past Global Changes (PAGES), analisou registros de corais, sedimentos marinhos, cavernas e núcleos de gelo de mais de 500 locais para chegar às suas conclusões.
“Um aspecto importante desse consórcio de pesquisas é que contamos com especialistas regionais que estão familiarizados com as evidências das mudanças climáticas em suas localidades”, disse Darrell Kaufman, da Universidade do Arizona.
Os pesquisadores apontam que o planeta durante boa parte dos últimos dois milênios esteve resfriando, muito por causa da fraca atividade solar, mudanças na órbita da Terra e do grande número de erupções vulcânicas. Todas essas condições ainda são encontradas atualmente.
A queda nas temperaturas médias acabou subitamente por volta da metade do século XIX, sem nenhuma outra explicação, até o momento, que não seja a ação da humanidade através da Revolução Industrial.
O novo aquecimento que teve início apresenta velocidades diferentes entre as regiões. O Hemisfério Norte estaria aquecendo em uma taxa duas vezes mais rápida do que o Sul. A Antártica, em especial, estaria mostrando poucos sinais de aumento das temperaturas. Isso seria por causa dos oceanos que ocupam uma porção muito maior no sul e que demoram mais a reagir às mudanças de temperaturas.
De qualquer maneira, o estudo aponta que o período entre 1971 e 2000 teria sido o mais quente em 1400 anos.
“Períodos distintos, como o aquecimento medieval e a pequena era do gelo, aconteceram. Mas eles não representam um padrão para todo o globo”, afirmou Heinz Wanner, da Universidade de Bern.
Os pesquisadores do PAGES esperam agora que suas informações, que levaram quatro anos para serem reunidas, sirvam para novos trabalhos sobre a tendência climática do planeta.
Esse não foi o primeiro estudo a afirmar que após a Revolução Industrial as temperaturas começaram a subir. Em março, uma pesquisa publicada na revista Science já apontava que o globo estava em uma tendência de resfriamento até as primeiras décadas do século XX, quando, numa taxa nunca antes vista, começou uma curva ascendente das temperaturas.
De acordo com climatologistas, as temperaturas já teriam se elevado pelo menos 0,8 graus Celsius nos últimos 100 anos, sendo que entidades como a NASA, o Met Office e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos reconhecem que a década entre 2000 e 2010 foi a mais quente da história.
Imagens: Pesquisadores analisaram núcleos de gelo e sedimentos para traçar um histórico para as temperaturas / PAGES / T. Bauska / D. Kaufman
fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=733789
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