quinta-feira, 11 de abril de 2013

Novos ângulos para observar as terras secas




Por Maristela Crispim
Há cinco anos nós, da Editoria de Reportagem do Diário do Nordeste, temos nos debruçado, cada vez com mais profundidade, sobre o Semiárido Nordestino.
Este ciclo teve início com a série “Terras de contrastes”, de 2008, uma reflexão sobre enchentes nas nossas terras secas, com o maior número possível de implicações socioambientais e econômicas.

Continuou com o nosso primeiro trabalho sobre o bioma Caatinga, também em 2008, quando conhecemos a Serra das Almas, no Sertão de Crateús (CE). Prosseguimos esse trabalho com uma análise das condições dos perímetros irrigados do Ceará, em 2009.
O resultado das expedições sobre as “Paisagens Cearenses”, foi publicado em série de três caderno, em 2010, depois de desbravarmos três ambientes – litoral, sertão e serra – no período chuvoso e no período de estiagem, para observar como a natureza da região é próspera.
Ainda em 2010 fizemos uma cobertura especial da Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18).
No ano seguinte, 2011, procuramos montar um “Retrato Sertanejo” viajando desde o Piauí até o Vale do Jequitinhonha, no Nordeste de Minas Gerais, fazendo um paralelo entre as paisagens descritas por Euclides da Cunho em “Os Sertões” e aqueles que têm “dado certo” sem abandonar suas tradições, lidando de forma saudável com a água, a terra, a cultura.
Em 2012 procuramos atrelar às questões específicas do Semiárido Brasileiro a nossa cobertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada no Rio de Janeiro.
Ainda no ano passado, fomos ao sertão do Ceará em dois momentos – março e novembro – para ver de perto como o sertanejo está levando a vida numa estiagem como não se vê há 40 anos, considerando não apenas quantidade, mas qualidade da água.
Agora, neste primeiro semestre de 2013, retomamos o assunto, tendo em vista a realização da 2ª Conferência Científica da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação (UNCCD), que será realizada em Bonn, na Alemanha, nos dias 9 a 12 de abril, e não em Fortaleza, como o governo brasileiro chegou a divulgar antes.
O mais importante a destacar na concepção destes dois cadernos especiais, publicados na última sexta-feira (5 de abril) e hoje (7 de abril), é que tudo isso ocorre num momento em que o Semiárido brasileiro amarga dois anos de escassez de chuvas e que não ficamos na cobertura de sempre, o simples constatar do sofrimento.
Lembrando que os prognósticos da comunidade científica não são bons para as terras secas do Planeta – incluindo as nossas – fomos atrás do conhecimento sobre a região.
Ouvimos pesquisadores de diversas instituições do Semiárido, mas, principalmente, não deixamos de lado o conhecimento do sertanejo, daquele que experimenta e que descobre o que é melhor para produzir sem degradar, garantindo a sustentabilidade.
Quero aqui agradecer a todos os envolvidos, direta ou indiretamente, nestes projetos, no passado, no presente e no futuro. Desde as nossas solicitas fontes, sem as quais este trabalho não seria possível, a direção do Diário do Nordeste, que tem acreditado e investido nestes projetos especiais, os motoristas que nos conduzem por diversas aventuras sertão adentro.
Aos fotógrafos, sem os quais não teríamos os registros tão importantes destas incursões. Aos diagramadores, revisores, os muitos repórteres que já estiveram, estão ou estarão envolvidos neste grande projeto pela conservação do Semiárido o meu sincero muito obrigada.
E que venham novas incursões, que busquem mostrar o que tem de bom, o que deve se replicado, ser transformado em política pública para a melhoria na qualidade de vida do sertanejo, mas e também o que se deve evitar para que o deserto que nos ameaça avance sobre nós incentivado por nossas próprias atitudes.

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