Pesquisa publicada no periódico Science indica que carbono sequestrado pelas florestas boreais é em grande parte enviado para as raízes das árvores, e seu armazenamento é auxiliado por fungos que vivem no solo.
Não é novidade que as florestas são um dos principais sumidouros de carbono de nosso planeta, e contribuem muito na tentativa de compensar o aumento das emissões antropogênicas no último século. Mas até agora, os cientistas não sabiam ao certo como as árvores absorviam e armazenavam o carbono que sequestravam da atmosfera. Essa dúvida, entretanto, pode estar um passo mais próxima de ser respondida, segundo um novo estudo publicado nesta semana no periódico Science.
Anteriormente, os pesquisadores achavam que grande parte do carbono sequestrado pelas árvores ia para o solo através das folhas e ramos que caíam, e que mais tarde se transformavam em húmus. No entanto, a nova pesquisa sugere que o carbono vai parar no solo através das raízes das árvores e dos fungos que as habitam.
Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram as florestas boreais de 30 ilhas de lagos na Suécia. As florestas boreais, que cobrem 11% da superfície de nosso planeta, são um dos maiores sumidouros de carbono da Terra, sendo responsáveis pela absorção de 16% do carbono que vai parar nos solos.
Os pesquisadores acreditavam que o carbono encontrado nas raízes seria um carbono mais antigo, que seria transportado para elas e para o solo à medida que mais carbono mais novo fosse sendo absorvido pelas árvores.
Mas ao invés disso, os cientistas descobriram grandes quantidades de carbono novo nas raízes. Os fungos, que absorvem o carbono das raízes em forma de açúcares, posteriormente enviam esse carbono para o solo, o que explica porque os cientistas encontraram carbono novo no solo.
“Esses fungos vivem em simbiose com as raízes das plantas e transportam carbono da fotossíntese da planta diretamente para o solo. O dogma predominante era de que os resquícios da planta (galhos e madeira morta) eram a principal fonte de armazenamento de carbono na floresta boreal”, comentou Karina Clemmensen, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas.
Os pesquisadores observaram também que nas ilhas grandes – com mais de um hectare –, cerca de 47% do carbono no solo foi armazenado através das raízes e dos fungos, enquanto que nas ilhas pequenas – com até 0,1 hectare –, aproximadamente 70% do carbono foi para o solo através das raízes e dos fungos.
Eles ainda não sabem explicar por que as ilhas menores apresentam uma taxa maior de carbono no solo proveniente das raízes e dos fungos, mas os cientistas especulam que isso pode estar relacionado a taxas mais lentas de decomposição nos solos das ilhas pequenas.
Os pesquisadores acreditam que a descoberta dos resultados pode afetar as estimativas de como será o sequestro de carbono em um clima mais quente. Para Johan Bergh, ecologista da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas que não estava envolvido no estudo, um aumento nas temperaturas provavelmente vai estimular as taxas de atividades microbiológicas no solo, o que por sua vez aumentaria a decomposição e a perda de carbono do solo, já que o CO2 seria mais liberado para a atmosfera.
Entretanto, o clima mais quente pode levar a um maior crescimento das árvores e arbustos das florestas boreais, fazendo com que suas raízes sejam maiores e haja mais fungos, desencadeando, dessa forma, mais sequestro de carbono.
“Como criar modelos de carbono do solo ainda é pouco compreendido. É por isso que as novas evidências são importantes para nós”, concluiu Victor Brovkin, do Instituto Max Planck para Meteorologia em Hamburgo.
Imagem: Greenpeace
fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br
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