segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Árvores da Amazônia podem resistir a aquecimento da Terra, diz estudo

Análise genética feita em árvores por pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido aponta que muitas espécies existentes na Amazônia continental conseguiriam sobreviver aos efeitos mudança climática causada pela atividade humana, aponta estudo divulgado no dia 13 de dezembro no periódico científico Ecology and Evolution.


Um sequenciamento genético feito em espécies de árvores encontradas no bioma conseguiu detectar mutações que datam de 8 milhões de anos. Tais evoluções encontradas indicaram que as árvores sobreviveram a períodos anteriores com alta temperatura global, comparados àqueles que podem ser registrados futuramente no planeta devido às emissões de gases-estufa – conforme previsão do IPCC.

No entanto, incêndios florestais provocados e a superexploração de recursos naturais ameaçam o futuro do bioma, que cobre uma extensão de 7,8 milhões de km² e abrange nove países da América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).

De acordo com pesquisadores, durante o período Mioceno (entre 11,5 milhões a 5,3 milhões de anos atrás) as temperaturas que atingiram a região amazônica se aproximavam à projeção do IPCC para 2100, utilizando o pior cenário de fortes emissões de carbono.

Relatório do grupo divulgado em 2007 aponta para uma alta de 6,4ºC se a população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o consumo intenso dos combustíveis fósseis (pior cenário). Isso poderia causar secas extremas no bioma e um fenômeno chamado de savanização, quando a floresta mudaria de perfil, com uma existência maior de plantas que conseguem sobreviver a altas temperaturas (seleção natural), assim como aquelas que já existem no cerrado brasileiro.

Os cientistas analisaram 12 espécies de árvores existentes em regiões do Panamá e Equador. Além disso, foram usadas amostras encontradas no Brasil, Peru, Guiana Francesa e Bolívia.

Christopher Dick, autor do estudo e professor da Universidade Michigan, nos EUA, afirma que a pesquisa fornece evidências de que as árvores da Amazônia que já enfrentaram temperaturas altas podem até tolerar, a curto prazo, mudanças ambientais futuras. No entanto, Simon Lewis, University College London e da Universidade Leeds, ambas britânicas, que também participou do estudo, adverte que a sobrevivência dessas espécies às alterações climáticas dependerá de uma maior proteção da floresta, que enfrenta forte influência humana – o que não acontecia há milhões de anos. Por conta disto, pede uma maior política de conservação para combater o desmatamento voltado à agricultura ou mineração.

“Nós também precisamos de ações mais agressivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o intuito de minimizar o risco da seca e impactos das queimadas, além de garantir o futuro da maioria das espécies amazônicas”, explica o pesquisador em comunicado.

Entre 2000 e 2010, a Amazônia continental perdeu o total de 240 mil km² devido ao desmatamento, o equivalente a uma Grã-Bretanha, de acordo com dados reunidos pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciadas (RAISG), divulgados no dia 04 de dezembro por 11 organizações não governamentais. É como se, em 11 anos, “sumisse do mapa” área equivalente a quase seis vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Os números integram o documento “Amazônia sob pressão”, que reúne informações sobre a degradação registrada ao longo da última década na região englobada pelo bioma. No período, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).

Apesar do número alto, nos últimos anos o Ministério de Meio Ambiente tem divulgado redução na degradação da Amazônia Legal (que abrange nove estados do país). No fim de novembro, o governo divulgou que o desmatamento teve o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988. De acordo com dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).


fonte: http://novo.maternatura.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário