Em PE, empresas pequenas dão bons exemplos de sustentabilidade

Economia é uma palavra fundamental para grandes indústrias, mas importante também para pequenas empresas. No Recife, uma padaria conseguiu uma economia de 25% no processo produtivo ao fazer mudanças simples – e ainda acabou com as reclamações dos vizinhos por causa da poluição. Em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, uma empresa de reciclagem reaproveita 1.500 toneladas de papel, papelão e plástico por mês. É o que mostra a reportagem desta terça-feira (04) da série sobre sustentabilidade que o NETV 1ª Edição está exibindo.

Preocupadas com o desperdício, o custo elevado da produção e a poluição que causavam, 40 padarias adotaram o projeto Ecopão, que já tem muitos resultados para comemorar. As inovações são fáceis de adotar: telhas transparentes para iluminar e economizar energia. A lenha é substituída por briquetes, que são tijolinhos de bagaço de cana prensado – eles esquentam mais rápido e demoram mais pra queimar. A caixa de fumaça filtra a fuligem reduz a poluição e acabou com a reclamação dos vizinhos. Além disso, o óleo de cozinha que era jogado fora, entupindo a tubulação e poluindo os rios, passa a ser coletado para virar sabão. Outros resíduos também ganharam valor: os baldes plásticos de manteiga e margarina e os sacos de farinha de trigo passaram a ser vendidos.

Uma das padarias que faz parte do projeto Ecopão, no Recife, fabrica cerca de 200 produtos e recebe uma clientela diária de 500 pessoas, que são motivadas a levar as compras em sacolas retornáveis. Para evitar o desperdício na casa do cliente, alguns produtos foram fracionados em embalagens menores. “Cuidar do meio ambiente é lucrativo porque dá uma satisfação pessoal. Sustentabilidade não é uma palavra da moda, mas um exercício de cidadania que você tem, cuidando para não poluir através do seu projeto, da sua produção, o meio ambiente e a sociedade”, conta o dono de padaria Augusto Garcia.

A soma de pequenas práticas sustentáveis pode levar a um resultado surpreendente. Esta receita, que mistura lucro e cuidado com o meio ambiente, se multiplica nas padarias sem nenhuma contraindicação. Quem não provou quer experimentar, de olho no sucesso dos pioneiros. “Quando você trabalha com luz natural, com briquete, com redução do controle de insumos, a coleta seletiva de óleo e sacolas retornáveis, você tem uma média de redução de 25% de todo o processo produtivo”, calcula Augusto Garcia.

Papel
Em outra empresa pernambucana, a grande receita é reaproveitar tudo. A reciclagem dá um novo papel a montanhas e montanhas de materiais que iriam poluir o meio ambiente ou diminuir a vida útil dos aterros sanitários. A cada mês, deixam de ir parar no lixo 150 caminhões lotados com os mais diferentes tipos de papéis – são 1.500 toneladas de resíduos que vão virar matéria-prima e poupar os recursos naturais.

Depois da triagem, os papéis são triturados, enfardados em uma prensa e seguem para a indústria de papel. A atividade gera 26 empregos diretos. “É uma grande riqueza que estava sendo jogada fora”, comenda o empresário Francisco da Costa. Para ser sustentável, a empresa precisa se preocupar com o meio ambiente e também com a sua função social.

Consciência
Para reciclar estas montanhas de materiais recicláveis, é preciso contar com um exército de catadores, carroceiros, cooperativas, que encontram na reciclagem trabalho e renda ao mesmo tempo em que ajudam a cuidar do planeta. Não dá pra calcular o número de catadores que fazem o trabalho de formiguinha fornecendo material para a reciclagem.

Uma única cooperativa recolhe cinco toneladas de papel, plástico e papelão por semana – uma fonte de sobrevivência para 12 famílias. O catador Paulo José de Lima diz que tira entre R$ 100 e R$ 150 por semana. “Se a gente não fizer, como vai ficar para os nossos filhos? Vai ter um planeta ruim, não é? Se o lixo for todinho pra esse planeta ele não vai aguentar. Nós também estamos ajudando o meio ambiente”, afirma a catadora Lucicleide Santana.

fonte: g1.globo.com/pernambuco/noticia